Os principais índices de Wall Street encerraram a sexta-feira em forte alta após declarações do presidente do Federal Reserve de Nova York sinalizarem abertura para novo corte nas taxas de juros. O S&P 500 avançou aproximadamente 1%, enquanto o Dow Jones subiu mais de 490 pontos numa recuperação expressiva que reverteu parte das perdas acumuladas durante uma semana extremamente volátil para os mercados americanos.
O índice Dow Jones Industrial Average ganhou 493,15 pontos, equivalente a 1,08%, fechando aos 46.245,41 pontos no final do pregão nova-iorquino. Simultaneamente, o S&P 500 encerrou com valorização de 0,98%, aos 6.602,99 pontos. Além disso, o Nasdaq Composite avançou 0,88%, terminando o dia aos 22.273,08 pontos após sessão marcada por intensa volatilidade nas ações de tecnologia.
Bolsa americana reage a sinalização do Fed
John Williams, presidente do Federal Reserve de Nova York e uma das vozes mais influentes dentro do banco central americano, provocou a reviravolta nos mercados. Durante discurso em Santiago, no Chile, ele afirmou enxergar espaço para corte de juros no curto prazo. Consequentemente, essa declaração foi interpretada pelos investidores como sinal de que a política monetária restritiva pode ser flexibilizada em breve.
A ferramenta FedWatch do CME Group registrou mudança dramática nas expectativas do mercado após os comentários de Williams. As probabilidades de corte de 25 pontos-base na reunião de dezembro saltaram de aproximadamente 39% na quinta-feira para cerca de 75% na sexta-feira. Portanto, os investidores passaram rapidamente de ceticismo para otimismo quanto às chances de mais uma redução nas taxas ainda este ano.
A taxa básica de juros americana encontra-se atualmente na faixa entre 3,75% e 4% após cortes consecutivos implementados em setembro e outubro. Entretanto, incertezas sobre a trajetória futura da política monetária vinham pesando sobre os mercados nas últimas semanas. Dessa forma, as palavras de Williams funcionaram como catalisador para uma reavaliação completa das perspectivas de curto prazo pelos operadores.
Mercado acionário reverte perdas da sessão anterior
O rendimento dos títulos do Tesouro americano de 10 anos recuou para cerca de 4,03% após as declarações do dirigente do Fed. Essa queda nos yields torna os ativos de renda fixa menos atrativos em comparação com ações. Consequentemente, o movimento favoreceu a rotação de recursos para o mercado acionário, impulsionando a recuperação generalizada nos principais índices.
Aproximadamente 450 ações do S&P 500 encerraram o pregão em território positivo, demonstrando amplitude considerável no movimento de alta. Além disso, setores sensíveis às taxas de juros, como construção residencial, lideraram os ganhos do dia. Empresas como D.R. Horton, Lennar e PulteGroup se beneficiaram das expectativas de que juros menores possam estimular o mercado imobiliário americano.
A recuperação de sexta-feira contrastou fortemente com a sessão anterior, quando os mercados experimentaram reversão brutal durante o pregão. Na quinta-feira, o S&P 500 chegou a subir quase 2% pela manhã antes de encerrar com queda de 1,56%. Portanto, a oscilação total entre máxima e mínima ultrapassou 3,5%, configurando uma das maiores variações intradiárias desde abril deste ano.
Índices americanos encerram semana no vermelho
Apesar da forte recuperação na sexta-feira, os três principais índices de Wall Street acumularam perdas semanais significativas. O S&P 500 recuou quase 2% na semana, enquanto o Nasdaq Composite cedeu aproximadamente 3%. Dessa maneira, o rali de fim de semana apenas atenuou os danos causados pela volatilidade que predominou nos dias anteriores sem conseguir reverter completamente o cenário negativo.
As preocupações com uma possível bolha nas ações de inteligência artificial continuam pesando sobre o sentimento dos investidores em Wall Street. Mesmo resultados trimestrais excepcionais da Nvidia não conseguiram sustentar o otimismo por muito tempo. Consequentemente, as ações da fabricante de chips caíram cerca de 1% na sexta-feira após terem recuado 3% na sessão anterior, apesar de lucros e projeções acima das expectativas.
A Oracle figurou entre as maiores quedas do S&P 500 na sexta-feira, recuando aproximadamente 6% após já ter perdido terreno significativo nos dias anteriores. A empresa tem investido pesadamente em infraestrutura para inteligência artificial, contraindo dívidas expressivas para construir data centers. Entretanto, investidores questionam cada vez mais se esses investimentos gerarão retornos adequados no futuro próximo.
Pregão em Nova York mostra resiliência
O fundador da Bridgewater, Ray Dalio, comentou durante a semana que investidores não precisam abandonar suas posições apenas por identificarem características de bolha no mercado. Todavia, ele alertou que quando os mercados atingem tais patamares, os retornos esperados para a próxima década tendem a ser significativamente menores. Assim sendo, a cautela permanece recomendada mesmo em meio ao otimismo renovado com os juros.
As ações do Google, controlado pela Alphabet, destacaram-se positivamente entre as gigantes de tecnologia durante a semana. Os papéis subiram 2% na sexta-feira e acumularam ganhos de aproximadamente 7% nos últimos cinco pregões. Além disso, o lançamento do novo modelo de inteligência artificial Gemini 3 gerou entusiasmo entre analistas que consideraram a ferramenta como estado da arte em sua categoria.
A temporada de resultados corporativos do terceiro trimestre caminha para encerramento com números impressionantes para as empresas americanas. Segundo dados compilados pela Bloomberg Intelligence, 82% das companhias do S&P 500 superaram as projeções dos analistas até o momento. Portanto, os lucros cresceram 14,6% na comparação anual, mais que dobrando as expectativas iniciais de alta de 7,2%.
Recuperação da bolsa enfrenta desafios
A ausência de dados econômicos oficiais complica a tarefa do Federal Reserve em avaliar as condições da economia antes da reunião de dezembro. O Bureau of Labor Statistics cancelou a divulgação do índice de preços ao consumidor de outubro, adiando informações cruciais sobre inflação. Consequentemente, o relatório de novembro será publicado somente em 18 de dezembro, após a decisão do comitê de política monetária.
Os dados de emprego também foram afetados por atrasos nas divulgações governamentais que impactaram o calendário econômico americano. O relatório de folhas de pagamento de setembro mostrou criação de 119 mil vagas, superando a expectativa de 50 mil novos postos. Contudo, as informações de outubro serão incorporadas ao relatório de novembro, previsto para 16 de dezembro, limitando a visibilidade do Fed sobre o mercado de trabalho.
A confiança do consumidor americano deteriorou-se em novembro segundo pesquisa da Universidade de Michigan divulgada na sexta-feira. O indicador recuou para 51 pontos, refletindo preocupações persistentes com preços elevados e potencial perda de empregos. Dessa forma, o cenário misto da economia adiciona complexidade às decisões de política monetária que o banco central precisará tomar nas próximas semanas.
Ações em alta testam paciência dos investidores
O bitcoin enfrentou semana particularmente difícil, caminhando para sua pior performance mensal desde o colapso cripto de 2022. A criptomoeda chegou a ser negociada próxima aos 80 mil dólares na sexta-feira, acumulando queda superior a 35% desde a máxima histórica registrada no mês passado. Similarmente, ações de empresas ligadas ao setor de criptoativos recuaram durante o pregão refletindo o pessimismo generalizado.
As varejistas apresentaram resultados mistos durante a semana em meio à aproximação da temporada de compras de fim de ano. A Ross Stores liderou os ganhos do S&P 500 na sexta-feira com alta superior a 8% após elevar suas projeções anuais. Por outro lado, a Walmart recuou 2% apesar de ter disparado 6,5% na sessão anterior com números trimestrais acima das expectativas do mercado.
O mercado agora volta suas atenções para a reunião do Federal Open Market Committee marcada para 9 e 10 de dezembro, quando a decisão sobre juros será anunciada. As atas da última reunião revelaram divisão significativa entre os membros do comitê sobre os próximos passos da política monetária. Assim sendo, a incerteza deve permanecer elevada até que Jerome Powell e seus colegas se manifestem definitivamente sobre o rumo das taxas.