WEG avança na Ásia e compra indiana Sanelec por US$ 5,2 mil

Gigante brasileira incorpora fabricante de reguladores de tensão em Bangalore, operação visa integrar tecnologias à Reivax e ampliar participação no setor de controle de geração de energia.

Uma placa vertical com o logotipo azul e branco da WEG está posicionada à frente de um prédio de arquitetura brutalista em concreto aparente; ao lado esquerdo, uma placa verde de rua indica "Moema" e folhas de uma palmeira aparecem no canto superior.
Placa institucional da WEG; multinacional brasileira anunciou a aquisição da fabricante indiana Sanelec por US$ 5,2 milhões para fortalecer sua presença na Ásia. (Foto: Adobe Stock)

A WEG (WEGE3), uma das maiores fabricantes de equipamentos elétricos do mundo, comunicou ao mercado nesta quinta,feira (11) um novo passo em sua estratégia de internacionalização. A companhia anunciou a assinatura de um acordo para a aquisição da totalidade do capital social da Sanelec Excitation Systems, empresa sediada na Índia, pelo valor de US$ 5,2 milhões. A transação, realizada por meio de uma controlada indireta no exterior, reforça o compromisso da multinacional brasileira em consolidar sua presença em mercados emergentes de alto potencial, como o asiático.

A Sanelec, fundada em 1998 na cidade de Bangalore, é reconhecida regionalmente pela fabricação de reguladores de tensão e sistemas de controle de excitação, componentes críticos para a geração de energia. A empresa adquirida já possuía uma relação estreita com o Grupo WEG, atuando como parceira exclusiva na Índia da Reivax, subsidiária da WEG especializada em automação e controle. A oficialização da compra transforma essa parceria comercial em integração total, permitindo que a WEG absorva tecnologia, carteira de clientes e capacidade produtiva local de forma imediata.

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O mercado reagiu com atenção aos números apresentados. Embora o valor de US$ 5,2 milhões seja considerado modesto para o porte da WEG, os indicadores de eficiência da Sanelec chamaram a atenção: em 2024, a empresa indiana registrou uma receita operacional líquida de US$ 2,3 milhões. O dado mais relevante, contudo, é a sua margem Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de 29%, um patamar de rentabilidade que sinaliza uma operação enxuta e altamente lucrativa, alinhada aos padrões de eficiência buscados pela gestão da WEG.

Expansão Asiática focada em Bangalore

Com esta Expansão Asiática, a WEG fincam mais uma bandeira em um dos polos tecnológicos mais importantes do mundo. Bangalore, capital do estado de Karnataka, é conhecida como o “Vale do Silício” da Índia, concentrando empresas de alta tecnologia e mão de obra qualificada. Ao adquirir uma empresa já estabelecida na região, a WEG elimina barreiras de entrada e ganha agilidade para atender a demanda local por infraestrutura de energia, um setor que recebe investimentos massivos do governo indiano para sustentar o crescimento econômico do país.

A operação de Expansão Asiática não se trata apenas de adquirir ativos físicos, mas de capturar inteligência de mercado. A Sanelec conta com uma equipe de aproximadamente 40 colaboradores que possuem conhecimento profundo das especificidades técnicas e regulatórias do mercado de energia indiano. Integrar esses profissionais à cultura da WEG permitirá acelerar o desenvolvimento de soluções customizadas para a região, reduzindo o tempo de resposta a licitações e projetos de grandes usinas hidrelétricas e térmicas na Ásia.

Além disso, a Expansão Asiática via aquisições “bolt-on” (compras menores que complementam o negócio principal) tem sido uma tônica da WEG. A empresa prefere integrar operações saudáveis e sinérgicas a realizar fusões gigantescas e arriscadas. A compra da Sanelec segue essa cartilha à risca: baixo risco financeiro, alta sinergia tecnológica e porta de entrada para um mercado de bilhões de consumidores.

Portfólio Industrial complementar

O Portfólio Industrial da Sanelec encaixa-se como uma peça de quebra-cabeça na estrutura da WEG. A empresa é especialista no projeto e fabricação de reguladores automáticos de tensão para geradores e motores elétricos síncronos. Esses equipamentos são vitais para garantir a estabilidade e a segurança do fornecimento de energia elétrica, evitando oscilações que poderiam danificar redes inteiras. Para a WEG, que já fabrica os geradores e motores, passar a controlar também a tecnologia de regulação e excitação na Índia significa oferecer um pacote completo (“full liner”) aos clientes.

A incorporação deste Portfólio Industrial fortalece diretamente a Reivax, empresa do grupo WEG adquirida em 2024. A Reivax já é uma referência global em sistemas de excitação e regulação de velocidade, e a Sanelec atuava como seu braço operacional na Índia. Agora, com a internalização da fabricação, a WEG poderá padronizar a qualidade, reduzir custos logísticos e aumentar a competitividade de seus produtos no mercado internacional de controle de geração.

Neste sentido, o Portfólio Industrial ampliado permite à WEG disputar contratos de modernização (retrofit) de usinas antigas na Ásia, um mercado promissor dado o envelhecimento da infraestrutura energética em países vizinhos à Índia. A capacidade de entregar a solução integrada — da máquina elétrica ao sistema de controle digital — coloca a multinacional brasileira em vantagem contra concorrentes locais que oferecem apenas partes do sistema.

Movimento Estratégico de longo prazo

Este Movimento Estratégico deve ser lido para além dos números imediatos. A WEG está se posicionando para capturar o ciclo de investimentos em transição energética e modernização de redes que ocorrerá entre 2026 e 2028. O Bank of America, em análise recente, destacou que a empresa possui “vantagens estruturais” para crescer nesse cenário, e a aquisição da Sanelec reforça essa tese ao garantir presença local em um mercado que será motor do crescimento global.

O Movimento Estratégico também mitiga riscos geopolíticos e cambiais. Ao produzir na Índia para a Índia (e para exportação regional), a WEG reduz sua exposição a tarifas de importação e flutuações do dólar ou do real, praticando o que se chama de “hedge natural”. A diversificação geográfica da receita torna a companhia mais resiliente a crises em mercados específicos, como a desaceleração na Europa ou instabilidades na América Latina.

Por fim, o Movimento Estratégico reafirma a disciplina de capital da WEG. O pagamento da aquisição será feito após a conclusão da transação e está sujeito a ajustes de preço comuns, protegendo o caixa da companhia. A WEG continua demonstrando que é possível crescer de forma agressiva no exterior sem alavancagem excessiva, mantendo a solidez que atrai investidores de longo prazo na B3.

Crescimento Local e rentabilidade

Os dados de Crescimento Local da Sanelec mostram uma operação saudável. Com receita de US$ 2,3 milhões e margem Ebitda de 29% em 2024, a empresa indiana já opera com níveis de eficiência que muitas companhias ocidentais levam anos para atingir. Essa alta rentabilidade sugere que a empresa possui um diferencial tecnológico ou de custo importante, que agora será escalado pela rede de distribuição global da WEG.

A aposta no Crescimento Local da Índia é consensual entre analistas globais. O país deve se tornar a terceira maior economia do mundo até o final da década, e a demanda por energia elétrica cresce a taxas superiores às do PIB. Ao estar posicionada dentro do país com fábrica, engenharia e vendas, a WEG captura esse crescimento na fonte, participando da eletrificação de uma nação de 1,4 bilhão de pessoas.

Em suma, o Crescimento Local da Sanelec sob o guarda-chuva da WEG deve acelerar. A tendência é que a unidade indiana receba novos investimentos para ampliar capacidade e passe a exportar para outros países da Ásia e Oriente Médio, transformando-se em um hub regional de sistemas de excitação, replicando o modelo de sucesso que a WEG já implementou na China e no México.

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