Verba de comunicação do governo cresce antes eleições

Orçamento da Secom salta de R$ 600 milhões para R$ 876 milhões neste ano. Investimento digital dobra sob gestão Sidônio Palmeira. Oposição questiona uso eleitoral dos recursos públicos federais.

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Presidente cumprimenta apoiadores em evento público, cercado por bandeiras e pela multidão, com a bandeira do Brasil ao fundo.
Presidente aparece em meio a apoiadores durante evento popular; aumento da verba de comunicação federal ocorre às vésperas do período eleitoral.

O orçamento destinado à comunicação institucional apresentou expansão significativa durante o ano de 2025 no governo federal. A verba comunicação governo cresce de aproximadamente R$ 600 milhões em 2024 para cerca de R$ 876 milhões neste exercício fiscal. Esse aumento representa salto de quarenta e seis por cento nos recursos direcionados ao setor de publicidade oficial.

O levantamento realizado pelo jornal Folha de S. Paulo demonstra que a Secretaria de Comunicação Social ganhou posição privilegiada. Enquanto isso, diversos órgãos públicos enfrentam contingenciamentos severos para manter operações básicas de suas áreas de atuação. Portanto, esse contraste orçamentário gera debates acalorados entre parlamentares e analistas políticos do cenário nacional contemporâneo.

Contexto orçamentário contrasta com dificuldades de outras pastas federais

A Polícia Federal, por exemplo, necessita de aproximadamente R$ 97,5 milhões para emitir passaportes aos cidadãos brasileiros. Além disso, o Ministério da Educação ainda não conseguiu recursos suficientes para aquisição completa de materiais didáticos escolares. Consequentemente, essa disparidade na distribuição orçamentária alimenta críticas sobre prioridades governamentais nas diferentes áreas da administração pública.

Diante desse cenário, a verba comunicação governo cresce enquanto setores essenciais enfrentam limitações financeiras importantes para funcionamento regular. A Secom informou oficialmente que parte do seu orçamento sofreu bloqueios durante o exercício fiscal atual. Entretanto, a pasta ressalta que não houve alteração substancial na verba total após os aportes adicionais recebidos recentemente.

A legislação brasileira prevê que ações de comunicação devem promover políticas públicas e direitos dos cidadãos fundamentalmente. Dessa forma, o governo justifica os investimentos crescentes como necessários para informar adequadamente a população sobre programas federais. Todavia, a proximidade das eleições municipais de 2026 intensifica questionamentos sobre possível uso eleitoral desses recursos governamentais.

Mudança estratégica prioriza ambiente digital e redes sociais amplamente

Sidônio Palmeira assumiu o comando da Secretaria de Comunicação Social em janeiro deste ano como ministro titular. Desde então, a estratégia de comunicação governamental passou por transformações profundas na forma de abordar o público-alvo. Portanto, o investimento em propaganda online saltou de treze vírgula sete por cento para vinte e cinco por cento totais.

De janeiro a outubro, a Secom desembolsou aproximadamente R$ 69 milhões exclusivamente em campanhas digitais nas plataformas online. Esse valor representa aumento de cento e dez por cento comparado aos R$ 33 milhões gastos no período equivalente. Assim sendo, a verba comunicação governo cresce especialmente no segmento digital para alcançar diferentes públicos nas redes sociais.

A administração anterior, comandada pelo deputado Paulo Pimenta, destinava maior parte da verba para rádios localizadas em municípios menores. Além disso, as campanhas televisivas recebiam fatia considerável dos investimentos publicitários da pasta federal antigamente. Contudo, Palmeira implementou guinada digital robusta para competir com hegemonia da direita nas plataformas virtuais contemporâneas efetivamente.

Investimento em influenciadores digitais integra nova abordagem comunicacional

As quatro agências contratadas pela Secom passaram a incluir influenciadores digitais nas ações de comunicação governamental regularmente. Esses criadores de conteúdo não recebem pagamento direto da secretaria, mas sim das empresas publicitárias licitadas anteriormente. Em média, os influenciadores recebem cerca de R$ 20 mil por campanha realizada para divulgar programas federais específicos.

A nova estratégia mira influenciadores de médio alcance escolhidos para dialogar com públicos fora da bolha petista tradicionalmente. Portanto, o foco está em alcançar eleitores de centro e centro-direita que não acompanham canais tradicionais oficiais. Dessa maneira, a verba comunicação governo cresce para financiar essa expansão em múltiplas frentes comunicacionais estratégicas simultaneamente.

As campanhas começaram a ganhar força especialmente após julho, quando o governo enfrentou notícias negativas sucessivas recentemente. A crise envolvendo o Pix, alta nos preços dos alimentos e denúncias de fraudes no INSS marcaram negativamente. Consequentemente, a Secom intensificou esforços para reverter percepção pública desfavorável através das plataformas digitais amplamente utilizadas atualmente.

Licitação milionária gera questionamentos sobre transparência e finalidade dos recursos

A Secom abriu licitação no valor de R$ 98,3 milhões para contratação de empresas responsáveis pela gestão digital. O edital especifica trabalho voltado para plataformas como Pinterest, LinkedIn, YouTube, Instagram, Facebook, TikTok e Kwai principalmente. Portanto, a ideia é alcançar diferentes públicos e aumentar efetividade da comunicação oficial do Planalto estrategicamente.

Deputados da oposição solicitaram audiência pública para que Sidônio Palmeira prestasse esclarecimentos sobre gastos e políticas públicas. Marcel van Hattem, Gustavo Gayer e Junio Amaral apresentaram requerimentos questionando uso da máquina pública nas estratégias digitais. Ademais, parlamentares expressam preocupação com possível direcionamento eleitoral da verba em ano pré-eleitoral municipal brasileiro próximo.

Junio Amaral alertou especificamente sobre risco de uso eleitoral dos recursos públicos destinados à comunicação institucional governamental. O parlamentar questiona se os investimentos fortalecem genuinamente a comunicação institucional ou beneficiam pessoalmente o presidente Lula. Além disso, a verba comunicação governo cresce justamente quando se aproxima período eleitoral municipal de 2026 inevitavelmente importantíssimo.

Contratos com sócios do ministro levantam suspeitas sobre possível conflito de interesses

A produtora Macaco Gordo, pertencente ao empresário Francisco Kertész, recebeu R$ 12 milhões em contratos publicitários recentemente. Kertész é sócio de Sidônio Palmeira na agência Nordx, antiga M4 Comunicação e Propaganda criada em 2022. Os pagamentos vieram da Caixa Econômica Federal e do Instituto Brasileiro de Turismo entre 2024 e 2025 principalmente.

O empresário esteve treze vezes no Palácio do Planalto entre janeiro e junho para reuniões com o ministro. Kertész afirmou que os encontros tiveram caráter pessoal e jamais trataram das atividades da produtora Macaco Gordo. Entretanto, a proximidade entre as partes alimenta questionamentos sobre eventual favorecimento nas contratações públicas realizadas pelas estatais federais.

Sidônio Palmeira justificou que se afastou da gestão de suas empresas após assumir cargo público em janeiro. O ministro nega ter interferido em favor das contratações, mas mantém participação no quadro societário do empreendimento empresarial. Portanto, críticos apontam possível conflito de interesses nas relações comerciais entre governo e empresas vinculadas ao ministro atual.

Comparação com gestões anteriores revela oscilações nos padrões de investimento publicitário

Durante o governo Bolsonaro, entre 2019 e 2022, os gastos totais com as dez principais emissoras atingiram R$ 922 milhões. A Record recebeu vinte e nove vírgula cinco por cento, enquanto Globo ficou com vinte e oito vírgula cinco por cento. Por sua vez, o SBT obteve vinte e cinco vírgula um por cento da verba publicitária federal distribuída proporcionalmente.

Atualmente, até outubro de 2025, a Rede Globo recebeu R$ 66,1 milhões, representando sessenta e dois vírgula cinco por cento totais. A Record levou R$ 16,4 milhões e o SBT recebeu R$ 13,3 milhões neste período de análise comparativa. Dessa forma, a concentração em uma única emissora marca diferença significativa em relação aos padrões anteriores observados historicamente.

A Secom utiliza IGP-M para corrigir valores históricos e defender que o recorde seria de 2017 na gestão Temer. Todavia, críticos argumentam que esse índice se aplica geralmente para reajustes de aluguéis residenciais e comerciais apenas. Portanto, o debate técnico sobre metodologia de comparação permanece em aberto entre especialistas e analistas orçamentários independentes.

Perspectivas futuras indicam intensificação dos investimentos em comunicação digital governamental

Com as eleições municipais previstas para 2026, a tendência é que os investimentos continuem crescendo substancialmente nos próximos meses. A disputa narrativa nas redes sociais tornou-se prioridade estratégica para o Planalto reconquistar espaços perdidos anteriormente. Além disso, o governo busca reverter percepção negativa acumulada em temas sensíveis como segurança pública e economia nacional.

A avaliação interna é que o governo realizou avanços importantes, mas a população ainda não compreende plenamente as realizações. Sidônio Palmeira enfatiza necessidade de comunicar melhor todas as ações governamentais em todos os ministérios e estatais efetivamente. Consequentemente, a verba comunicação governo cresce para viabilizar essa estratégia ampla de divulgação institucional em múltiplas plataformas simultaneamente.

A oposição, por outro lado, mantém vigilância sobre gastos e promete cobrar transparência total nas prestações de contas. Deputados solicitam relatórios de desempenho, engajamento das campanhas e lista nominal dos influenciadores contratados com valores pagos. Assim sendo, o embate político sobre uso dos recursos públicos tende a se intensificar conforme se aproxima o calendário eleitoral.

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