Metrô SP libera cartão na catraca e veta celular

Projeto experimental começa nesta segunda feira nas linhas Azul e Vermelha, passageiros devem usar apenas o cartão físico e não terão direito à integração tarifária

Passageiros passando pelas catracas do Metrô de São Paulo; novas regras permitem pagamento com cartão por aproximação nas linhas 1 e 3.
Catracas do Metrô SP passam a aceitar cartões bancários em projeto piloto nas linhas Azul e Vermelha; uso de celular e integração estão vetados nesta fase.

As catracas do Metrô de São Paulo amanheceram com uma novidade tecnológica nesta segunda feira, dia 1º de dezembro. As linhas 1-Azul e 3-Vermelha, duas das mais movimentadas do sistema metroviário, deram início oficial ao projeto piloto que permite o pagamento da tarifa diretamente nos bloqueios utilizando cartões bancários de débito e crédito. A iniciativa, que visa modernizar o acesso e reduzir as filas nas bilheterias, representa um marco na mobilidade urbana da capital, mas chega com regras específicas e limitações técnicas que exigem atenção redobrada do usuário para evitar travamentos e constrangimentos na hora do embarque.

Diferente do que muitos esperavam, o sistema implantado nesta fase experimental possui uma restrição importante: o uso de carteiras digitais está vetado. Ou seja, cartões virtuais armazenados em smartphones (como Apple Pay, Google Wallet) ou smartwatches não serão aceitos pelos leitores das catracas neste primeiro momento. O Metrô informou que a tecnologia disponível no piloto reconhece apenas o chip físico dos cartões com a tecnologia de aproximação (NFC). Passageiros que costumam sair de casa apenas com o celular precisarão voltar a portar o cartão de plástico físico se quiserem usufruir da nova facilidade.

O teste tem duração prevista de seis meses, podendo ser prorrogado, e servirá como um laboratório para avaliar a adesão do público e a robustez do sistema. A escolha pelas linhas 1 e 3 para o pontapé inicial não foi aleatória, pois elas concentram o maior fluxo pendular da cidade. A expansão já tem data marcada: ao longo deste mês de dezembro, a novidade chegará também às estações das linhas 2-Verde e 15-Prata (monotrilho), cobrindo gradualmente a malha estatal. Para o passageiro, a vantagem imediata é a conveniência, mas é fundamental compreender as “letras miúdas” do funcionamento, especialmente no que tange ao bolso e à integração.

Novo acesso com cartão bancário direto

Para utilizar o serviço, o passageiro deve se dirigir às catracas sinalizadas exclusivamente para essa função. Segundo o Metrô, cada estação participante terá ao menos um bloqueio exclusivo destinado ao pagamento com cartões bancários. A operação foi desenhada para ser simples, mas sem opções de escolha na tela: o passageiro não poderá selecionar se deseja pagar no débito ou no crédito. O sistema fará a cobrança automática na função que estiver definida como prioritária ou disponível pela instituição bancária emissora do cartão.

As bandeiras aceitas neste piloto cobrem as principais operadoras do mercado brasileiro: Mastercard, Visa e Elo. A universalidade das bandeiras garante que a grande maioria dos bancarizados consiga acessar o sistema, desde que seus cartões plásticos tenham o símbolo de contactless (quatro ondas). Nas estações de maior movimento, o Metrô destacou equipes de funcionários identificados (“Posso Ajudar”) especificamente para orientar os usuários sobre o posicionamento correto do cartão e para reforçar o aviso de que dispositivos móveis não liberarão a passagem.

Uma regra de segurança importante implementada neste piloto é o intervalo de uso. Quem utilizar um cartão para pagar uma passagem só poderá usá-lo novamente na mesma estação após um período de 30 minutos. Essa medida visa impedir pagamentos duplicados acidentais ou o uso do mesmo cartão para passar uma “fila” de pessoas, o que poderia gerar fraudes ou confusão no processamento bancário. O Metrô informou que esse tempo de bloqueio (“cooldown”) poderá ser reduzido no futuro, dependendo da análise dos dados coletados durante os testes.

Regras financeiras e fim da integração

O ponto mais sensível do novo sistema é a questão tarifária. Durante o período do piloto, o pagamento por aproximação cobrará o valor de uma passagem unitária cheia, sem considerar qualquer regra de integração que o passageiro teria direito ao usar o Bilhete Único. Isso significa que, ao passar o cartão de débito ou crédito, o usuário paga o valor integral do metrô e, se precisar pegar um ônibus na sequência, pagará outra tarifa cheia no coletivo. O sistema bancário, nesta fase, opera de forma independente e não se comunica com a rede da SPTrans.

Essa característica torna o uso do cartão bancário desvantajoso para quem faz baldeações entre ônibus e trilhos. A modalidade é recomendada, portanto, para o usuário eventual, turistas ou para quem fará apenas o trajeto de metrô e não possui saldo no Bilhete Único. A conveniência de não enfrentar fila na bilheteria tem como contrapartida a perda do subsídio da integração. É vital que o trabalhador faça as contas antes de encostar o cartão, pois o custo mensal pode aumentar significativamente sem os descontos tradicionais do sistema de transporte paulista.

Além disso, não há previsão de descontos para estudantes ou idosos via cartão bancário. A tarifa cobrada será a padrão vigente para o usuário comum. A fatura do cartão ou o extrato da conta corrente servirão como comprovante da viagem, já que a catraca não emite recibo impresso. O Metrô reforça que ajustes podem ser feitos ao longo dos seis meses de teste, mas, por ora, a regra é clara: praticidade máxima com cartão físico, tarifa cheia e zero integração.

Estações participantes e expansão

A implementação ocorre de forma gradual, mas abrangente. A partir de hoje, a lista de estações da Linha 1-Azul que já aceitam o pagamento inclui terminais cruciais como Jabaquara, Tucuruvi e a movimentada estação da Sé (integração). Na Linha 3-Vermelha, estações vitais para a Zona Leste, como Corinthians-Itaquera e Palmeiras-Barra Funda, também já contam com os validadores ativos. O passageiro deve procurar a sinalização visual nos bloqueios ou pedir auxílio aos funcionários caso tenha dúvidas sobre qual catraca utilizar.

Ainda neste mês de dezembro, o cronograma prevê a ativação do sistema na Linha 2-Verde, que percorre a Avenida Paulista (estações como Brigadeiro, Trianon-Masp e Vila Prudente), e na Linha 15-Prata do monotrilho (Vila Prudente a Jardim Colonial). Essa expansão rápida visa testar a tecnologia em diferentes perfis de demanda e infraestrutura. A expectativa é que, ao final do piloto, a aceitação seja ampliada para todas as catracas, e não apenas uma por estação, e que as restrições tecnológicas (como o bloqueio de celulares) sejam revistas.

Confira abaixo a lista de estações que já estão operando com o sistema a partir desta segunda feira (01/12):

  • – Linha 1-Azul: Tucuruvi, Parada Inglesa, Jardim São Paulo-Ayrton Senna, Santana, Carandiru, Portuguesa-Tietê, Armênia, Tiradentes, Luz, São Bento, Liberdade, São Joaquim, Vergueiro, Paraíso, Ana Rosa, Vila Mariana, Santa Cruz, Praça da Árvore, Saúde-Ultrafarma, São Judas, Conceição, Jabaquara.

  • Linha 3-Vermelha: Palmeiras-Barra Funda, Marechal Deodoro, Santa Cecília, República, Anhangabaú, Sé, Pedro II, Brás, Bresser-Mooca, Tatuapé, Carrão-Assaí Atacadista, Penha-Lojas Besni, Vila Matilde, Guilhermina-Esperança, Patriarca-Vila Ré, Artur Alvim, Corinthians-Itaquera.

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