Raio mata metade de rebanho e expõe riscos rurais

Descarga elétrica provocada por raio atingiu poste de energia próximo à propriedade rural em Trairão e matou aproximadamente metade dos bovinos que estavam no pasto durante madrugada.

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Bovinos mortos no pasto após descarga elétrica de raio em fazenda de Trairão no Pará, com poste de energia danificado visível ao lado esquerdo da imagem
Bovinos mortos espalhados pelo pasto em fazenda do distrito de Caracol, Trairão, após raio atingir poste de energia e descarga elétrica se propagar pelo solo na madrugada de 20 de novembro de 2025

Metade de um rebanho bovino morreu após forte descarga elétrica atingir fazenda no distrito de Caracol, em Trairão, sudoeste do Pará. O incidente ocorreu na madrugada de quinta-feira, 20 de novembro. Segundo relatos preliminares, raio atingiu poste de energia próximo à propriedade rural, desencadeando sequência de descargas que se propagou pelo solo. A corrente elétrica alcançou gado que estava no pasto durante período noturno de descanso. O caseiro da fazenda se deparou com cena trágica ao chegar para trabalhar nas primeiras horas da manhã. Ele encontrou diversos bovinos caídos espalhados pela área, muitos já sem vida após impacto imediato.

A suspeita é que animais tenham sido atingidos logo após impacto do raio quando corrente elétrica se espalhou pelo terreno. Imagens que circulam nas redes sociais mostram dimensão do prejuízo com dezenas de animais espalhados pelo pasto. As circunstâncias do ocorrido ainda serão analisadas por técnicos especializados em sistemas elétricos. O prejuízo para proprietários da fazenda é considerado significativo, já que metade do rebanho foi perdido em único evento climático. A perda representa impacto financeiro substancial, embora valor total ainda não tenha sido divulgado oficialmente pelos responsáveis.

Especialistas explicam propagação da corrente elétrica pelo solo

Especialistas em fenômenos elétricos explicam que situações como essa são possíveis devido à forma como raios se comportam. Ao atingir solo ou estruturas próximas como postes, corrente elétrica se espalha horizontalmente pelo terreno. A propagação afeta tudo que estiver em contato direto com chão no momento da descarga. Em áreas de pastagem, animais tendem a ser ainda mais vulneráveis devido à distância entre patas. Essa separação facilita diferença de potencial elétrico entre pontos tocados pelo corpo do animal simultaneamente. A corrente elétrica passa através do corpo ao buscar caminho de menor resistência para terra.

O fenômeno técnico é conhecido como tensão de passo e representa um dos principais riscos para rebanhos durante tempestades. Quanto maior a distância entre membros do animal, maior a voltagem que atravessa o corpo. Bovinos adultos são particularmente vulneráveis por terem corpo alongado e patas relativamente distantes entre si. Especialistas recomendam que produtores rurais adotem medidas preventivas para proteger rebanhos durante períodos chuvosos. Construção de abrigos adequados e instalação de sistemas de proteção contra descargas atmosféricas são medidas fundamentais. Porém, muitos pequenos e médios produtores enfrentam dificuldades financeiras para implementar todas as proteções recomendadas.

Expectativa de análise técnica do sistema elétrico regional

A expectativa agora é que técnicos avaliem sistema elétrico da região e investiguem possível falha no poste atingido. Profissionais especializados precisam identificar número exato de animais mortos para dimensionar prejuízo real. Produtores rurais aguardam orientações sobre medidas de proteção preventivas como instalação de para-raios ou reforço de aterramento. Essas medidas podem evitar novos incidentes semelhantes durante próximas temporadas de chuvas intensas. Concessionária de energia elétrica responsável pela região deve avaliar condições da infraestrutura local em toda extensão.

A investigação também verificará se manutenção adequada dos postes foi realizada conforme padrões de segurança exigidos. Postes antigos ou mal conservados podem representar riscos adicionais durante tempestades com raios. Especialistas alertam que infraestrutura elétrica rural frequentemente carece de manutenção preventiva adequada no Brasil. Muitas regiões remotas operam com equipamentos defasados que aumentam vulnerabilidade durante fenômenos climáticos extremos. Produtores rurais reivindicam investimentos em modernização de redes elétricas e sistemas de proteção mais robustos. Porém, custos elevados de instalação e manutenção dificultam implementação de soluções em áreas menos povoadas.

Brasil registra cerca de 78 milhões de raios anualmente

O Brasil é atingido por aproximadamente 78 milhões de raios todos os anos conforme dados de monitoramento atmosférico. Essas descargas atmosféricas já mataram mais de 2 mil pessoas entre 2000 e 2017 segundo levantamentos oficiais. Vale destacar que animais também sofrem significativamente com problema, especialmente em propriedades rurais expostas. Por isso, é fundamental saber como prevenir morte de bovinos por raios através de medidas adequadas. Adotar medidas de proteção evita muitos prejuízos e permite que período de chuvas fortes não afete produção.

É comum encontrar na mídia relatos de dezenas ou até centenas de casos de gado morto por raios. Os pastos, por serem áreas abertas e desprotegidas, apresentam grande probabilidade de serem afetados por esse fenômeno. Durante períodos de tempestades intensas e prolongadas durante transição da primavera para verão, há elevada incidência. Embora seja raro que raio atinja diretamente um bovino, isso pode ocorrer em proporções menos comuns. É instintivo que, ao iniciar chuva, bovinos se aproximem das cercas em busca de proteção física. Isso acontece principalmente em áreas desprovidas de abrigos contra chuva e sol simultaneamente.

Cercas representam risco adicional durante descargas elétricas

As cercas podem representar risco significativo de morte para gado em caso de raios e descargas elétricas. Quando raio atinge cerca, descarga elétrica se propaga por toda estrutura metálica instantaneamente. O perigo é especialmente elevado se cerca for composta por arame farpado que conduz eletricidade eficientemente. Especialistas recomendam que cada 100 metros de cerca sejam interrompidos com isolantes elétricos adequados. Dessa forma, haverá isolamento da descarga elétrica impedindo propagação contínua por toda extensão. O isolamento evita que energia emitida pelo raio seja contínua em toda extensão da cerca.

Para isolamento da cerca com baixo custo, produtor pode aderir ao uso de isoladores específicos. Esses dispositivos evitam que energia seja contínua, aguenta tração de até 900 quilos garantindo segurança. A aplicação é fácil, não exigindo uso de máquinas ou ferramentas complexas, apenas alicate de corte. Além do isolamento, é fundamental implementar sistema adequado de aterramento em toda propriedade rural. O aterramento permite que energia possa ser conduzida diretamente à terra sem afetar animais próximos. Essas medidas preventivas representam investimento relativamente acessível comparado aos prejuízos de perder rebanho inteiro. Porém, conscientização sobre importância dessas proteções ainda é limitada entre pequenos produtores rurais brasileiros.

Construção de galpões oferece proteção efetiva contra tempestades

Para pequenos e médios produtores, construir galpão representa sugestão direta de proteção efetiva. Em regiões propensas a tempestades, especialmente as torrenciais, esta é melhor forma de proteger gado. Inclusão de para-raios no teto do galpão elimina qualquer possibilidade de descarga atingir animais abrigados. Galpões devem ser dimensionados adequadamente para comportar todo rebanho durante períodos críticos de tempestades. Embora árvores sejam excelentes para proteção contra sol durante dias normais, representam grande risco durante chuvas. Ao identificar primeiros sinais de tempestade como acúmulo de nuvens no céu, deve-se evitar que gado fique sob árvores.

Árvores isoladas em campo aberto se caracterizam como pontos mais altos e tendem a atrair raios. Tocar animais para local protegido e seguro aos primeiros sinais de tempo fechado vale a pena. Outra recomendação importante é evitar que gado fique todo junto durante tempestades em áreas abertas. Se animais estiverem agrupados, há grandes chances de todos morrerem simultaneamente com descarga de alto impacto. Espalhar rebanho de forma estratégica reduz risco de perda total em caso de incidente com raios. Especialistas também recomendam monitoramento constante de previsões meteorológicas durante períodos de maior risco sazonal.

Incidentes semelhantes ocorrem com frequência em diferentes estados

Casos de gado morto por raios são registrados com frequência em estados brasileiros com atividade pecuária intensa. Em outubro de 2024, incidente semelhante em Rondônia resultou na morte de 98 cabeças de gado. O caso ocorreu em propriedade rural na linha 105, setor Vila Bosco, em Parecis durante forte temporal. O dono da propriedade, que estava em outra localização, foi informado pelo caseiro sobre situação trágica. O caseiro, ao verificar pastos, encontrou rebanho sem vida espalhado pela área de pastagem. Aparentemente era rebanho de matrizes comerciais, e prejuízo alcançou aproximadamente R$ 400 mil conforme preços praticados.

Em outros estados como Paraíba, doze animais morreram após serem atingidos por raio em propriedade de Ingá. O acidente ocorreu quando raio atingiu cerca e descarga elétrica gerada matou quatro vacas e oito bezerros. Em Rondônia, outro incidente resultou na morte de 24 cabeças de gado incluindo 13 vacas e 11 bezerros. Esses casos recorrentes demonstram vulnerabilidade da pecuária a fenômenos climáticos extremos em todo território nacional. Especialistas alertam que mudanças climáticas podem intensificar frequência e intensidade de tempestades com raios. Produtores precisam se preparar melhor para enfrentar esses desafios crescentes na atividade pecuária moderna.

Prejuízos financeiros podem comprometer viabilidade de pequenas propriedades

Os prejuízos financeiros decorrentes de perda de rebanho por raios podem ser devastadores para pequenos produtores. Valor de mercado de bovinos adultos varia conforme raça, peso e condições, mas geralmente representa investimento significativo. Perda de metade do rebanho pode inviabilizar operação de propriedades menores sem reservas financeiras adequadas. Muitos produtores não possuem seguro rural que cubra perdas decorrentes de fenômenos climáticos extremos. A contratação de seguros específicos ainda é limitada no Brasil devido a custos elevados e burocracia. Sem proteção financeira, produtores arcam integralmente com prejuízos e precisam reconstruir rebanho do zero.

Além do valor direto dos animais perdidos, há custos indiretos significativos que impactam operação. Perda de produção de leite em caso de vacas leiteiras afeta receita mensal da propriedade. Interrupção de ciclos reprodutivos planejados compromete estratégias de melhoramento genético de longo prazo. Descarte de carcaças também gera custos, pois animais mortos por raios não podem ser consumidos. Legislação sanitária proíbe comercialização de carne de animais mortos por causas não controladas sanitariamente. O procedimento adequado diante dessa situação é enterro dos corpos em vala conforme orientações veterinárias. Esses custos adicionais agravam situação financeira já comprometida pela perda do rebanho principal.

Políticas públicas de apoio ao setor pecuário são insuficientes

Especialistas em desenvolvimento rural argumentam que políticas públicas de apoio ao setor pecuário são insuficientes. Programas de assistência técnica nem sempre alcançam produtores em regiões remotas como interior do Pará. Investimentos em infraestrutura elétrica rural são limitados e concentrados em áreas de maior densidade populacional. Pequenos produtores frequentemente carecem de recursos para implementar todas medidas preventivas recomendadas por especialistas. Linhas de crédito específicas para investimentos em proteção contra riscos climáticos são escassas e burocráticas. Falta de assistência especializada dificulta adoção de melhores práticas de manejo durante períodos de risco climático.

Organizações representativas do setor pecuário reivindicam programas específicos de mitigação de riscos climáticos para produtores. Subsídios para instalação de sistemas de proteção contra raios poderiam reduzir vulnerabilidade de propriedades rurais. Campanhas educativas sobre medidas preventivas precisam alcançar produtores em todas regiões do país de forma efetiva. Parcerias entre governo, setor privado e organizações técnicas podem ampliar cobertura de assistência técnica especializada. Especialistas defendem que investimento em prevenção é mais eficiente economicamente que lidar com prejuízos recorrentes. Redução de perdas na pecuária contribui para segurança alimentar e estabilidade econômica de comunidades rurais brasileiras.

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