Brasil deixa Top 10 e cai para 11ª maior economia mundial em 2025

Levantamento da Austin Rating aponta ultrapassagem russa impulsionada pelo rublo e crescimento pífio de 0,1% no terceiro trimestre tira país da elite global.

Bandeira do Brasil hasteada em frente a um prédio financeiro com um painel digital mostrando um gráfico de queda e o texto "11ª ECONOMIA MUNDIAL".
Bandeira do Brasil em frente a um painel financeiro que destaca a queda do país para a 11ª maior economia do mundo em 2025.

O Brasil sofreu um revés significativo em seu prestígio internacional nesta quinta-feira (4), ao ser oficialmente excluído do seleto grupo das dez maiores economias do mundo. Dados compilados pela agência de classificação de risco Austin Rating, com base nas projeções atualizadas do Fundo Monetário Internacional (FMI), confirmam que o país caiu da 10ª para a 11ª posição no ranking global de 2025. A notícia chega no mesmo dia em que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou um crescimento tímido de apenas 0,1% no Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre, um resultado que frustrou as expectativas do mercado e evidenciou a perda de fôlego da atividade econômica nacional frente a seus pares emergentes.

Declínio na lista mundial

O principal responsável por desalojar o Brasil do Top 10 foi a Rússia, que surpreendeu analistas ao saltar da 11ª para a 9ª colocação. Segundo o levantamento, a economia russa foi impulsionada por uma valorização cambial agressiva de sua moeda, o rublo, que apreciou mais de 39% em relação ao dólar ao longo deste ano, além de um esforço de guerra que manteve a atividade industrial aquecida. Enquanto isso, o Brasil viu sua moeda desvalorizar e sua economia estagnar, criando o cenário perfeito para a ultrapassagem. O Canadá também se consolidou à frente, empurrando o Brasil para fora da elite e deixando-o “na porta” de entrada, mas sem força suficiente para entrar.

A análise dos números absolutos mostra que a diferença, embora pequena, é consistente. O PIB nominal do Brasil projetado para 2025 ficou em US$ 2,26 trilhões, enquanto a Rússia atingiu a marca de US$ 2,54 trilhões e o Canadá, US$ 2,28 trilhões. A Itália segura a 8ª posição com US$ 2,37 trilhões. Esse “declínio na lista mundial” não é apenas estatístico; ele reflete a dificuldade estrutural do Brasil em manter taxas de crescimento robustas em um cenário global de juros altos e incertezas comerciais. Para 2026, as projeções da Austin Rating são pessimistas, indicando que o país deve permanecer estagnado no 11º lugar, sem perspectivas imediatas de retomar o posto perdido.

Queda na classificação global

O desempenho do PIB brasileiro no terceiro trimestre foi o fiel da balança para essa queda. O avanço de 0,1% colocou o Brasil na 34ª posição em um ranking de crescimento que avaliou 51 países, muito atrás de outras nações em desenvolvimento. A China, por exemplo, cresceu 1,1% no mesmo período, e até a vizinha Arábia Saudita apresentou números mais vigorosos. Essa “queda na classificação global” de dinamismo econômico expõe as fragilidades internas, como o baixo investimento e o consumo das famílias que começa a dar sinais de esgotamento. Sem um motor de crescimento forte, o Brasil perde competividade relativa, sendo ultrapassado por nações que, mesmo sob sanções severas como a Rússia, conseguem expandir sua produção de riqueza em dólar.

Além disso, o fator cambial jogou contra. O ranking das maiores economias é feito em dólares correntes, o que torna a taxa de câmbio uma variável crucial. A desvalorização do Real em 2025 “encolheu” o tamanho da economia brasileira quando convertida para a moeda americana. Em contrapartida, países que conseguiram fortalecer suas divisas ou manter a inflação sob controle ganharam posições na tabela. O relatório destaca que, para o Brasil voltar ao Top 10, seria necessária uma combinação improvável de forte aceleração do PIB e apreciação cambial, cenário que não está no radar dos economistas para o curto prazo.

Recuo na tabela financeira

O atual Top 3 permanece inalterado e distante, com Estados Unidos (US$ 30,6 trilhões), China (US$ 19,4 trilhões) e Alemanha (US$ 5 trilhões) dominando o pódio. No entanto, a dança das cadeiras no meio da tabela mostra um mundo em transformação. O Japão recuperou a 4ª posição, superando a Índia, enquanto o Reino Unido e a França se mantêm estáveis. O “recuo na tabela financeira” do Brasil serve como um alerta para a equipe econômica do governo, que apostava na manutenção do país entre os dez maiores como uma vitrine para atrair investimentos estrangeiros. Estar fora desse clube reduz a visibilidade positiva e pode influenciar a percepção de risco dos investidores internacionais.

Economistas apontam que a dependência do setor agropecuário, que recuou no último trimestre, e a estagnação da indústria de transformação são gargalos que impedem um salto maior. Enquanto a Rússia investe pesadamente em sua indústria de defesa e energia, e a Índia em tecnologia e serviços, o Brasil ainda luta para diversificar sua matriz produtiva. Esse atraso estrutural cobra seu preço nos rankings internacionais, onde a complexidade econômica é cada vez mais premiada. O simples volume populacional ou de commodities já não garante lugar cativo entre os líderes globais.

Descenso no cenário econômico

Por fim, o impacto político dessa notícia é inevitável. O governo federal, que celebrou o retorno ao Top 9 no ano passado, agora enfrenta o desgaste de explicar o “descenso no cenário econômico”. A oposição já utiliza os dados para criticar a gestão fiscal e a falta de reformas estruturantes. O Ministro da Fazenda tentou minimizar o resultado do PIB, chamando-o de “acomodação”, mas o ranking do FMI é um termômetro frio e direto que ignora narrativas políticas. A realidade é que o Brasil cresceu menos que a média global e perdeu espaço relativo.

Portanto, o desafio para 2026 será duplo: reativar a economia interna sem gerar inflação e torcer por um cenário externo que favoreça o câmbio. Sem isso, o sonho de ser uma das dez maiores potências econômicas continuará sendo apenas uma lembrança de 2024. A lição que fica é que no campeonato das nações, ficar parado significa, na prática, andar para trás.

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