A Oi (OIBR3) inicia o mês de dezembro com uma notícia vital para a continuidade de suas operações em meio a um dos processos de reestruturação mais dramáticos da história corporativa brasileira. Nesta segunda, feira, a companhia confirmou ao mercado a liberação de R$ 517,4 milhões, autorizada judicialmente. O montante, que estava travado em uma conta escrow junto ao Bradesco, traz um fôlego indispensável para o fluxo de caixa da tele, que luta para não ter sua falência decretada definitivamente.
Injeção de Liquidez na Tele
O desbloqueio desses recursos ocorre após uma decisão favorável da Primeira Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. O valor é remanescente de depósitos judiciais ligados a disputas antigas com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), referentes ao Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust). Para a diretoria da Oi, conseguir acessar esse dinheiro agora é comparável a receber um tanque de oxigênio extra enquanto se está submerso, permitindo que a empresa ganhe tempo para negociar ativos maiores.
A liberação não foi um processo simples e reflete a tensão jurídica que envolve a companhia. Recentemente, a Oi chegou a ter sua falência decretada em primeira instância, decisão que foi suspensa dias depois, devolvendo a empresa ao status de recuperação judicial. A autorização para o saque desses R$ 517 milhões reforça o entendimento de parte do judiciário de que a companhia ainda possui viabilidade econômica se tiver acesso aos seus ativos líquidos para manter a operação rodando e pagar fornecedores críticos.
Destino dos Recursos da Operadora
Com o dinheiro em mão, a prioridade absoluta da gestão é a manutenção do capital de giro. A Oi enfrenta uma queima de caixa acelerada e possui compromissos inadiáveis com credores trabalhistas e pequenos fornecedores, cuja inadimplência poderia paralisar serviços essenciais de manutenção de rede. Analistas de mercado apontam que, embora o valor seja relevante, ele não resolve o problema estrutural da dívida bilionária, servindo apenas como uma ponte financeira até que a venda da carteira de clientes de fibra (ClientCo) seja concluída.
A crítica necessária neste momento recai sobre a perenidade dessas “vitórias pontuais”. O mercado celebra a entrada de meio bilhão de reais, mas esquece que a dívida bruta da Oi ainda supera as dezenas de bilhões. Viver de liberação de depósitos judiciais é uma estratégia de sobrevivência, não de crescimento. Para o acionista minoritário, a euforia de curto prazo com a alta da ação (OIBR3) pode ser uma armadilha se não houver mudanças estruturais na capacidade da empresa de gerar receita recorrente sem depender de vendas de ativos ou decisões de juízes.
Reação dos Investidores na Bolsa
Na B3, a notícia foi recebida com volatilidade típica dos papéis da operadora. As ações OIBR3, que operam na casa dos centavos, tendem a reagir com variações percentuais bruscas a qualquer novidade sobre fluxo de caixa. O investidor especulativo vê na notícia uma oportunidade de trade rápido, apostando na recuperação momentânea da confiança. Contudo, casas de análise mantêm a cautela, lembrando que o risco de uma nova decretação de falência ou de uma diluição massiva dos acionistas atuais ainda permanece no horizonte de 2026.
Por fim, a saga da Oi OIBR3 recuperação judicial ganha mais um capítulo de resiliência. A empresa prova, mais uma vez, ser “dura na queda”, conseguindo recursos onde parecia não haver mais margem. Para o mercado, resta acompanhar se esses R$ 517 milhões serão usados com a eficiência necessária para preparar a empresa para um futuro mais enxuto e digital, ou se apenas adiarão o inevitável desfecho de uma gigante que não soube se adaptar a tempo.
