O cinema mundial amanheceu de luto neste sábado (13) com a triste notícia da partida de um de seus rostos mais marcantes.
O ator Peter Greene foi encontrado morto em seu apartamento em Manhattan, Nova York, na noite da última sexta-feira, dia 12.
Aos 60 anos, Greene deixou um legado inegável na indústria, eternizando vilões que definiram a estética e a tensão dos filmes nos anos 90.
A informação foi confirmada oficialmente por seu empresário e amigo de longa data, Gregg Edwards, em comunicado à imprensa norte-americana.
As circunstâncias da descoberta do corpo são comoventes e revelam a solidão que muitas vezes acompanha a vida artística nas grandes metrópoles.
Vizinhos do ator estranharam o fato de uma música estar tocando ininterruptamente em seu apartamento por mais de 24 horas.
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Preocupados com o barulho constante e a falta de movimentação, eles acionaram as autoridades para uma verificação de bem-estar no local.
Ao entrarem na residência, localizada na região de Lower East Side, os policiais encontraram o ator já sem vida, caído em um dos cômodos.
Ainda não há informações oficiais sobre a causa da morte, e a polícia aguarda os laudos dos exames toxicológicos e da perícia.
No entanto, fontes preliminares indicam que não havia sinais de arrombamento ou violência no imóvel, o que afasta inicialmente a hipótese de crime.
Astro de Hollywood
A notícia se espalhou rapidamente pelas redes sociais, gerando uma onda de homenagens de fãs e colegas de profissão que admiravam seu trabalho.
Gregg Edwards, visivelmente abalado, descreveu Greene como “um dos maiores atores de personagens do planeta” e um amigo leal.
“Ninguém interpretava um vilão melhor do que Peter”, disse Edwards, ressaltando o talento natural do ator para encarnar figuras ameaçadoras.
Mas o empresário fez questão de revelar um lado desconhecido do público: “Ele tinha um coração de ouro e um lado gentil que poucos viam”.
Essa dualidade entre a figura pública intimidada e a pessoa doce nos bastidores era uma das marcas registradas da personalidade de Greene.
Nascido em Montclair, Nova Jersey, em 1965, ele teve uma juventude conturbada antes de encontrar seu caminho na atuação.
Relatos indicam que ele fugiu de casa aos 15 anos e viveu nas ruas de Nova York, enfrentando desafios brutais para sobreviver.
Essas experiências difíceis na vida real talvez tenham lhe dado a bagagem emocional necessária para dar vida a personagens tão complexos e sombrios.
Sua entrada no mundo do cinema aconteceu no início dos anos 90, e seu impacto foi imediato, chamando a atenção de diretores renomados.
O olhar penetrante, a voz rouca e a postura rígida faziam dele a escolha perfeita para papéis que exigiam uma presença magnética e perigosa.
Intérprete de Vilões
Foi em 1994 que Peter Greene gravou seu nome na história da cultura pop com dois papéis antagônicos e inesquecíveis.
Em “O Máskara”, ele deu vida a Dorian Tyrell, o gângster estiloso e ambicioso que rivalizava com o personagem de Jim Carrey.
Sua performance equilibrava a comédia exagerada do filme com uma ameaça real, criando um vilão que era ao mesmo tempo charmoso e letal.
A cena em que ele coloca a máscara de Loki e se transforma em uma versão demoníaca do personagem ainda assusta e fascina gerações.
No mesmo ano, ele chocou o mundo como Zed, o sádico segurança de “Pulp Fiction: Tempo de Violência”, de Quentin Tarantino.
A cena no porão da loja de penhores é considerada uma das mais tensas e perturbadoras da filmografia de Tarantino.
Greene conseguiu, com poucos minutos de tela, criar um personagem que evocava puro terror psicológico, marcando a memória dos espectadores para sempre.
A frase “Zed is dead, baby” (“Zed está morto, querida”), dita por Bruce Willis, tornou-se um dos bordões mais famosos do cinema.
Esses dois papéis, lançados em um curto intervalo de tempo, consolidaram sua fama como o “bad guy” favorito de Hollywood na época.
Ele provou que não precisava ser o protagonista para roubar a cena; sua presença era suficiente para elevar o nível de qualquer produção.
Veterano do Cinema
Além dos sucessos de bilheteria, Greene construiu uma carreira sólida em filmes independentes e produções aclamadas pela crítica especializada.
Em 1993, ele protagonizou “Clean, Shaven”, um filme perturbador onde interpretou um homem com esquizofrenia tentando recuperar a filha.
Sua atuação foi elogiada pela profundidade e sensibilidade, mostrando que seu talento ia muito além dos estereótipos de bandido.
Ele também marcou presença em “Os Suspeitos” (1995), outro clássico cult, onde interpretou Redfoot, ampliando seu currículo de filmes essenciais.
Em 2001, atuou ao lado de Denzel Washington em “Dia de Treinamento”, participando de um dos filmes policiais mais importantes da década.
Mesmo quando seus papéis diminuíram em tamanho nos anos 2000, ele continuou trabalhando constantemente em séries e filmes menores.
Sua paixão pela arte de atuar o manteve ativo, sempre buscando novos desafios e colaborações com cineastas emergentes.
Recentemente, ele voltou aos holofotes com uma participação na série “The Continental” (2023), derivada da franquia John Wick.
Ver Greene novamente em tela, em uma produção de ação moderna, foi um presente para os fãs que acompanharam sua trajetória.
Ele também participou da série “Ladrões de Drogas” (2025), contracenando com o brasileiro Wagner Moura, mostrando sua relevância contínua.
Artista Norte-Americano
A vida pessoal de Greene foi marcada por altos e baixos, incluindo lutas públicas contra o vício em drogas nos anos 90.
Em entrevistas antigas, ele foi corajoso ao admitir seus problemas e a dificuldade de lidar com a fama repentina e avassaladora.
Sua recuperação e retorno ao trabalho foram vistos como um exemplo de resiliência por aqueles que conheciam sua batalha íntima.
O empresário Gregg Edwards mencionou que estava trabalhando com Greene em novos projetos promissores antes de sua morte prematura.
Entre eles, estava um documentário sobre a retirada de fundos da agência USAID, um tema que apaixonava o ator politicamente.
Ele também estava escalado para o filme “Mascots”, um thriller independente onde atuaria ao lado de Mickey Rourke.
A interrupção desses projetos deixa uma sensação de “o que poderia ter sido”, já que Greene parecia viver um renascimento criativo.
Sua morte nos lembra da fragilidade da vida e da importância de valorizar os artistas que moldaram nossa imaginação coletiva.
Peter Greene não foi apenas um rosto em um pôster; ele foi a personificação do perigo, do caos e, surpreendentemente, da humanidade.
Seus personagens, muitas vezes marginalizados ou vilanizados, carregavam uma intensidade que só alguém que viveu intensamente poderia transmitir.
O cinema perde um de seus camaleões mais talentosos, mas seus filmes garantem que ele nunca será esquecido.
A geração que cresceu alugando fitas VHS na locadora sentirá essa perda com um peso especial e nostálgico.
Descanse em paz, Peter Greene. Zed pode estar morto, mas a lenda do ator que lhe deu vida viverá para sempre.
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