Watch vira ferramenta de negócio para provedores

Plataforma brasileira consolida modelo de negócios que combina streaming, canais ao vivo e tecnologia própria para provedores regionais de internet expandirem receita e reduzirem cancelamentos.

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Maurício Almeida, presidente da Watch Brasil, posando ao lado do logotipo iluminado da empresa em ambiente corporativo com parede azul escura
Maurício Almeida, presidente e fundador da Watch Brasil, durante evento corporativo da plataforma de streaming que atende mais de 2 mil provedores regionais de internet no país

A Watch Brasil se consolidou como uma das principais parceiras dos provedores regionais de internet no país. A empresa atua com mais de 2 mil parceiros ISPs, oferecendo plataforma que integra conteúdo multiplataforma e tecnologia própria. O mercado brasileiro de streaming deve alcançar 85 milhões de assinantes até 2028, segundo projeções da PwC. A movimentação financeira deve superar R$ 30 bilhões no período. A Watch nasceu com propósito de transformar streaming em motor de valor para provedores, ampliando receita média por usuário e reduzindo taxa de cancelamento. O modelo oferece aos ISPs regionais ferramentas tecnológicas e comerciais comparáveis às das grandes operadoras nacionais.

Maurício Almeida, presidente e fundador da Watch Brasil, explica que provedores regionais desempenham papel essencial no avanço da conectividade nacional. A empresa desenvolveu modelo pensado para equipar pequenos e médios ISPs sem que percam proximidade com clientes locais. Almeida também lidera o Conselho Antipirataria da Abotts, entidade setorial de telecomunicações. A plataforma funciona como hub de conteúdo 100% legal, valorizando produção licenciada e respeito às parcerias comerciais. Essa abordagem fortalece ecossistema de mídia e cria oportunidades de receita sustentável para provedores regionais. Inclusão de canais regionais e afiliadas Globo amplia alcance e identificação do assinante com serviço oferecido.

Modelo tudo em um amplia receita de provedores

Ao integrar Watch ao portfólio, provedor passa a oferecer solução completa: internet de alta qualidade e entretenimento sob demanda em ambiente único. O resultado é aumento do ARPU (receita média por usuário), maior fidelização de clientes e fortalecimento de marca local. Esses diferenciais tornam negócio mais competitivo e sustentável em mercado cada vez mais disputado. A empresa faz parceria com aproximadamente 1.700 provedores de internet, que juntos somam cerca de 15 milhões de assinantes indiretos. Carlos Mendes, CEO da Watch Brasil, ressalta que companhia não se considera distribuidora de conteúdo como Netflix ou Globoplay. A Watch se posiciona como empresa de tecnologia que entrega plataforma completa aos provedores.

A estratégia tem apresentado resultados financeiros expressivos nos últimos anos conforme divulgações públicas. A última receita informada, em março de 2024, alcançou R$ 50 milhões. O resultado representa crescimento de 96% em relação ao ano anterior, quando empresa registrou R$ 37 milhões. Parte desse salto foi impulsionado por aporte de R$ 28 milhões da Bertha Capital, gestora de Corporate Venture Capital da Multilaser. Antes de fundar Watch, Carlos Mendes construiu carreira no mercado financeiro, trabalhando por década no Itaú BBA. Durante trajetória por bancos e fundos, experiência de Mendes era centrada em análises de negócios.

Plataforma combina canais ao vivo com conteúdo sob demanda

A Watch desenvolveu plataforma que combina canais ao vivo e conteúdos sob demanda desde 2017. A empresa opera a partir de Curitiba, funcionando como ponte entre streaming e provedores de internet. O modelo preenche lacuna de mercado: como fornecer conteúdo de vários lugares oferecendo preço competitivo simultaneamente. O mercado de TV por assinatura encolhe ano após ano no Brasil conforme dados da PNAD. Apenas 25,2% dos domicílios utilizam esse serviço, frente a 94,3% que possuem televisão. Altos custos e falta de flexibilidade dos pacotes tradicionais afastam consumidores cada vez mais. Plataformas de streaming se multiplicam e encarecem assinaturas ano após ano consistentemente.

Um dos destaques é Watch Free, modalidade gratuita que dá acesso a canais abertos e mais de 500 conteúdos sob demanda. A versão sem custo é viabilizada por publicidade, permitindo que novos clientes experimentem plataforma antes de assinar. A empresa introduziu recentemente canais FAST (Free Ad-Supported Television), oferecendo conteúdos gratuitos sustentados por anúncios. André Santini, CMO da Watch Brasil, afirma que FAST dá possibilidade de clientes conhecerem trabalho da Watch sem pagamento inicial. O formato funciona como primeira experiência para novos clientes e facilitador para futuras vendas de conteúdos premium. Entre opções estão canais como Acelerados, Manual do Mundo e Fit Dance totalizando oito canais.

Parcerias expandem catálogo com Disney, ESPN e Globo

A Watch anunciou portfólio expandido que inclui 12 canais de entretenimento e esportes da Disney e ESPN. Os canais estão divididos entre pacotes Power e UP da plataforma, disponíveis desde novembro. Santini afirma que empresa oferece cada vez mais qualidade e segurança aos ISPs parceiros. A parceria com Globo, que já incluía acesso ao conteúdo aberto, agora conta com cronograma de expansão para canais regionais. A ampliação aumenta capilaridade dos serviços oferecidos aos assinantes finais em diferentes regiões do Brasil. Maurício Almeida defende que futuro do streaming é colaborativo, baseado em parcerias estratégicas sustentáveis. A integração com canais regionais fortalece identificação local dos usuários com conteúdo disponibilizado.

A empresa também lançou Awdio, nova plataforma de streaming de áudio que promete competir com serviços estabelecidos. Daniel Almeida, CEO da Awdio, explica que projeto visa apoiar rádios e permitir que alcancem novos públicos. As emissoras podem gerenciar conteúdos de forma totalmente online sem custos de infraestrutura física. O lançamento inicial contempla função de rádio, com primeira versão já disponível para testes. A Awdio se integra à plataforma Watch oferecida aos provedores, criando ecossistema completo de entretenimento. Especialistas avaliam que diversificação para áudio representa estratégia inteligente diante da saturação do mercado de vídeo.

Empresa promove democratização do acesso ao streaming legal

A Watch se posiciona como alternativa ao consumo de conteúdo pirata que cresce no Brasil. A plataforma reúne filmes, séries, canais ao vivo, documentários, eventos esportivos e lançamentos em ambiente único. O diferencial estratégico é integração com provedores regionais de internet, os ISPs espalhados pelo país. Maurício Almeida afirma que Watch foi criada com missão de democratizar entretenimento com qualidade e respeito às leis. Com aposta em planos flexíveis e modelo baseado em parcerias locais, plataforma busca atender diferentes realidades socioeconômicas. Alto custo das assinaturas e qualidade desigual da internet seguem como barreiras reais à inclusão digital.

A qualidade da internet, especialmente em regiões remotas, ainda é gargalo significativo para adoção de streaming. Nesse ponto, sinergia com ISPs se torna trunfo competitivo importante da empresa brasileira. Ao unir forças com provedores locais, Watch consegue entregar experiência mais estável mesmo em áreas pouco assistidas. A empresa defende que políticas públicas podem impulsionar acesso legal ao streaming no país. Entre medidas sugeridas estão fortalecimento da infraestrutura digital e estímulo a parcerias público-privadas além de ações contra pirataria. Almeida argumenta que não se trata apenas de proteger estúdios, mas garantir ambientes seguros para usuário final.

Mercado de streaming apresenta crescimento acelerado no país

O consumo de vídeo sob demanda no Brasil cresceu 18% nos últimos 12 meses segundo dados da Kantar IBOPE Media. A pesquisa indica que mais de 75% das pessoas que acessam internet assistem a filmes e séries por streaming. Assinar as principais plataformas de streaming disponíveis no Brasil de maneira individual sai por no mínimo R$ 380 mensais. Levantamento da própria Watch considera 14 plataformas, incluindo líderes de audiência como Netflix, Prime Video, Globoplay, Max e Disney+. A pesquisa de preços leva em conta apenas planos mensais de entrada, como pacotes classificados como padrão e básico. Se amostra fosse feita com planos premium, custo mensal seria ainda mais alto significativamente.

A multiplicação de serviços de streaming cria dilema financeiro para consumidores que desejam acessar diferentes catálogos. Cada plataforma investe em conteúdos exclusivos, forçando usuários a manter múltiplas assinaturas simultaneamente para acesso completo. A estratégia da Watch de agregar diferentes conteúdos em plataforma única apresenta vantagem competitiva nesse cenário. Provedores regionais podem oferecer pacotes mais acessíveis que assinaturas individuais de cada serviço separadamente. Especialistas em telecomunicações avaliam que modelo de agregação de conteúdo tende a ganhar força no mercado. Consumidores valorizam simplicidade de ter tudo em um único aplicativo com cobrança unificada e previsível.

Desafios incluem competição com grandes operadoras e plataformas globais

Apesar do crescimento, Watch enfrenta desafios em mercado altamente competitivo dominado por gigantes globais. Grandes operadoras de telefonia como Claro, Vivo e Oi também oferecem pacotes que combinam internet e streaming. Essas empresas possuem poder de negociação superior com produtores de conteúdo devido ao volume de assinantes. A diferenciação da Watch está em foco nos provedores regionais pequenos e médios que não têm escala individual. O modelo permite que ISPs com poucos milhares de clientes acessem catálogos que individualmente não conseguiriam licenciar. Porém, dependência de parcerias com provedores terceiros também representa risco para empresa curitibana.

A empresa também compete indiretamente com plataformas globais que lançam planos mais acessíveis com publicidade no Brasil. Netflix, Disney+ e outras reduziram preços de entrada para ampliar base de assinantes em mercados emergentes. A pirataria continua sendo problema estrutural que afeta toda indústria de entretenimento digital no país. Apesar de Watch promover conteúdo legal, serviços ilegais oferecem acesso ilimitado por frações do custo de assinaturas legítimas. Especialistas apontam que combate efetivo à pirataria requer ação coordenada entre empresas, governo e sociedade civil. Educação sobre riscos de segurança e questões éticas do consumo pirata também desempenha papel importante na transformação cultural.

Expansão futura prevê mais parcerias regionais e conteúdo local

Carlos Mendes promete mais parcerias regionais e expansão do catálogo ao longo de 2025 e anos seguintes. A empresa avalia constantemente oportunidades de licenciamento de conteúdo adicional para enriquecer oferta aos parceiros. Investimento em produções locais e regionais pode diferenciar Watch de competidores focados apenas em conteúdo global. Canais regionais e afiliadas já representam diferencial importante na estratégia de identificação com público local. Modelo colaborativo permite que provedores regionais participem ativamente na curadoria de conteúdo relevante para suas comunidades. Essa proximidade com realidades locais é vantagem competitiva difícil de replicar por grandes operadoras nacionais padronizadas.

A Watch também pode explorar oportunidades em segmentos específicos como esportes, eventos ao vivo e conteúdo educacional. O lançamento do Awdio para streaming de áudio demonstra disposição da empresa em diversificar além do vídeo. Podcasts, audiolivros e música representam mercados complementares com potencial de crescimento relevante no Brasil. Especialistas em mídia digital avaliam que agregadores de conteúdo bem posicionados podem capturar valor significativo na cadeia. O desafio está em manter equilíbrio entre investimento em tecnologia, licenciamento de conteúdo e preços acessíveis aos parceiros. Sucesso dependerá da capacidade de executar estratégia mantendo qualidade técnica e relacionamento próximo com provedores regionais parceiros.

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