A Engie Brasil Energia deu início à operação comercial do primeiro trecho do projeto Asa Branca nesta terça-feira, 26 de novembro de 2025. O segmento entre as subestações Morro do Chapéu II e Poções III, localizado na Bahia, marca etapa crucial na expansão da infraestrutura elétrica brasileira. Com autorização do Operador Nacional do Sistema Elétrico, a linha de transmissão representa 33% da Receita Anual Permitida total do empreendimento, avaliada em R$ 282,7 milhões.
O trecho inaugurado possui 334 quilômetros de extensão e atravessa 19 municípios baianos. As obras iniciaram em agosto de 2024 e geraram mais de 2 mil empregos diretos na região. A linha opera em tensão de 500 kilovolts, padrão técnico que permite transmissão eficiente de grandes volumes de energia por longas distâncias. Além da construção da linha propriamente dita, o projeto inclui ampliação de duas subestações associadas ao sistema.
Investimento bilionário em infraestrutura
O projeto Asa Branca completo foi conquistado pela Engie no Leilão de Transmissão de 2023, organizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica. O empreendimento prevê aportes totais de R$ 2,67 bilhões distribuídos ao longo dos próximos anos. Quando finalizado, o sistema contará com aproximadamente mil quilômetros de linhas de transmissão interligando três estados do país.
A construção atravessa territórios da Bahia, Minas Gerais e Espírito Santo, criando corredor estratégico para escoamento de energia. A expectativa é que o projeto gere cerca de 4 mil empregos diretos ao longo de todas as fases de implantação. Esse número considera desde a construção civil até a instalação de equipamentos especializados nas subestações.
Eduardo Sattamini, diretor-presidente da Engie Brasil Energia, destaca a importância do projeto para a matriz elétrica nacional. Segundo ele, a interligação entre as regiões Nordeste e Sudeste viabiliza o escoamento de energia renovável, reduz riscos de oscilação no fornecimento e contribui para diversificação das fontes. A companhia tem atuado consistentemente na transição energética brasileira através de empreendimentos que integram inovação e sustentabilidade.
Fortalecimento do Sistema Interligado Nacional
O Asa Branca fortalece significativamente o Sistema Interligado Nacional ao criar nova rota de transmissão entre regiões estratégicas. O projeto evita sobrecarga e subtensão nas linhas de transmissão existentes, problema recorrente em períodos de alta demanda. Com a nova infraestrutura, o sistema ganha redundância operacional, aumentando a confiabilidade do fornecimento para milhões de consumidores.
A interligação reforçada entre Nordeste e Sudeste é especialmente relevante para o escoamento de energia eólica e solar. O Nordeste brasileiro concentra grande parte da geração renovável do país, com destaque para os complexos eólicos do interior baiano e do litoral nordestino. No entanto, essa energia muitas vezes enfrenta dificuldades para chegar aos grandes centros consumidores do Sudeste.
Com a entrada em operação do Asa Branca, a capacidade de transmissão entre as regiões aumenta substancialmente. Isso permite melhor aproveitamento dos recursos renováveis nordestinos, reduzindo necessidade de acionamento de termelétricas durante períodos críticos. Consequentemente, o custo da energia no mercado pode apresentar redução, beneficiando tanto consumidores quanto empresas.
Expansão agressiva em transmissão
A Engie Brasil Energia vem ampliando rapidamente sua atuação no segmento de transmissão de energia elétrica. Com a entrada em operação do primeiro trecho do Asa Branca, a companhia passa a administrar mais de 3.200 quilômetros de linhas em diferentes regiões do Brasil. Esse portfólio robusto consolida a empresa como uma das principais operadoras privadas do setor no país.
Entre os ativos já operacionais estão o sistema Gralha Azul no Paraná, com 909 quilômetros de extensão. O projeto Novo Estado, que atravessa Tocantins e Pará, soma 1.800 quilômetros de linhas. Além disso, a empresa opera o sistema Gavião Real no Pará, que inclui uma subestação completa, e o trecho brownfield de Graúna entre Minas Gerais e Espírito Santo, com 162 quilômetros.
Atualmente, mais de 1.300 quilômetros de linhas estão em construção simultânea em diferentes regiões. Aproximadamente 732 quilômetros pertencem ao sistema Graúna, enquanto 666 quilômetros fazem parte do próprio projeto Asa Branca. Esse volume expressivo de obras em andamento demonstra a estratégia agressiva da companhia no segmento de transmissão.
Gestão socioambiental rigorosa
Durante a implantação do Sistema de Transmissão Asa Branca, a Engie desenvolve diversos programas voltados à gestão socioambiental. Os projetos da companhia seguem alto padrão de qualidade, saúde e segurança, buscando evitar, mitigar e compensar eventuais impactos das obras ao meio ambiente e às comunidades locais. Essa abordagem responsável é marca registrada da empresa em todos os seus empreendimentos.
A implantação do sistema conta com Declaração de Utilidade Pública e é realizada mediante licenças e autorizações emitidas via processo de licenciamento ambiental. No caso da Bahia, o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos conduziu o licenciamento. Para os trechos em Minas Gerais e Espírito Santo, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis é o órgão responsável.
Gustavo Labanca, diretor de transmissão da Engie Brasil Energia, afirma que a empresa possui trajetória consistente na execução de projetos de transmissão. Segundo ele, a companhia conduz obras com elevados padrões técnicos e cronogramas rigorosamente alinhados. O projeto Asa Branca dá continuidade a esse histórico de entregas e consolida a atuação como referência em boas práticas de mercado.
Cronograma cumprido rigorosamente
Iniciar a construção e a operação dentro dos prazos previstos demonstra a eficiência operacional da Engie. O cumprimento rigoroso do cronograma assegura controle de custos e satisfação dos acionistas, fatores cruciais para empresas de capital aberto. O mercado financeiro valoriza especialmente companhias que entregam projetos conforme planejado, sem atrasos ou estouros orçamentários.
O marco da entrada em operação do primeiro trecho confirma as projeções apresentadas no terceiro trimestre de 2025. Na ocasião, a empresa reiterou a previsão de início do primeiro segmento do Asa Branca no quarto trimestre. A confirmação das estimativas reforça a credibilidade da gestão perante investidores e analistas do mercado de capitais.
Do ponto de vista estratégico, a entrada do trecho aumenta o peso de receitas reguladas e estáveis no portfólio da Engie. A Receita Anual Permitida funciona como garantia de remuneração durante o prazo de concessão, independentemente do volume de energia transmitido. Esse modelo de negócio suaviza a volatilidade característica do segmento de geração, fortalecendo o Ebitda recorrente da companhia.
Modelo de negócio atrativo
O segmento de transmissão de energia apresenta características particularmente atrativas para investidores institucionais. As concessões possuem prazos longos, geralmente de 30 anos, com receitas indexadas à inflação e protegidas contratualmente. Esse perfil de risco reduzido contrasta com a geração de energia, onde receitas dependem de variáveis como hidrologia, preços de mercado e despacho das usinas.
Para sustentar o ciclo de investimentos sem pressionar a alavancagem financeira ou o payout de dividendos, a Engie vem fortalecendo o capital próprio. A readequação de reservas via bonificação de 40% aprovada em novembro de 2025 exemplifica a disciplina financeira que suporta investimentos intensivos em ativos regulados. A estratégia preserva flexibilidade para parcerias e eventual reciclagem minoritária de ativos.
Próximas etapas do projeto
As obras do Asa Branca seguem avançando nos estados de Minas Gerais e Espírito Santo. A conclusão dos 666 quilômetros restantes está prevista para os próximos trimestres, seguindo o cronograma técnico aprovado pela ANEEL. Cada trecho que entra em operação adiciona imediatamente receita regulada ao portfólio da companhia, melhorando progressivamente os resultados financeiros.
O projeto completo contempla ainda a ampliação de cinco subestações ao longo do trajeto. Essas instalações são fundamentais para garantir estabilidade e confiabilidade do sistema de transmissão. As subestações permitem manobras operacionais, conversão de tensão e proteção contra falhas, funcionando como verdadeiros centros de controle da rede elétrica.
A entrada em operação do Asa Branca, combinada com a expansão seletiva em leilões futuros e o reforço de capital, consolida a estratégia de crescimento com previsibilidade da Engie. A empresa demonstra que é possível conciliar expansão agressiva, disciplina financeira e compromisso com prazos, tornando-se referência no setor elétrico brasileiro.