O cenário político da cidade de Martins Soares, na Zona da Mata mineira, foi abalado na tarde de segunda-feira após o ex-prefeito Fernando Almeida ser baleado enquanto participava de um ato de campanha municipal. O evento ocorria em praça pública e reunia apoiadores de diferentes comunidades rurais. Segundo testemunhas, Almeida conversava com eleitores quando um homem armado se aproximou e efetuou dois disparos, atingindo o ombro e o abdômen do ex-gestor.
A Polícia Militar isolou imediatamente a área, e o ex-prefeito foi socorrido por uma equipe de emergência, sendo encaminhado ao Hospital César Leite, em Manhuaçu. A unidade informou que o paciente foi submetido a cirurgia e permanece em recuperação estável. A comoção local levou centenas de moradores a se reunirem em frente ao hospital, em vigília silenciosa pela melhora do político.
Ataque surpreende eleitores e interrompe comício
O ato fazia parte da agenda eleitoral de uma coligação regional. Aproximadamente trezentas pessoas estavam presentes quando o ruído dos disparos provocou pânico e correria. A equipe de segurança retirou Fernando Almeida do palco em menos de um minuto, evitando agravamento do quadro. Os organizadores suspenderam todas as atividades de campanha e acionaram as forças de segurança estaduais para garantir proteção aos demais participantes.
De acordo com o boletim de ocorrência, o suspeito fugiu em uma motocicleta preta acompanhado de outro indivíduo. Barreiras policiais foram instaladas em rodovias que ligam Martins Soares a Manhuaçu e Lajinha. O delegado responsável pelo caso confirmou que imagens de câmeras de comércios locais estão sendo analisadas e que uma equipe da perícia criminal recolheu cápsulas compatíveis com pistola 9 mm.
Investigação indica possível motivação política
A Polícia Civil trabalha com a hipótese de tentativa de homicídio premeditado com motivação política. Testemunhas afirmam que o suspeito frequentava eventos da cidade, mas não havia registro de ameaças anteriores. O delegado esclareceu que todas as linhas de apuração permanecem abertas e que a motivação eleitoral, embora provável, ainda não está confirmada.
A Secretaria de Segurança Pública de Minas Gerais informou que reforçou o efetivo na região e criou força-tarefa para auxiliar nas investigações. Policiais civis e militares foram deslocados de Manhuaçu e Viçosa, reforçando patrulhas e escoltas em novos atos de campanha.
Reação institucional e manifestações públicas
Autoridades estaduais classificaram o atentado como “ataque covarde à democracia”. O governador Romeu Zema manifestou solidariedade e afirmou que o Estado não tolerará violência política. Em nota, o Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais destacou que o episódio fere princípios democráticos e compromete a liberdade de participação eleitoral.
Lideranças partidárias de diversos campos também condenaram o crime. Dirigentes do PSDB, partido ao qual o ex-prefeito é filiado, pediram investigação rigorosa e proteção a candidatos de pequenas cidades, onde a estrutura de segurança costuma ser limitada. A Associação Mineira de Municípios defendeu políticas estaduais de prevenção à violência política, incluindo treinamento de agentes e mapeamento de risco em eventos públicos.
Perfil político e trajetória regional
Fernando Almeida governou Martins Soares por dois mandatos consecutivos, entre 2013 e 2020. Durante sua gestão, priorizou obras de infraestrutura rural, programas de mecanização agrícola e apoio a cooperativas de café. Após deixar o cargo, manteve atuação como empresário no setor agropecuário e consultor político de base regional.
Mesmo fora do poder, continuava sendo figura influente na articulação partidária da Zona da Mata. Sua presença em comícios e reuniões era considerada estratégica para grupos locais de centro-direita. A agenda do dia do atentado incluía encontros com produtores rurais e visitas a comunidades vizinhas, encerrando-se no evento em que ocorreu o disparo.
Impactos imediatos e clima de tensão
O atentado reacendeu o debate sobre segurança de candidatos no interior do país. Especialistas em comportamento eleitoral afirmam que a escalada de hostilidade e a desinformação nas redes ampliam riscos durante campanhas municipais. O medo de novos incidentes levou partidos a revisar planos de mobilização e a reduzir eventos presenciais.
A população de Martins Soares, de cerca de 8 mil habitantes, vive momento de apreensão. A prefeitura decretou luto oficial de três dias e suspendeu atividades festivas. Igrejas e entidades civis organizaram vigílias e caminhadas pela paz política. O clima de união comunitária, segundo líderes locais, mostra que a violência não intimidará o eleitorado.
Análise e posicionamento de especialistas
Para cientistas políticos, o episódio evidencia fragilidade das estruturas de segurança em municípios menores e a necessidade de integração entre forças estaduais e federais em períodos eleitorais. A inexistência de protocolos padronizados em atos públicos aumenta o risco de improvisação e vulnerabilidade de candidatos.
Juristas consultados destacam que a legislação brasileira tipifica violência política como atentado ao exercício dos direitos civis e eleitorais, podendo ser enquadrada como crime contra o Estado Democrático de Direito. A efetiva punição dos envolvidos é considerada essencial para restaurar a confiança institucional.
Perspectivas e retomada das campanhas
O comando da coligação apoiada por Almeida informou que retomará as atividades somente após garantia formal de segurança. O hospital de Manhuaçu informou que o ex-prefeito permanece consciente e com quadro estável. Ele deverá ser transferido para unidade especializada em Belo Horizonte nas próximas horas.
A expectativa é de que a recuperação física ocorra nas próximas semanas. Entretanto, o impacto político tende a se prolongar, influenciando a narrativa eleitoral em todo o Vale do Caparaó. O episódio também reacende discussões sobre limites do discurso de ódio e a necessidade de campanhas educativas voltadas à convivência democrática.
Conclusão e relevância social
O atentado contra o ex-prefeito Fernando Almeida representa mais do que um crime isolado: simboliza o risco crescente da intolerância política em ambientes locais. O desdobramento das investigações será determinante para restaurar a sensação de segurança e reafirmar o compromisso das instituições com a integridade do processo eleitoral.
A violência política ameaça a pluralidade e compromete o direito ao voto livre. Em Martins Soares, a sociedade reage com mobilização pacífica, defendendo a reconstrução da confiança pública. A lição é clara: a democracia se fortalece quando o diálogo prevalece sobre a agressão.