O líder norte,coreano Kim Jong-un ordenou erradicar o mal de dentro das fileiras do Partido dos Trabalhadores, em um discurso contundente que encerrou a 13ª Reunião Plenária do 8º Comitê Central nesta semana. A declaração, divulgada pela mídia estatal KCNA nesta sexta,feira (12), marca o início de uma nova campanha de endurecimento ideológico e disciplinar em Pyongyang. Kim foi taxativo ao exigir a correção imediata de “atitudes de trabalho inativas e irresponsáveis” de oficiais do alto escalão, sinalizando que a tolerância com falhas administrativas e corrupção chegou ao fim.
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O pronunciamento ocorre em um momento estratégico, servindo como preparação final para o 9º Congresso do Partido, previsto para o início do próximo ano. Segundo analistas, a retórica inflamada de Kim busca consolidar sua autoridade absoluta e blindar o regime contra dissidências internas antes das celebrações do 80º aniversário da fundação do partido. O ditador não poupou críticas a quadros que demonstram “autoproteção” e “formalismo”, vícios que, segundo ele, enfraquecem a capacidade de liderança do Estado frente aos desafios externos e econômicos.
Eliminar desvios ideológicos
A ordem para eliminar desvios ideológicos veio acompanhada de elogios raros e significativos ao exército. Enquanto cobrava austeridade dos burocratas, Kim exaltou as tropas norte,coreanas, mencionando especificamente seu desempenho no cenário internacional — uma referência velada, mas clara, ao apoio militar fornecido à Rússia na guerra contra a Ucrânia. Essa dualidade no discurso reforça a mensagem de que a lealdade militar é o pilar intocável do regime, enquanto a classe política civil está sob estrita vigilância.
Fontes de inteligência em Seul interpretam esse movimento como um prelúdio para um “expurgo silencioso”. Historicamente, chamados públicos para “reformas de atitude” na Coreia do Norte resultam em demissões em massa, rebaixamentos e, em casos extremos, execuções de oficiais considerados desleais ou incompetentes. A ênfase na “disciplina revolucionária” sugere que Kim está insatisfeito com a implementação de suas diretrizes econômicas e busca bodes expiatórios para as dificuldades persistentes que o país enfrenta, como a escassez de alimentos e o isolamento diplomático.
Suprimir atos corruptos
Ao prometer suprimir atos corruptos, o líder supremo tocou em um ponto sensível da estrutura de poder norte,coreana. O termo “práticas malignas” utilizado no discurso abrange desde o suborno e o abuso de poder até a simples ineficiência burocrática. A KCNA relatou que foram identificados “numerosos desvios” disciplinares recentes, um eufemismo estatal para corrupção sistêmica que atrapalha as metas de produção industrial e agrícola estabelecidas pelo Plano Quinquenal.
A reunião plenária também serviu para alinhar a cúpula do partido com a nova doutrina de “autossuficiência agressiva”. Kim Jong,un deixou claro que a sobrevivência do regime depende de uma obediência cega e de uma execução implacável das ordens centrais. O clima em Pyongyang, segundo observadores, é de tensão máxima, com oficiais correndo para demonstrar lealdade e evitar cair na malha fina das novas inspeções partidárias que devem varrer os ministérios nas próximas semanas.
Banir falhas administrativas
A diretriz para banir falhas administrativas não se limita apenas à política interna. Ela reflete a necessidade de Kim de apresentar uma frente unida e eficiente diante de seus adversários globais, Estados Unidos e Coreia do Sul. Coincidindo com o encerramento da reunião, o regime realizou disparos de artilharia no Mar Amarelo, uma demonstração de força calculada para pontuar as palavras do líder com pólvora. Essa sincronia entre discurso político e ação militar é uma marca registrada da dinastia Kim, projetando poder para fora enquanto aperta o cerco internamente.
Por fim, a convocação para “maior confiança e coragem” no futuro da causa socialista indica que o regime não pretende suavizar sua postura. Pelo contrário, a aposta é na radicalização do controle estatal. Para a população norte,coreana, isso geralmente se traduz em mais doutrinação e vigilância. Para o mundo, o recado é que Kim Jong,un está arrumando a casa com mão de ferro, preparando,se para um 2026 de confrontos geopolíticos e alianças militares aprofundadas com o bloco antiocidental.
