Caos em SP: Ventania de 98km/h deixa 1 milhão sem luz e fecha aeroportos

Ciclone extratropical provoca rajadas severas, derruba decoração da Paulista, paralisa trens da CPTM e coloca Defesa Civil em alerta máximo para novos desabamentos.

Uma árvore de grande porte está caída transversalmente sobre a calçada e parte do asfalto, com a raiz arrancada e exposta; no canto direito, um cone laranja da CET sinaliza a interdição da via em frente a um prédio de muro vermelho.
Força do vento arrancou árvores pela raiz, bloqueando ruas e atingindo a rede elétrica; CET atua para sinalizar os diversos pontos de interdição na capital. (Foto: Reprodução)

Uma quarta-feira de caos e escuridão tomou conta da Grande São Paulo neste dia 10 de dezembro. Uma ventania severa, impulsionada pela passagem de um ciclone extratropical, atingiu a metrópole com força devastadora, deixando um rastro de destruição que afeta diretamente a rotina de milhões de paulistanos. Até o início da tarde, mais de 1,1 milhão de imóveis estavam sem energia elétrica na região metropolitana, segundo balanço inicial da concessionária Enel, número que escalou rapidamente para 2 milhões no decorrer do dia. Além do apagão massivo, a infraestrutura da cidade colapsou: dezenas de árvores bloquearam vias cruciais, 12 parques municipais e estaduais foram fechados às pressas e os aeroportos de Congonhas e Guarulhos enfrentaram cancelamentos em massa, deixando milhares de passageiros em solo.

O cenário nas ruas é de alerta máximo. A Defesa Civil do Estado registrou rajadas de vento que chegaram a impressionantes 98,1 km/h na região da Lapa e 96,3 km/h no Aeroporto de Congonhas, velocidades suficientes para destelhar casas e derrubar estruturas metálicas. O impacto foi tão violento que até mesmo a tradicional decoração de Natal da Avenida Paulista não resistiu e cedeu à força dos ventos, simbolizando a gravidade do evento climático. Diante do risco iminente de queda de galhos e descargas elétricas, a prefeitura e o governo do estado decretaram o fechamento preventivo de áreas verdes, incluindo o Parque Ibirapuera e o Villa-Lobos, orientando a população a evitar locais abertos.

Especialistas explicam que o fenômeno é resultado direto de um sistema de baixa pressão que se desloca pelo Sul do país, canalizando umidade e ventos fortes para o Sudeste. A combinação de solo encharcado pelas chuvas das últimas 48 horas com a ventania de hoje criou a “tempestade perfeita” para a queda de árvores de grande porte. O Corpo de Bombeiros já contabilizou mais de 514 chamados para ocorrências dessa natureza apenas no período da manhã, indicando que a limpeza e normalização da cidade podem levar dias.

Vendaval Destrutivo fecha parques e derruba árvores

O Vendaval Destrutivo que varreu a capital paulista hoje não poupou nem as áreas mais nobres, nem as periféricas. A decisão de fechar 12 parques estaduais e municipais foi tomada com base na Portaria Semil-SMA-CPP nº 07/2025, que estabelece protocolos rígidos quando os ventos ultrapassam 40 km/h. Entre os locais interditados estão o Parque da Juventude, na Zona Norte, e o Parque Ecológico do Guarapiranga, na Zona Sul, áreas que costumam receber milhares de visitantes diariamente. A medida visa evitar tragédias como as ocorridas em temporais passados, protegendo a integridade física dos frequentadores.

A força do Vendaval Destrutivo foi sentida com intensidade na infraestrutura urbana. Na região da Luz, uma árvore de grande porte desabou em frente ao Comando Geral da Guarda Civil Metropolitana, complicando ainda mais o trânsito no centro expandido. Em Parelheiros, na Zona Sul, outra árvore bloqueou totalmente uma via arterial, isolando moradores. A Enel relatou que, em muitos pontos, a rede elétrica foi severamente danificada não apenas pelo vento, mas pelo impacto de galhos, telhas e outros objetos lançados contra a fiação, o que torna o trabalho de reparo muito mais complexo e demorado do que uma simples religação.

Além do risco físico, o Vendaval Destrutivo traz prejuízos ambientais e ao patrimônio. Carros foram esmagados em bairros como a Chácara Klabin, onde uma árvore caiu sobre um veículo na Avenida Fábio Prado. A Defesa Civil alerta que, mesmo após a diminuição dos ventos, o risco de queda de árvores persiste devido ao abalo nas raízes. Moradores de áreas arborizadas devem redobrar a atenção e evitar estacionar veículos sob copas de árvores nas próximas 24 horas.

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Colapso Energético atinge milhões e hospitais

O Colapso Energético é, sem dúvida, a face mais dramática deste evento. Começando com 1,1 milhão de clientes afetados, o número saltou para mais de 2 milhões de unidades consumidoras sem luz na Grande São Paulo durante a tarde. A falta de energia não atinge apenas residências; serviços essenciais estão operando no limite. O Hospital São Paulo, localizado na Vila Clementino, teve seu funcionamento comprometido pelo apagão, forçando a ativação de geradores de emergência e o adiamento de procedimentos não urgentes. A situação expõe a fragilidade da rede elétrica aérea da metrópole diante de eventos climáticos cada vez mais extremos.

A concessionária Enel informou que acionou seu plano de emergência, mobilizando cerca de 1.300 equipes para atuar em campo. No entanto, a extensão do Colapso Energético e a dificuldade de deslocamento pela cidade travada dificultam o restabelecimento rápido. A empresa prioriza hospitais e serviços públicos, mas para o consumidor residencial, a previsão é incerta. A revolta da população é palpável nas redes sociais, com relatos de perda de alimentos, impossibilidade de trabalho remoto e falta de água em edifícios que dependem de bombas elétricas.

Este Colapso Energético reacende o debate sobre o enterramento de fios em São Paulo. Com ventos de quase 100 km/h se tornando frequentes, a infraestrutura atual se mostra obsoleta. A Enel atribui a demora à complexidade da reconstrução de trechos inteiros da rede destruídos pela queda de vegetação. Enquanto isso, bairros inteiros da Zona Sul e Zona Oeste, as mais afetadas, preparam-se para passar a noite no escuro, revivendo o pesadelo de apagões anteriores que duraram dias.

Transtorno Aéreo isola São Paulo

Quem precisava chegar ou sair de São Paulo hoje enfrentou um verdadeiro Transtorno Aéreo. O Aeroporto de Congonhas, situado em meio à malha urbana, foi um dos mais castigados. A concessionária Aena reportou o cancelamento de 93 voos (45 chegadas e 48 partidas) devido às rajadas de vento que tornaram as operações de pouso e decolagem impraticáveis por segurança. O aeroporto registrou ventos superiores a 90 km/h na pista, o que obrigou o fechamento intermitente do terminal.

No Aeroporto Internacional de Guarulhos, o maior do país, o Transtorno Aéreo também foi severo. Pelo menos 22 chegadas e 15 partidas foram canceladas, além de diversos voos alternados para aeroportos em Curitiba e Rio de Janeiro. Saguões lotados, passageiros dormindo no chão e falta de informações precisas compõem o cenário de caos. As companhias aéreas recomendam que os passageiros nem se desloquem aos aeroportos sem antes conferir o status do voo online, para evitar aglomerações desnecessárias e desgaste físico.

O efeito cascata desse Transtorno Aéreo deve ser sentido nos próximos dias. A reacomodação de milhares de passageiros em voos futuros depende da disponibilidade de assentos, que já é escassa nesta época de fim de ano. O prejuízo econômico para o turismo e negócios é incalculável, somando-se aos custos operacionais das companhias que precisam arcar com hospedagem e alimentação dos clientes afetados, conforme prevê a legislação da ANAC.

Caos Urbano e mobilidade comprometida

Para além da falta de luz e dos voos, o Caos Urbano se instalou na mobilidade terrestre. As linhas de trem da CPTM, vitais para o deslocamento da força de trabalho entre a capital e a região metropolitana, sofreram avarias graves. A Linha 10-Turquesa e a Linha 11-Coral operaram com velocidade reduzida e maiores intervalos durante boa parte do dia. O motivo foi a queda de um cabo da rede aérea, rompido pela força dos ventos ou por objetos lançados contra os trilhos.

O Caos Urbano também se refletiu no trânsito. Semáforos apagados devido à falta de energia transformaram cruzamentos movimentados em zonas de risco extremo para motoristas e pedestres. A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) deslocou agentes para os pontos mais críticos, mas o volume de ocorrências superou a capacidade operacional. A recomendação das autoridades é clara: quem puder, deve permanecer em casa. O deslocamento pela cidade hoje não é apenas demorado, é perigoso.

Por fim, este episódio de Caos Urbano serve como mais um alerta duro sobre a adaptação climática. A cidade de São Paulo, coração econômico do Brasil, parou diante de um ciclone. A infraestrutura, desenhada para um clima do século passado, não suporta a nova realidade de eventos extremos frequentes. A população exige respostas rápidas e investimentos robustos em prevenção, pois o custo da inação é pago com prejuízos bilionários e, infelizmente, com o risco à vida humana.

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