Galeria Magalu: nova loja-conceito deve liderar faturamento da rede

Unidade no Conjunto Nacional reúne todas as marcas do grupo e projeta retorno milionário com publicidade, reinaugurando espaço histórico da Livraria Cultura.

Vista interna superior da loja Galeria Magalu no Conjunto Nacional, mostrando o letreiro luminoso, araras de roupas e o icônico esqueleto de dinossauro suspenso no teto.
A loja-conceito Galeria Magalu, na Avenida Paulista, preservou a arquitetura histórica da antiga Livraria Cultura, incluindo a famosa escultura do dinossauro. (Foto: Divulgação/Magazine Luiza)

O Magazine Luiza inaugurou oficialmente a Galeria Magalu, sua nova loja-conceito localizada no icônico Conjunto Nacional, na Avenida Paulista. O espaço, que ocupa a área histórica da antiga Livraria Cultura, representa a aposta mais agressiva da varejista na convergência entre o físico e o digital. A expectativa da companhia é que esta unidade se torne a líder absoluta de faturamento entre todas as suas lojas físicas, impulsionada não apenas pela venda de produtos, mas por um modelo de negócio inédito focado em experiência e mídia.

Com mais de 4 mil metros quadrados, a megaloja marca um momento de virada para o grupo, reunindo pela primeira vez todas as suas cinco principais marcas em um único endereço: Magazine Luiza, Netshoes, Época Cosméticos, KaBuM! e Estante Virtual. A estratégia visa transformar o ponto de venda em um destino de entretenimento, oferecendo desde café gourmet da WeCoffee até um teatro em parceria com o YouTube. Frederico Trajano, CEO da companhia, define o projeto como uma ressignificação da loja de departamentos para a era moderna.

Marco do varejo físico

A escolha do local não foi acidental; a Avenida Paulista é o coração financeiro e cultural de São Paulo, garantindo um fluxo orgânico de milhares de pessoas diariamente. A Galeria Magalu preservou elementos arquitetônicos amados pelo público, como as famosas escadarias de madeira e a escultura do dinossauro, integrando a memória afetiva da cidade com a inovação tecnológica. Essa fusão busca atrair um público diversificado, que vai além do consumidor tradicional de eletrodomésticos, alcançando jovens gamers e amantes de literatura.

Nesse sentido, a loja funciona como um laboratório vivo para testar novas formas de interação com o cliente. Diferente das unidades convencionais, onde o foco é o estoque exposto, aqui a prioridade é a experimentação. O consumidor pode testar produtos de beleza, jogar em arenas de e-sports da KaBuM! ou customizar tênis na área da Netshoes. A venda é uma consequência da imersão, não apenas uma transação fria.

Além disso, a operação foi desenhada para ser financeiramente sustentável através do Retail Media. Telas de LED espalhadas por toda a loja e espaços “instagramáveis” permitem que marcas parceiras, como Samsung e Electrolux, anunciem diretamente para o público qualificado. A projeção é que a receita gerada apenas com publicidade pague todo o investimento feito na loja em um prazo de um ano e meio, um modelo de eficiência raro no setor.

Ecossistema integrado de marcas

A grande novidade estrutural é a convivência harmônica de verticais que antes operavam separadamente. O espaço da Estante Virtual, por exemplo, traz o mundo dos livros usados e raros para o ambiente físico, com totens de recomendação baseados em inteligência artificial. Já a Época Cosméticos oferece consultoria especializada, criando uma jornada de beleza completa que compete com boutiques de luxo. Essa integração reforça a tese de “superapp” do Magalu, agora materializada em tijolo e cimento.

Por conseguinte, a “Casa da Lu” é outro destaque que personifica a influenciadora digital da marca. O ambiente simula uma casa conectada, onde todos os dispositivos inteligentes podem ser testados em funcionamento real. A ideia é educar o consumidor sobre as vantagens da automação residencial de forma lúdica e acessível. A curadoria de produtos é dinâmica, mudando conforme as tendências e lançamentos da indústria.

A logística também foi repensada para atender a demanda de “hiperconveniência”. A loja serve como um mini centro de distribuição para a região da Paulista, permitindo a entrega ultrarrápida de pedidos feitos online. O sistema “Retira Loja” ganha uma nova dimensão, onde o cliente que vai buscar um produto acaba sendo impactado por eventos culturais, exposições da Pinacoteca ou peças no Teatro YouTube.

Vitrine de inovação digital

O aspecto cultural é o grande diferencial competitivo da Galeria Magalu frente aos concorrentes internacionais. A parceria com o Google para renomear o Teatro Eva Herz como “Teatro YouTube” garante uma agenda constante de eventos, palestras e gravações ao vivo, gerando conteúdo que retroalimenta as redes sociais. Isso transforma a loja em um palco, onde cada visitante é um potencial criador de conteúdo, ampliando o alcance da marca organicamente.

Contudo, o desafio será manter a excelência no atendimento em um ambiente tão complexo. Para isso, os funcionários usarão uniformes exclusivos criados pelo estilista Rafael Caetano e foram treinados para atuar mais como consultores de estilo de vida do que como vendedores. A tecnologia apoia o time com checkout móvel em toda a loja, eliminando as temidas filas de caixa e garantindo fluidez na visita.

Finalmente, a Galeria Magalu não é apenas uma loja, mas um manifesto sobre o futuro do varejo físico no Brasil. Ela prova que, mesmo com o avanço do e-commerce, há espaço para locais que ofereçam curadoria, cultura e conexão humana. O sucesso desta empreitada pode ditar os rumos de como grandes varejistas ocuparão os espaços urbanos na próxima década.

0 0 votos
Classificação do artigo
Inscrever-se
Notificar de
0 Comentários
mais antigos
mais recentes Mais votado
Feedbacks embutidos
Ver todos os comentários