Vale (VALE3): BTG aponta melhor momento em 20 anos e ações disparam

Relatório do banco destaca geração de caixa recorde, dividendos robustos e cenário favorável para o minério, impulsionando alta na B3 acima de R$ 70.

Fachada de vidro de edifício corporativo com o logotipo da mineradora Vale em destaque; ações VALE3 atingem máxima.
Impulsionada por relatório do BTG Pactual, a Vale (VALE3) vê seus papéis superarem os R$ 70 com perspectiva de dividendos robustos.

As ações da Vale (VALE3) romperam barreiras importantes nesta semana, negociando acima dos R$ 70 pela primeira vez desde março de 2023, impulsionadas por uma análise extremamente otimista do banco BTG Pactual. Em relatório divulgado após o “Vale Day”, realizado em 2 de dezembro de 2025, os analistas da instituição financeira afirmaram categoricamente que a mineradora atravessa o seu “melhor momento em duas décadas”. A avaliação positiva surpreendeu o mercado ao destacar uma combinação rara de disciplina de capital, redução de custos operacionais e um cenário macroeconômico que volta a jogar a favor das commodities metálicas.

Auge financeiro histórico

O cerne da análise do BTG reside na capacidade renovada da Vale de gerar caixa livre, mesmo em um ambiente de preços de minério de ferro voláteis. O banco classificou a nova estratégia da empresa como uma “virada de página” em relação aos riscos que assombraram a companhia nos últimos anos, especialmente os relacionados a barragens e indenizações. Segundo o relatório, a redução do guidance (meta) de investimentos (Capex) para 2026, que agora se situa entre US$ 5,4 bilhões e US$ 5,7 bilhões, libera recursos substanciais para a remuneração aos acionistas. Essa eficiência financeira coloca a empresa em um patamar de solidez que não era visto, segundo o banco, há vinte anos.

Essa disciplina fiscal foi recebida com euforia pelos investidores na B3. O mercado entendeu que, ao reduzir a previsão de gastos e focar em margens de lucro mais altas em vez de volume puro, a Vale prioriza o retorno real sobre o capital investido. O BTG Pactual projeta que, com esse arranjo, a mineradora poderá oferecer um dividend yield (rendimento de dividendos) entre 10% e 12% já em 2026. Para o acionista pessoa física, isso significa a perspectiva de proventos gordos caindo na conta, consolidando a VALE3 como uma “vaca leiteira” indispensável em carteiras de renda passiva.

Cenário operacional favorável

Além das finanças, o aspecto produtivo também pesa na balança. A Vale ajustou suas metas de produção de minério de ferro para um intervalo de 335 a 345 milhões de toneladas em 2026, um número considerado “pé no chão” e exequível pelos analistas. Essa postura realista elimina a incerteza que pairava sobre a capacidade de entrega da companhia. O “cenário operacional favorável” é reforçado pela melhoria na qualidade do minério extraído e pelo prêmio pago pelos produtos de alta pureza da empresa, essenciais para a descarbonização da siderurgia global, um diferencial que a concorrência australiana tem dificuldade em replicar na mesma escala.

Outro vetor de otimismo é a demanda chinesa. Contrariando as previsões mais catastróficas, a China anunciou novos pacotes de estímulo econômico neste final de 2025 que sustentam o preço do minério de ferro acima dos US$ 100 por tonelada. O BTG observa que, mesmo com a desaceleração do setor imobiliário asiático, a demanda por aço para infraestrutura e transição energética mantém o piso de preços elevado. Isso garante à Vale uma margem de segurança confortável para operar com lucro robusto, blindando seu balanço contra choques externos de curto prazo.

Desempenho bolsista superior

A reação no pregão foi imediata e vigorosa. As ações VALE3 registraram alta superior a 3% no dia seguinte ao evento com investidores, descolando-se positivamente do restante do Ibovespa. Esse “desempenho bolsista superior” reflete a entrada de capital estrangeiro, que volta a ver a mineradora brasileira como um ativo descontado e atraente. Comparada aos seus pares globais, como Rio Tinto e BHP, a Vale negocia a múltiplos de preço sobre lucro (P/L) historicamente baixos, o que, na visão do BTG e de outras casas como o JPMorgan, abre espaço para uma valorização contínua das cotas nos próximos meses.

Contudo, riscos pontuais ainda existem e são monitorados. A questão das ferrovias e as reparações finais de Mariana ainda exigem desembolsos, mas o mercado parece ter precificado que o pior já passou. O foco agora se volta para a execução do plano estratégico apresentado pelo CEO. Se a empresa mantiver a “mão firme” no controle de custos e a China não sofrer uma ruptura econômica brusca, o caminho para a ação buscar os R$ 80 ou mais parece pavimentado, segundo as projeções mais otimistas colhidas após o Vale Day.

Perspectiva de lucro recorde

Por fim, o relatório do BTG Pactual sela uma mudança de humor no mercado. A expressão “melhor momento em 20 anos” não é trivial vinda de um dos maiores bancos de investimento da América Latina. Ela sinaliza para os grandes fundos que a hora de aumentar a exposição em Vale é agora. A combinação de valuation barato, dividendos altos e risco controlado cria uma assimetria positiva difícil de ignorar. Para o investidor que suportou a volatilidade de 2024, a recompensa parece estar chegando em forma de valorização patrimonial e proventos na conta.

Portanto, a recomendação predominante no mercado voltou a ser de “compra”. Com a casa em ordem e o caixa cheio, a Vale entra em 2026 pronta para surfar o ciclo de commodities com uma robustez que lembra seus tempos áureos. Resta saber se o cenário macroeconômico global continuará colaborando para que essa tese se confirme integralmente ao longo do próximo ano.

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