Tragédia em Uberlândia: Menino de 5 anos morre após queda do 12º andar

Matthew Cruz Mussa usou cadeira para alcançar janela basculante enquanto estava sozinho no apartamento, Polícia Civil investiga abandono de incapaz e ouve familiares.

A imagem ilustrativa mostra o cenário de uma ocorrência policial em um condomínio vertical. Em primeiro plano, vê-se o giroflex de uma viatura ou a fita zebrada de isolamento ("Polícia"). Ao fundo, desfocado para preservar a identidade e o local exato, ergue-se a silhueta de um prédio residencial alto sob a luz da manhã.
Caso ocorreu no bairro Grand Ville; menino caiu de uma altura de 36 metros.

A manhã desta sexta-feira (28) foi marcada por um episódio de profunda tristeza e choque no bairro Grand Ville, em Uberlândia, no Triângulo Mineiro. O silêncio matinal do condomínio Residencial Mirante dos Ventos foi rompido por uma tragédia que tirou a vida do pequeno Matthew Cruz Mussa, de apenas 5 anos. O menino morreu após cair da janela do banheiro do apartamento onde morava com a família, localizado no 12º andar. O caso gerou comoção imediata na cidade e levantou debates urgentes sobre segurança doméstica e responsabilidade parental em condomínios verticais.

Segundo as primeiras informações apuradas pela Polícia Militar e pelo Corpo de Bombeiros, o acidente ocorreu por volta das 7h25. Quando as equipes de resgate chegaram ao local, encontraram a criança já em parada cardiorrespiratória, com múltiplos ferimentos incompatíveis com a vida devido à altura da queda, estimada em cerca de 36 metros. O óbito foi constatado ali mesmo, no pátio do prédio, deixando vizinhos e testemunhas em estado de choque. A mãe da criança chegou à cena instantes após a queda, entrando em desespero ao se deparar com o filho sem vida.

Dinâmica do acidente fatal

A perícia técnica da Polícia Civil esteve no apartamento para reconstruir os passos de Matthew antes da queda. O cenário encontrado pelos investigadores aponta para uma fatalidade impulsionada pela curiosidade infantil e pela ausência de barreiras físicas. O menino teria utilizado uma mesinha e uma cadeira de plástico para conseguir escalar até a altura da janela do banheiro. Diferente dos outros cômodos da residência, que possuíam redes de proteção, a janela do banheiro era do tipo basculante e estava desprotegida, o que permitiu a passagem do corpo da criança.

A ausência da rede de proteção naquele ponto específico se deve, muitas vezes, à dificuldade de instalação em janelas que abrem para fora, um padrão comum em edifícios. No entanto, essa brecha na segurança se provou fatal. A polícia trabalha com a hipótese de que o menino, ao se ver sozinho, tenha tentado olhar para fora, talvez procurando pela mãe ou distraído com algo na rua, quando se desequilibrou. O uso dos móveis como “escada” demonstra a capacidade das crianças de improvisar para alcançar seus objetivos, o que exige vigilância constante dos responsáveis.

Investigação sobre os pais

Um dos pontos centrais da investigação policial recai sobre a localização dos responsáveis no momento do incidente. Foi confirmado que o pai do garoto já havia saído para o trabalho. A mãe, por sua vez, relatou às autoridades que havia descido para a academia do próprio condomínio por volta das 6h30, deixando o filho dormindo sozinho no apartamento. O acidente aconteceu cerca de 40 minutos depois que ela deixou a unidade. Essa informação levou a Polícia Militar a conduzir a mãe para a delegacia sob suspeita preliminar de abandono de incapaz com resultado morte.

Na delegacia, a mulher foi ouvida pelo delegado de plantão. Muito abalada e sob efeito de medicamentos, ela prestou depoimento e foi liberada posteriormente. A autoridade policial entendeu, neste primeiro momento, que não caberia a ratificação da prisão em flagrante, optando por dar prosseguimento ao inquérito com a mãe em liberdade. O caso segue sob análise minuciosa da Polícia Civil, que aguarda laudos periciais complementares e depoimentos de vizinhos para determinar se haverá indiciamento formal por negligência ou abandono.

Alerta de segurança em edifícios

A tragédia em Uberlândia reacende o alerta vermelho para famílias que vivem em andares altos com crianças pequenas. Especialistas em segurança doméstica são unânimes: não existe “lugar seguro” ou “rapidinho” quando se trata de menores de idade sozinhos em casa. A instalação de redes de proteção certificadas deve cobrir 100% das aberturas, incluindo basculantes de banheiros e áreas de serviço, que muitas vezes são negligenciados. Além disso, o afastamento de móveis que possam servir de degrau próximo às janelas é uma medida preventiva básica e obrigatória.

O corpo de Matthew foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) de Uberlândia e liberado para a família. O velório e o sepultamento ocorrerão na cidade de Ituiutaba, terra natal dos familiares. Enquanto a investigação segue os trâmites legais, resta a dor de uma perda irreparável e a lição duríssima para toda a sociedade sobre a vigilância ininterrupta que a infância exige. O condomínio, em luto, deve reforçar campanhas internas de conscientização para evitar que novos pesadelos como este se repitam.

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