Moradores aprovam megaoperação no Rio diz pesquisa

Levantamentos da Quaest, AtlasIntel e Paraná Pesquisas indicam apoio majoritário à Operação Contenção, mas revelam preocupação com segurança e controvérsias sobre uso da força policial

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Policiais e veículos blindados durante megaoperação no Rio de Janeiro, realizada à noite, em ação de combate ao crime organizado.
Policiais e blindados do CORE participam de megaoperação no Rio de Janeiro. Pesquisas recentes apontam que a maioria dos moradores da capital fluminense aprova a ação de segurança pública.

Rio de Janeiro – Múltiplas pesquisas confirmam que aprovam megaoperação Rio moradores em percentuais expressivos. A Operação Contenção, deflagrada em 28 de outubro, mobilizou 2.500 policiais nos Complexos do Alemão e da Penha. Entretanto, o resultado de 121 mortos acendeu debates intensos sobre os limites da força policial. Além disso, organizações internacionais questionaram a proporcionalidade da ação. Assim, o tema dividiu especialistas em segurança pública e direitos humanos no Brasil.

População Fluminense Apoia Ação Policial nos Complexos

De acordo com a Genial/Quaest, 64% dos fluminenses apoiam a operação das forças de segurança. O instituto ouviu 1.500 pessoas entre 21 e 24 de outubro com margem de erro de 2,5 pontos. Enquanto isso, apenas 27% desaprovam a ação, e 6% permaneceram neutros sobre o tema. Portanto, os números revelam uma tendência clara de aprovação popular à iniciativa do governo estadual.

Paralelamente, o Paraná Pesquisas apresentou dados ainda mais contundentes sobre a questão. O levantamento entrevistou 800 moradores da capital em 30 de outubro. Consequentemente, 69,6% declararam apoio à megaoperação, enquanto 25,8% se posicionaram contra a ação. Ademais, 4,6% não souberam ou preferiram não opinar sobre o assunto polêmico.

Por outro lado, a AtlasIntel trouxe o recorte mais detalhado sobre diferentes grupos populacionais. A pesquisa ouviu 1.089 brasileiros entre 29 e 30 de outubro pelo método digital aleatório. Dessa forma, identificou que 62,2% dos cariocas aprovam a operação realizada pelas polícias estaduais. Contudo, o dado mais surpreendente aparece entre os moradores de áreas mais vulneráveis.

Residentes de Comunidades Demonstram Maior Aprovação da Ação

Surpreendentemente, 87,6% dos moradores de favelas cariocas apoiam a iniciativa das forças de segurança. A AtlasIntel revelou que apenas 12,1% desse grupo desaprovam a megaoperação nos complexos. Portanto, aprovam megaoperação Rio moradores que vivem diretamente sob influência do crime organizado. Aliás, esse percentual supera significativamente a aprovação da população geral da cidade do Rio.

Nacionalmente, 80,9% dos residentes em favelas de outras cidades também apoiam a ação policial. Isso demonstra que a percepção sobre segurança varia conforme a proximidade com o problema. Todavia, críticos argumentam que o apoio pode refletir medo de retaliação dos grupos criminosos. Ou seja, moradores podem temer expressar desaprovação às ações contra facções que dominam seus territórios.

Especialistas em segurança pública ponderam que o alto apoio revela algo mais profundo. Primeiramente, indica o desespero de comunidades abandonadas pelo Estado por décadas consecutivas. Além disso, mostra como o domínio territorial das facções impacta negativamente a vida dessas pessoas. Igualmente, revela que moradores anseiam por presença efetiva do poder público em seus bairros.

Detalhes da Operação Mais Letal da História Estadual

A Operação Contenção tinha como meta cumprir 100 mandados de prisão contra o Comando Vermelho. Aproximadamente 2.500 agentes das polícias Civil e Militar participaram da ação coordenada pelo governo. Consequentemente, foram presas 113 pessoas e apreendidos 118 armamentos, incluindo 93 fuzis de guerra. Também foram recolhidas mais de uma tonelada de drogas em 26 comunidades da Zona Norte.

Durante os confrontos, organizações criminosas utilizaram drones para lançar explosivos contra as equipes policiais. Ademais, incendiaram barricadas e bloquearam importantes vias da cidade com 71 ônibus atravessados. Portanto, a reação dos criminosos paralisou grande parte da mobilidade urbana da capital fluminense. Entretanto, o principal alvo da operação, Edgar Alves de Andrade (Doca), não foi capturado.

Contudo, questionamentos surgem sobre a desproporcionalidade entre objetivos e resultados alcançados pela operação. Inicialmente, o governo planejava prender 100 integrantes do Comando Vermelho em áreas estratégicas. Posteriormente, o balanço mostrou 121 mortos contra apenas 113 prisões realizadas pelas forças estaduais. Isso levanta dúvidas sobre a efetividade da estratégia adotada pelas autoridades de segurança.

Governo Castro Registra Aumento Significativo de Popularidade

O governador Cláudio Castro (PL) experimentou crescimento expressivo em sua avaliação após a operação. Sua aprovação saltou de 43% para 53% segundo o último levantamento da Quaest. Além disso, a percepção sobre segurança pública melhorou de 22% para 39% de avaliações positivas. Portanto, politicamente a megaoperação trouxe dividendos importantes para o governo estadual do Rio.

Entretanto, 40% dos entrevistados acreditam que a operação visava principalmente aumentar a popularidade do governador. Enquanto isso, 54% consideram que o combate ao crime organizado motivou a ação policial. Assim, a percepção sobre as reais intenções do governo permanece dividida entre os cidadãos fluminenses. Aliás, essa divisão reflete desconfianças históricas sobre motivações políticas em operações de grande repercussão.

Percepção Contraditória Sobre Segurança Preocupa Especialistas

Paradoxalmente, 52% dos entrevistados afirmam que o estado ficou menos seguro após a operação. Apenas 35% dizem sentir-se mais seguros depois da megaoperação nos Complexos do Alemão. Portanto, aprovam megaoperação Rio moradores, mas não necessariamente sentem-se mais protegidos após os eventos. Isso revela uma contradição preocupante entre aprovação da ação e sensação real de segurança.

Especialistas explicam que essa contradição reflete a complexidade da questão da segurança pública urbana. Primeiramente, moradores apoiam ações enérgicas contra o crime organizado que os oprime diariamente. Entretanto, reconhecem que operações pontuais não resolvem problemas estruturais das comunidades abandonadas pelo Estado. Ademais, temem retaliações posteriores dos grupos criminosos contra moradores das áreas afetadas pelas ações.

Debate Sobre Proporcionalidade do Uso da Força Divide Opiniões

Nacionalmente, 52,5% dos brasileiros consideram adequado o nível de violência empregado pelas polícias estaduais. Porém, 45,8% avaliam o uso da força como excessivo para os objetivos da operação. O Paraná Pesquisas perguntou especificamente sobre exageros: 60,1% responderam que não houve excessos policiais. Todavia, 29,4% afirmaram que os agentes exageraram na aplicação da força contra suspeitos.

Organizações de direitos humanos criticaram duramente a letalidade da Operação Contenção realizada pelo governo. A ONU solicitou investigações independentes sobre possíveis execuções e violações de direitos fundamentais dos moradores. Ademais, a Anistia Internacional e mais 29 entidades brasileiras manifestaram preocupação com os métodos empregados. Igualmente, o Ministério Público do Rio de Janeiro instaurou inquéritos para apurar denúncias de torturas.

Moradores retiraram aproximadamente 60 corpos de áreas de mata do Complexo da Penha no dia seguinte. Segundo familiares, os corpos apresentavam marcas de tortura e ferimentos incompatíveis com confrontos. Além disso, denunciaram que policiais removeram roupas e pertences dos mortos antes da perícia oficial. Consequentemente, o secretário de Polícia Civil instaurou inquérito por fraude processual para investigar as alegações.

Repercussão Política Amplifica Divisões Entre Esquerda e Direita

O presidente Lula (PT) enfrenta forte rejeição entre fluminenses: 64% desaprovam seu governo estadualmente. Ademais, 60% consideram negativa sua atuação em relação à Operação Contenção nos complexos. Enquanto isso, 59% desaprovam especificamente a atuação presidencial em segurança pública no Rio. Portanto, o tema aprofunda desgastes políticos do governo federal em território fluminense estratégico para 2026.

Entre eleitores de direita, 92% apoiam a megaoperação, índice que sobe para 93% entre bolsonaristas. Entretanto, 59% dos lulistas desaprovam a ação, e na esquerda não lulista a rejeição alcança 70%. Portanto, aprovam megaoperação Rio moradores alinhados à direita política com quase unanimidade. Aliás, a divisão ideológica sobre segurança pública nunca se mostrou tão evidente quanto neste episódio.

População Defende Continuidade de Ações Semelhantes nas Comunidades

A pesquisa AtlasIntel indica que 56% dos brasileiros defendem novas megaoperações contra o crime organizado. Enquanto isso, 35% são contra a repetição de ações com essa letalidade em comunidades. No Rio, o apoio sobe para 62% favoráveis a novas operações contra 32% contrários. Além disso, 58% dos fluminenses consideram a Operação Contenção um sucesso, contra 32% que avaliam como fracasso.

Por faixa de renda, a classe média demonstra maior apoio às ações policiais de grande porte. Entre quem ganha de dois a cinco salários mínimos, 69% aprovam a operação realizada. Contudo, nos segmentos de maior renda, a aprovação cai para 55% dos entrevistados. Já entre os mais pobres, 62% aprovam, mas 14% permanecem indecisos sobre o tema.

Regionalmente, a Baixada Fluminense concentra o maior índice de apoio com 73% de aprovação. A capital apresenta 68% de aprovação entre seus moradores para ações contra o crime organizado. Isso demonstra que aprovam megaoperação Rio moradores de diferentes regiões e classes sociais. Todavia, o apoio varia conforme proximidade com áreas dominadas por facções criminosas há décadas.

Contexto Histórico Revela Padrão de Operações Letais no Estado

A Operação Contenção superou em letalidade todas as ações policiais anteriores realizadas no estado. Em 2021, a operação do Jacarezinho deixou 28 mortos e foi amplamente criticada nacionalmente. Posteriormente, em 2022, a ação na Vila Cruzeiro resultou em 24 mortes sob circunstâncias controversas. Todas essas operações ocorreram durante a gestão do governador Cláudio Castro no governo estadual.

Críticos argumentam que o governo estadual adotou uma estratégia de confronto como política permanente. Ademais, questionam a ausência de políticas sociais complementares que poderiam reduzir o domínio territorial. Igualmente, apontam que operações pontuais não desarticulam estruturas financeiras do crime organizado institucionalizado. Portanto, defendem abordagens integradas que combinem repressão qualificada com presença social do Estado.

Defensores das operações argumentam que o Estado precisa retomar seu monopólio legítimo da força. Além disso, afirmam que décadas de omissão permitiram que facções construíssem verdadeiros paraestados nesses territórios. Consequentemente, apenas ações enérgicas conseguiriam quebrar esse domínio territorial consolidado por anos de abandono. Entretanto, reconhecem que operações isoladas não resolvem problemas sociais estruturais dessas comunidades historicamente negligenciadas.

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