O grito de alívio que estava preso na garganta do torcedor vascaíno finalmente ecoou, e veio acompanhado de uma chuva de gols que lavou a alma em São Januário na noite desta sexta-feira. Em um confronto direto que prometia tensão, o Vasco não tomou conhecimento do Internacional e aplicou uma sonora goleada de 5 a 1, espantando a crise que rondava a Colina após cinco derrotas consecutivas. A partida, que chegou a ser interrompida por quase uma hora e meia devido a um temporal torrencial no Rio de Janeiro, teve de tudo: brilho da base, atuação de gala de Rayan e um Colorado cada vez mais afundado no pesadelo do Z4.
Para os comandados de Fernando Diniz, o resultado não foi apenas três pontos na tabela, mas uma afirmação de dignidade na reta final do campeonato. O time entrou em campo mordido, pressionando desde o primeiro segundo, mostrando uma intensidade que há muito não se via. Já o Internacional, apático e desorganizado, pareceu sentir o peso da responsabilidade e a hostilidade do Caldeirão, sucumbindo à velocidade dos atacantes vascaínos. A vitória garante praticamente a permanência do Gigante na Série A e acende o sinal de alerta máximo no Beira-Rio.
Massacre Cruzmaltino em São Januário
O jogo começou em voltagem máxima. Logo no primeiro minuto, Andrés Gómez mostrou a que veio, abrindo o placar após uma jogada individual que desmontou a defesa gaúcha. O gol relâmpago desestabilizou completamente o Internacional, que não conseguiu se encontrar em campo. O Vasco, sentindo o cheiro de sangue, continuou em cima. Aos nove minutos, foi a vez da joia da base, Rayan, receber na entrada da área e bater rasteiro, ampliando a vantagem e explodindo a arquibancada.
A estratégia de Diniz funcionou à perfeição: pressão alta e transição rápida. O meio-campo do Inter, formado por Bruno Gomes e Thiago Maia, foi engolido pela intensidade vascaína. Philippe Coutinho, regendo o time, encontrava espaços com facilidade, municiando os pontas. O Colorado tentava reagir de forma desordenada, mas esbarrava em uma defesa sólida e, quando passava, parava nas mãos de Léo Jardim. O desconto do Inter veio apenas nos acréscimos do primeiro tempo, com Ricardo Mathias aproveitando uma sobra, dando uma falsa esperança aos visitantes antes do dilúvio desabar.
O triunfo do Gigante sob a tempestade
O intervalo da partida foi marcado por um drama à parte: o clima. Um temporal castigou o Rio de Janeiro, alagando o gramado de São Januário e forçando a arbitragem a interromper o espetáculo. Foram quase 90 minutos de espera, apreensão e trabalho intenso da drenagem e dos funcionários do clube. Quando a bola voltou a rolar, muitos esperavam um jogo mais lento e pesado. Ledo engano. O Vasco voltou ainda mais elétrico, adaptando-se melhor ao gramado molhado do que o adversário.
A chuva parecia energizar os donos da casa. Enquanto o Inter tentava, sem sucesso, colocar a bola no chão, o Vasco apostava na verticalidade. Aos 2 minutos da segunda etapa (reiniciada tarde da noite), Andrés Gómez serviu Rayan novamente, que apenas empurrou para as redes: 3 a 1. A partir daí, o que se viu foi um verdadeiro baile. O time gaúcho se atirou ao ataque no desespero, deixando avenidas nas costas da defesa, um convite que o ataque cruzmaltino aceitou de bom grado.
Vitória avassaladora e a base forte
A construção do placar elástico passou muito pelos pés dos “Crias da Colina”. Além de Rayan, que viveu uma noite mágica com dois gols, Barros também deixou sua marca. Aos 11 minutos do segundo tempo, após um escanteio, Rochet operou um milagre na primeira cabeçada, mas Barros foi oportunista no rebote para fazer o quarto. O Inter estava entregue, batido física e mentalmente. A torcida, que começou o jogo tensa, já gritava “olé” e celebrava a manutenção na elite.
Para fechar a conta e decretar a humilhação do rival, Nuno Moreira, que entrou no decorrer da partida, fez o quinto gol aos 19 minutos. Ele recebeu na direita, arriscou um chute forte e contou com a colaboração do goleiro Rochet, que falhou no lance. O 5 a 1 no placar refletia exatamente o que foi o jogo: um time com fome de bola contra outro que parecia carregar o peso do mundo nas costas. A base vascaína provou, mais uma vez, que é a solução nos momentos de aperto, entregando desempenho e resultado quando o clube mais precisava.
Derrota do Colorado e o drama do Z4
Do outro lado, o cenário é de terra arrasada. O Internacional sai do Rio de Janeiro com a moral destroçada e a calculadora na mão. Com 41 pontos, o time vê a zona de rebaixamento não mais pelo retrovisor, mas como uma realidade imediata. A atuação desastrosa da defesa, somada à inoperância ofensiva — salvo o gol isolado de Mathias —, expõe as fragilidades de um elenco que prometia brigar por títulos, mas termina o ano lutando pela sobrevivência.
As críticas da imprensa gaúcha e dos torcedores são ferozes. Figuras como Fabiano Baldasso não pouparam o elenco e a comissão técnica, classificando a atuação como vergonhosa. O técnico Ramón Díaz terá um trabalho hercúleo para juntar os cacos e motivar um vestiário abatido para as rodadas finais. Enquanto o Vasco respira e já planeja 2026, o Internacional entra em “modo de emergência”, onde cada jogo restante será uma final de Copa do Mundo para evitar a maior tragédia esportiva do clube: a segunda queda.
Portanto, a noite de 28 de novembro de 2025 ficará marcada na memória de ambos os torcedores, por razões opostas. Para os vascaínos, a chuva lavou a alma e trouxe a certeza de dias melhores. Para os colorados, a tempestade em São Januário pode ter sido o presságio de um fim de ano sombrio. O Brasileirão segue implacável, punindo a incompetência e premiando quem tem coração na ponta da chuteira.
