Tarcísio lidera com folga e venceria no 1º turno em SP, diz pesquisa

Levantamento divulgado hoje mostra governador próximo da vitória direta contra opositores, aprovação da gestão estadual segue alta e consolida favoritismo para reeleição.

Governador Tarcísio de Freitas com expressão pensativa e mão no queixo durante evento oficial.
O governador Tarcísio de Freitas aparece com ampla vantagem em todos os cenários para a reeleição em 2026, consolidando seu favoritismo segundo o Instituto Paraná Pesquisas. (Foto: Reprodução)

O cenário político no estado de São Paulo desenha-se com contornos de definição antecipada, segundo revela o mais recente levantamento do instituto Paraná Pesquisas divulgado nesta semana. O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) não apenas lidera a corrida pela reeleição em 2026, como demonstra uma força avassaladora capaz de liquidar a fatura ainda no primeiro turno, dependendo do adversário. A pesquisa, que ouviu 1.680 eleitores em 86 municípios paulistas, aponta que o atual chefe do Executivo estadual consolidou uma base de apoio robusta, blindada contra as oscilações da política nacional e superior às principais figuras da esquerda brasileira.

Os dados são categóricos: Tarcísio supera a marca dos 50% das intenções de voto em cenários decisivos. Quando confrontado diretamente com o atual Ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), o governador alcança 49% da preferência, contra apenas 22% do petista. Essa diferença de 27 pontos percentuais reflete não apenas o recall positivo da gestão estadual, mas também a dificuldade histórica que o Partido dos Trabalhadores enfrenta para penetrar no eleitorado do interior paulista, reduto onde o “tarcisismo” herdou e ampliou o capital político do bolsonarismo. A margem de erro da pesquisa é de 2,4 pontos percentuais para mais ou para menos, o que confere alta confiabilidade estatística à vantagem do governador.

Além disso, a hegemonia de Tarcísio se mostra resiliente mesmo diante da fragmentação de candidaturas. No cenário estimulado onde enfrenta múltiplos adversários, sua liderança permanece inabalável, flutuando entre 45% e 52%, dependendo da composição da chapa opositora. Esse fenômeno sugere que o eleitor de Tarcísio está fidelizado, enxergando nele um perfil de “gestor técnico” que entrega resultados, imagem que tem sido cuidadosamente cultivada pelo Palácio dos Bandeirantes através de entregas de obras e da agenda de privatizações, como a da Sabesp. A oposição, por sua vez, patina na tentativa de nacionalizar o debate, sem conseguir colar no governador as rejeições associadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro na capital.

Cenário Político

A pesquisa testou a viabilidade de diferentes nomes para enfrentar a máquina estadual, e os resultados lançam um balde de água fria nas pretensões do Palácio do Planalto de recuperar o comando do estado mais rico da federação. O nome mais competitivo testado contra Tarcísio foi o do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB). Governador de São Paulo por quatro mandatos, Alckmin ainda retém uma memória afetiva em parte do eleitorado, pontuando 26% contra 45% de Tarcísio. Embora seja o melhor desempenho entre os opositores, Alckmin ainda aparece quase 20 pontos atrás, indicando que a migração do antigo tucano para a base lulista pode ter erodido parte de seu eleitorado conservador tradicional.

Por outro lado, a situação de Márcio França (PSB), atual Ministro do Empreendedorismo, é ainda mais delicada. No cenário em que França é o principal adversário, Tarcísio dispara para 50%, enquanto o pessebista amarga 15% das intenções de voto. A deputada federal Erika Hilton (PSOL), que desponta como uma nova força na esquerda focada em pautas identitárias e na juventude, mantém uma base fiel mas restrita, oscilando entre 8% e 11% nos diversos cenários. A presença de Erika Hilton na disputa acaba por dividir os votos do campo progressista, dificultando ainda mais a formação de uma frente ampla capaz de ameaçar a reeleição do governador no primeiro turno.

Nesse sentido, o PT vive um dilema estratégico exposto pelos números. O presidente nacional da sigla, Edinho Silva, admitiu recentemente que o partido estuda lançar Alckmin ou Haddad, mas a pesquisa mostra que ambos entrariam na disputa como azarões. A rejeição a Haddad em seu próprio estado natal é um ponto de atenção crítica. Ter sido prefeito da capital e candidato à presidência não se traduziu em transferência automática de votos; pelo contrário, o ministro da Fazenda parece ter atingido um teto de crescimento difícil de ser rompido sem uma mudança drástica na conjuntura econômica nacional ou na avaliação do governo Lula.

Preferência do Eleitorado

A análise detalhada da preferência do eleitorado revela que a aprovação da administração de Tarcísio de Freitas é o principal motor de sua intenção de voto. Segundo o levantamento, 66% dos paulistas aprovam a gestão, enquanto a desaprovação gira em torno de 30%. Esse índice de aprovação é raríssimo para governantes em meio de mandato e serve como um escudo contra ataques políticos. Para 49,5% dos entrevistados, o governo é avaliado como “ótimo” ou “bom”, números que superam largamente a avaliação do governo federal no estado. Essa desconexão entre a popularidade de Lula e a de Tarcísio em São Paulo cria um ambiente onde o governador consegue transitar com facilidade, atraindo até mesmo eleitores que não se identificam com o radicalismo de direita.

Outrossim, a pesquisa espontânea — aquela em que os nomes dos candidatos não são apresentados — reforça a consolidação do nome de Tarcísio. Ele lidera com 18,8% das menções, muito à frente de qualquer outro concorrente, o que demonstra que seu nome é o primeiro a vir à mente do eleitor quando se pensa em governo estadual. A taxa de votos brancos e nulos soma cerca de 7%, enquanto os indecisos ainda representam uma parcela considerável, mas insuficiente para reverter a vantagem atual do republicano sem um fato novo de grande impacto.

A força de Tarcísio também se reflete nas simulações de segundo turno. Contra Geraldo Alckmin, o governador venceria por 52,6% a 36,4%. Contra Márcio França, a vitória seria de goleada: 60,8% a 24,8%. Esses dados indicam que Tarcísio possui um baixo índice de rejeição comparativo, conseguindo capturar os votos de eleitores de centro e de direita que, num eventual segundo turno, optariam pelo “voto útil” contra a esquerda. A estratégia de se manter focado na gestão, evitando polêmicas ideológicas desnecessárias, parece estar blindando sua imagem junto ao eleitorado moderado.

Corrida Governamental

Por fim, o levantamento da Paraná Pesquisas trouxe um dado curioso que mexe com as articulações para 2026: o cenário sem Tarcísio de Freitas. Caso o governador decida renunciar para disputar a Presidência da República — uma possibilidade ventilada nos bastidores de Brasília —, o tabuleiro estadual sofre uma reviravolta completa. Sem ele, a disputa torna-se indefinida. O atual prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), herdaria parte do espólio eleitoral e lideraria numericamente com 28%, tecnicamente empatado com Fernando Haddad, que subiria para 25%. Isso demonstra que a força da direita em São Paulo está, hoje, personificada na figura de Tarcísio, e não necessariamente transferível automaticamente para qualquer aliado.

Contudo, o governador tem reiterado publicamente sua intenção de buscar a reeleição, ciente de que garantir mais quatro anos no Palácio dos Bandeirantes é o caminho mais seguro para consolidar sua liderança nacional a longo prazo. A pesquisa mostra que, se permanecer no estado, Tarcísio é praticamente imbatível nas condições atuais. Para a oposição, resta a difícil tarefa de desconstruir um gestor bem avaliado em um estado conservador, ou torcer para que ele alce voos mais altos e deixe o caminho aberto. O PT, ciente dessa barreira, já começa a discutir estratégias de “redução de danos”, focando em garantir bancadas fortes no Legislativo caso a derrota para o governo se mostre inevitável.

Portanto, os números da Paraná Pesquisas servem como um alerta de “terra arrasada” para a esquerda em São Paulo e um troféu de gestão para a direita. Tarcísio de Freitas não é apenas um candidato forte; ele se tornou o fiel da balança da política nacional a partir de São Paulo. Com a máquina na mão, aprovação em alta e uma oposição fragmentada, o governador caminha a passos largos para renovar seu mandato, possivelmente sem a necessidade de enfrentar o desgaste de um segundo turno. Resta saber se as pressões de seu grupo político o farão mudar de rota rumo ao Planalto, única chance real que seus adversários locais parecem ter de sonhar com o governo paulista.

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