O mercado financeiro brasileiro revisou as estimativas de inflação para 2025 e projeta cortes na taxa básica de juros em 2026. Segundo a última rodada de previsões, a inflação oficial (IPCA) para o próximo ano recuou para cerca de 4,6%, abaixo da projeção anterior, enquanto a taxa Selic começa a ganhar espaço para queda a partir do segundo semestre de 2026.
O movimento de revisão está ligado à valorização do real frente ao dólar, à queda dos preços no atacado e à redução das incertezas fiscais. Analistas avaliam que, com a trajetória de inflação mais controlada, o Banco Central poderá iniciar um ciclo de ajuste da política monetária, com diminuição gradual dos juros.
Expectativa de inflação revisada e cenário de juros
Em relatórios recentes, instituições financeiras apontaram inflação menor para 2025 e mantiveram projeções para 2026 próximos de 3,5% a 4,0%, dentro da meta do governo. Ao mesmo tempo, esperam que a Selic, atualmente em níveis elevados, tenha margem para queda em 2026, caso a inflação continue a convergir para o centro da meta.
Para economistas, esse cenário abre espaço para estímulos à economia a partir do próximo ano, favorecendo investimentos e crédito mais barato. No entanto, eles alertam que o tempo e ritmo da queda ainda dependem de fatores como câmbio, cenário externo e transparência no ajuste fiscal.
Implicações para consumo, crédito e crescimento
A expectativa de juros menores e inflação sob controle favorece o poder de compra das famílias e reduz o custo das dívidas. Bancos e agentes de crédito sinalizam que operações de financiamento podem se tornar mais acessíveis com a queda gradual da Selic. Por outro lado, crescimento econômico deve continuar moderado — estimativas apontam expansão próxima de 2% a 2,5% em 2025, acompanhando o ciclo de normalização.
Setores como varejo, construção civil e bens duráveis devem se beneficiar primeiro desse ambiente, enquanto indústrias mais intensivas em capital aguardam sinal mais claro de redução das taxas de juro.
Desafios e riscos ainda presentes
Embora o cenário seja mais favorável, ainda existem riscos que podem comprometer o ciclo de queda de juros. Destacam-se: pressão cambial em caso de deterioração externa, reversão nas expectativas de inflação e déficit fiscal que foge do controle. Caso alguma dessas variáveis se deteriore, o Banco Central pode postergar cortes ou mesmo manter a Selic por mais tempo.
Além disso, a percepção de que o ajuste fiscal está sendo adiado gera perdas de credibilidade que pressionam o câmbio e forçam juros mais altos. Analistas reforçam que a política monetária só terá liberdade para reduzir juros se houver compromisso fiscal e estabilidade econômica.
Caminho para 2026
O consenso entre economistas aponta que os cortes na taxa Selic não serão imediatos — o primeiro movimento pode ocorrer apenas no segundo trimestre de 2026, e mesmo assim de forma gradual. A estimativa para o fim de 2026 situa a Selic entre 10% e 11%, dependendo do comportamento dos preços e da economia global.
Para o investidor e cidadã-o comum, esse cenário significa ambiente de juros menos rígido, custos de crédito menores e melhores condições para planejamento financeiro. Na esfera macro, uma inflação mais baixa permite que a economia brasileira se mova com menor risco e maior previsibilidade.