Duda Dalponte agredida ao vivo

Jornalista de 35 anos natural de Imbituba cobria embarque da delegação rubro-negra para Lima quando sofreu puxões de cabelo durante entrada ao vivo no Jornal Hoje e fez desabafo nas redes pedindo respeito com profissionais mulheres

Duda Dalponte em desabafo nas redes sociais e durante cobertura cercada por torcedores do Flamengo
Repórter da Globo de 35 anos teve cabelo puxado três vezes durante entrada no Jornal Hoje e classificou ato como agressão proposital pedindo respeito com mulheres jornalistas

A repórter esportiva Duda Dalponte, da TV Globo, viveu momento de violência durante transmissão ao vivo nesta quarta-feira, 26 de novembro de 2025. Enquanto fazia entrada para o Jornal Hoje, a jornalista de 35 anos teve o cabelo puxado três vezes por torcedores do Flamengo que se aglomeravam no Aeroporto Internacional Tom Jobim, o Galeão, no Rio de Janeiro. O episódio gerou revolta imediata nas redes sociais e levou a repórter a fazer desabafo emocionado horas após o ocorrido.

Duda cobria a festa da torcida rubro-negra que acompanhava o embarque da delegação do Flamengo rumo a Lima, no Peru. O clube disputa a final da Copa Libertadores da América contra o Palmeiras neste sábado, 29 de novembro. Cercada por dezenas de flamenguistas empolgados, a repórter conversava com o apresentador Roberto Kovalick quando sofreu o primeiro puxão de cabelo. Ela usava o penteado rabo de cavalo, que facilitou a ação do agressor.

Agressões repetidas ao vivo

O primeiro puxão aconteceu enquanto Duda passava informações ao apresentador no estúdio. A repórter reagiu com leve sobressalto mas continuou profissionalmente a transmissão. Segundos depois, veio o segundo puxão, mais forte e claramente intencional. Nesse momento, a jornalista demonstrou maior desconforto mas ainda tentava finalizar sua participação conforme o planejado pela produção.

No terceiro e último puxão de cabelo, já nos segundos finais da entrada ao vivo, Duda se virou rapidamente na tentativa de identificar o responsável pela agressão. A câmera registrou o momento exato em que ela gira o corpo procurando pelo agressor no meio da multidão. A profissional chegou a conversar com alguns torcedores próximos, mas não conseguiu localizar quem havia cometido o ato.

As imagens da agressão circularam rapidamente pelas redes sociais durante a tarde e noite de quarta-feira. Telespectadores e colegas jornalistas manifestaram indignação com o episódio. O vídeo mostra claramente os três momentos em que o cabelo da repórter é puxado, evidenciando a natureza proposital e violenta das ações. O agressor não foi identificado até o momento.

Desabafo emocionado nas redes sociais

Horas após o ocorrido, já em casa, Duda Dalponte usou seus Stories no Instagram para fazer relato detalhado do episódio. A repórter começou explicando que chegou especialmente cansada após um dia que já costuma ser desgastante, mas que foi agravado pela agressão sofrida. Ela descreveu exatamente como percebeu que os puxões eram intencionais e não parte do tumulto natural.

“Na primeira vez que puxaram, eu achei que tinha sido sem querer. A gente está acostumado a fazer essas coisas com torcida e, às vezes, tem empurra-empurra, tem uma muvuca que é normal, então a primeira vez eu tinha achado que poderia ser isso”, explicou a jornalista. Essa declaração mostra como profissionais de reportagem externa desenvolvem tolerância a situações desconfortáveis que fazem parte da natureza do trabalho.

A percepção mudou completamente no segundo puxão. “Na segunda vez, eu entendi que foi proposital e aí na terceira eu virei para tentar entender o que estava acontecendo, para tentar achar quem estava fazendo aquilo. Conversei com alguns torcedores ali, mas a gente não encontrou quem estava fazendo aquilo”, relatou Duda, demonstrando que tentou resolver a situação ainda no local.

Diferença entre tumulto e agressão

A repórter fez questão de distinguir claramente o que considera parte normal do trabalho e o que ultrapassou os limites. Ela reconheceu que jornalistas que cobrem eventos com torcidas vão preparados psicologicamente para lidar com ambientes cheios, barulhentos e eufóricos. São situações que exigem jogo de cintura e compreensão de que a empolgação pode gerar desconfortos involuntários.

Duda listou exemplos de incidentes que já vivenciou e considera aceitáveis dentro do contexto: já teve bebida jogada acidentalmente, tinta respingada, equipamentos como fone arrancados sem querer no meio do empurra-empurra. “Isso é do jogo”, resumiu ela, demonstrando profissionalismo e compreensão dos desafios inerentes à função que desempenha.

Porém, a jornalista foi categórica ao classificar o episódio desta quarta-feira de forma completamente diferente. “Tem algumas coisas que não são brincadeiras, que não são só empolgação. Tem algumas coisas que são agressão. E o que aconteceu hoje foi uma agressão”, afirmou com ênfase. A distinção é importante porque normalizar violência como “brincadeira” contribui para perpetuar comportamentos abusivos.

Pedido por respeito às mulheres jornalistas

O desabafo de Duda incluiu apelo específico por maior respeito com profissionais mulheres que trabalham na rua. “Uma situação lamentável. Fiquei muito triste por ter vivido isso e por isso ainda acontecer. Espero que não se repita mais e que sirva de aprendizado para essas pessoas que faltam com respeito com jornalistas que estão na rua trabalhando, principalmente com mulheres. Que se toquem de alguma forma”, declarou visivelmente emocionada.

A ênfase no respeito às mulheres não é gratuita. Jornalistas mulheres frequentemente enfrentam assédio, desrespeito e violência que colegas homens não experimentam com a mesma frequência ou intensidade. Comentários sobre aparência, tentativas de toques inapropriados e agressões como a sofrida por Duda fazem parte de realidade preocupante que precisa ser combatida.

A repórter encerrou seu pronunciamento reafirmando que gosta de trabalhar na rua, de mostrar a festa das torcidas e que continuará fazendo seu trabalho com dedicação. No entanto, expressou esperança genuína de que os agressores tenham vergonha de suas atitudes e não repitam comportamentos semelhantes. Ela questionou se pessoas que agem assim podem sequer ser chamadas de torcedores.

Manifestação da TV Globo

A TV Globo divulgou nota oficial repudiando a violência sofrida por sua profissional. “O Esporte da Globo repudia qualquer forma de violência e manifesta sua indignação à agressão sofrida pela repórter Duda Dalponte. A Globo se solidariza com a profissional que estava no exercício de seu ofício, cobrindo o embarque do Flamengo para a final da Libertadores”, declarou a emissora através de comunicado oficial.

A manifestação pública da empresa é importante porque demonstra apoio institucional à funcionária e envia mensagem clara de que comportamentos violentos não serão tolerados ou minimizados. Veículos de comunicação têm responsabilidade de proteger seus profissionais e criar condições seguras de trabalho, especialmente em situações potencialmente perigosas como coberturas em meio a multidões.

Apoio de colegas jornalistas

A repercussão do caso levou diversos profissionais da comunicação a manifestarem solidariedade a Duda Dalponte. O narrador Luís Roberto, um dos nomes mais respeitados do jornalismo esportivo brasileiro, comentou na publicação da repórter: “Esteja serena Duda! Você esteve impecável! Estamos sempre com você”. A mensagem do veterano demonstra união da classe em momentos de dificuldade.

A repórter e apresentadora Karine Alves também manifestou apoio e inconformismo com o episódio. Diversos outros colegas jornalistas, tanto da Globo quanto de outras emissoras, usaram redes sociais para expressar repúdio à violência e encorajar Duda a seguir firme em sua profissão. O movimento coletivo fortalece a mensagem de intolerância com comportamentos agressivos.

Trajetória da jornalista

Maria Eduarda Gonçalves Dalponte, conhecida profissionalmente como Duda Dalponte, é natural de Imbituba, município do sul de Santa Catarina. Aos 35 anos, ela construiu carreira sólida no jornalismo esportivo, tendo iniciado sua trajetória na TV e posteriormente migrado para o Rio de Janeiro, onde atua nos canais Globo e SporTV desde então.

Antes de chegar à capital fluminense, Duda passou por São Paulo, onde adquiriu experiência fundamental para sua formação profissional. Na Globo, ela já cobriu diversos eventos esportivos importantes, incluindo campeonatos estaduais, Copa do Brasil, Libertadores e Brasileirão. Seu perfil no Instagram conta com mais de 100 mil seguidores, número que reflete reconhecimento do público pelo trabalho desenvolvido.

A repórter é conhecida por sua dedicação, profissionalismo e capacidade de se comunicar de forma clara e objetiva mesmo em situações de alta pressão. Colegas destacam sua preparação técnica e sua habilidade em lidar com entrevistados e fontes. O episódio de agressão, portanto, representa mancha em carreira marcada por competência e respeito.

Contexto da final da Libertadores

O Flamengo enfrenta o Palmeiras neste sábado em Lima pela final da Copa Libertadores da América, competição mais importante do futebol sul-americano. A expectativa é enorme de ambos os lados, com milhares de torcedores viajando ao Peru para acompanhar a decisão. O clima de euforia e tensão pode explicar, mas jamais justificar, comportamentos desrespeitosos ou violentos.

A cobertura jornalística de eventos dessa magnitude é essencial para que milhões de brasileiros que não podem viajar acompanhem a preparação e a festa das torcidas. Repórteres como Duda assumem riscos profissionais para levar informação e entretenimento ao público. O mínimo que merecem em retorno é respeito e condições dignas de trabalho.

0 0 votos
Classificação do artigo
Inscrever-se
Notificar de
0 Comentários
mais antigos
mais recentes Mais votado
Feedbacks embutidos
Ver todos os comentários