Tiroteio Cidade Alta fecha Avenida Brasil

Confronto entre policiais e criminosos fecha vias expressas na zona norte do Rio. Trens, BRT e linhas de ônibus alteram rotas durante operação.

Veículos parados na Avenida Brasil com coluna de fumaça escura ao fundo durante operação policial na Cidade Alta zona norte do Rio
Operação policial no Complexo de Israel gera intenso tiroteio e fecha Avenida Brasil nos dois sentidos. Fumaça de veículos incendiados é vista ao fundo durante confronto na zona norte do Rio nesta quarta-feira (12).

Intenso tiroteio na região da Cidade Alta interditou a Avenida Brasil nos dois sentidos durante operação policial nesta quarta-feira (12). O confronto entre agentes de segurança e criminosos começou na madrugada e se estendeu pela manhã. A Polícia Civil realizou megaoperação no Complexo de Israel visando cumprir dezenas de mandados de prisão contra integrantes do Terceiro Comando Puro.

O Centro de Operações e Resiliência informou que as interdições ocorreram na altura da Cidade Alta. Imagens compartilhadas nas redes sociais mostram carros voltando na contramão e pessoas se jogando no chão para se proteger. Passageiros de ônibus buscaram abrigo durante troca de tiros.

Confronto armado paralisa principal via carioca

Equipes do Batalhão de Choque, Batalhão de Vias Expressas e Batalhão de Olaria atuaram na região. A Coordenadoria de Recursos Especiais da Polícia Civil também participou da ação emergencial. A operação baseou-se em dados de inteligência coletados durante sete meses de investigações.

Um helicóptero da Polícia Militar foi atingido durante o confronto. A aeronave precisou fazer pouso forçado no Comando Naval da Marinha. Inicialmente, autoridades informaram que helicóptero da Polícia Civil também teria sido atingido, mas a informação foi corrigida posteriormente.

A Polícia Rodoviária Federal registrou reflexos no trânsito da BR-040. Motoristas enfrentaram congestionamentos quilométricos nas vias alternativas. O aplicativo Onde Tem Tiroteio recebeu centenas de alertas sobre confrontos na zona norte.

Operação policial atinge transporte público fluminense

O serviço de BRT ficou interrompido entre estações Cidade Alta e Mercado São Sebastião da Transbrasil. Segundo o BRT Mobi-Rio, a operação afetou corredor inteiro durante período matutino. Linhas 60, 61 e 71 operaram com intervalos irregulares.

A SuperVia informou que circulação de trens funcionou apenas entre Central do Brasil até Penha e Duque de Caxias até Saracuruna. Cinco estações permaneceram fechadas para embarque e desembarque. Penha Circular, Brás de Pina, Cordovil, Parada de Lucas e Vigário Geral suspenderam operações.

Rio Ônibus notificou desvios em 20 linhas municipais. A entidade emitiu nota solicitando providências às autoridades de segurança pública. O texto ressalta necessidade urgente de devolver direito de viver em paz à população carioca.

Um ônibus da Transportadora Tinguá foi atingido por disparos na Avenida Brasil. O veículo fazia linha 493 entre Ponto Chic e Central quando recebeu tiros na altura de Cordovil. Pelo menos um passageiro ficou ferido e outros sofreram ferimentos por estilhaços de vidro.

Complexo Israel registra intensa troca tiros

A ação policial teve como alvo Álvaro Malaquias Santa Rosa, conhecido como Peixão. O traficante comanda o Terceiro Comando Puro no Complexo de Israel. Ele possui mais de 30 anotações criminais e controla comunidades de Vigário Geral, Parada de Lucas, Cidade Alta, Cinco Bocas e Pica-Pau.

Peixão ficou conhecido por adotar postura religiosa identificando-se como traficante evangélico. O criminoso espalha símbolos judaicos pela região e expulsa moradores de religiões de matriz africana. Investigações apontam práticas de intolerância religiosa sistemática nas áreas dominadas.

Agentes receberam informação de que o traficante estaria em casa no Complexo de Israel. A Polícia Civil acredita que Peixão estava em uma das duas propriedades investigadas. Os imóveis possuem áreas de lazer, academia e até lago artificial.

O criminoso conseguiu fugir antes da chegada dos agentes. Estratégias de guerra urbana dificultam ações policiais no território. Facção utiliza drones para monitorar movimentação das forças de segurança.

Megaoperação mobiliza forças segurança estaduais

Investigações revelaram estrutura criminosa altamente organizada. O grupo impõe toque de recolher para moradores e mantém barricadas permanentes. Facção estabeleceu monopólio de serviços básicos nas comunidades dominadas.

Polícia descobriu núcleo especializado em derrubar aeronaves policiais. Criminosos receberam treinamento específico para utilizar armamento pesado contra helicópteros. A tática representa escalada na violência enfrentada pelas forças de segurança.

Ao todo, foram identificados 44 traficantes sem mandados judiciais anteriores. Autoridades solicitaram novas ordens de prisão baseadas em provas coletadas. A Delegacia de Repressão a Entorpecentes conduziu investigações com apoio de outras delegacias.

Secretaria Municipal de Educação informou que 16 unidades escolares foram impactadas. Três escolas em Cinco Bocas e Pica-Pau suspenderam atividades. Cinco unidades em Vigário Geral e Parada de Lucas fecharam. Oito escolas na Cidade Alta interromperam aulas.

Pelo menos quatro pessoas ficaram feridas durante operação. Paulo Roberto de Souza, 60 anos, foi atingido na cabeça e deu entrada em óbito no Hospital Municipal Doutor Moacyr Rodrigues do Carmo. Geneilson Eustáquio Ribeiro, 49 anos, sofreu perfuração craniana e foi entubado em estado gravíssimo.

Alayde dos Santos Mendes, 24 anos, recebeu atendimento com perfuração na coxa direita. Seu quadro permanece estável em acompanhamento médico. Manoel Americo da Silva, 60 anos, foi baleado no ombro esquerdo dentro de ônibus e recebeu alta hospitalar com encaminhamento ambulatorial.

Esta não é primeira vez que Cidade Alta registra operações de grande porte. Em outubro de 2024, ação semelhante fechou Avenida Brasil causando pânico entre moradores. Em fevereiro deste ano, confrontos fecharam via principal pelo segundo dia consecutivo.

A região enfrenta disputas territoriais constantes entre facções rivais. Comando Vermelho tenta expandir domínio em áreas controladas pelo Terceiro Comando Puro. Conflitos resultam em tiroteios frequentes prejudicando rotina dos moradores.

Rio de Janeiro não possui política de segurança pública efetiva para resolver problema estrutural. Governador Cláudio Castro enfrenta críticas pela ausência de estratégias coordenadas. Especialistas defendem esforço nacional envolvendo todas esferas governamentais.

Combate ao crime organizado exige ataque a fluxos financeiros e patrimoniais. Fortalecimento de corregedorias independentes mostra-se necessário. Enfrentamento da corrupção dentro do Estado representa ponto crucial para mudança.

Operações pontuais apenas deslocam violência sem resolver causas fundamentais. Ciclo de poder entre crime, política e polícia alimenta perpetuação do problema. Países que obtiveram sucesso no combate ao narcotráfico atuaram de forma coordenada.

0 0 votos
Classificação do artigo
Inscrever-se
Notificar de
0 Comentários
mais antigos
mais recentes Mais votado
Feedbacks embutidos
Ver todos os comentários