O Chile vive horas de expectativa máxima neste sábado (13), véspera da votação que definirá o próximo presidente da República.
Os eleitores voltarão às urnas amanhã, dia 14 de dezembro, para escolher entre duas visões de país radicalmente opostas.
De um lado está José Antonio Kast, do Partido Republicano, representando a direita conservadora com um discurso de “mão firme”.
Do outro, Jeannette Jara, do Partido Comunista, busca manter a esquerda no poder com promessas de proteção social e reformas.
O cenário é de polarização extrema, reflexo de uma sociedade que ainda busca estabilidade após anos de estalos sociais e constituintes falhadas.
No primeiro turno, realizado em novembro, a disputa foi voto a voto, mas mostrou uma fragmentação que agora se consolida em dois blocos.
Jeannette Jara saiu na frente com cerca de 27% dos votos válidos, capitalizando o apoio da base governista fiel.
José Antonio Kast veio logo atrás, com aproximadamente 24%, mas conseguiu reunir rapidamente o apoio das demais forças de direita para o segundo turno.
A segurança pública tornou-se o tema central e absoluto desta campanha, ofuscando debates econômicos tradicionais.
A sensação de insegurança e a crise migratória no norte do país ditaram o tom dos discursos e obrigaram ambos os candidatos a endurecerem suas falas.
Decisão Presidencial Chilena
As últimas pesquisas, cujos números circulam nos bastidores devido à vedação eleitoral, indicam um cenário de vantagem técnica para Kast.
Isso ocorre principalmente pela migração de votos de candidatos que ficaram pelo caminho, como Johannes Kaiser e Evelyn Matthei, que apoiam o republicano.
Para Jara, o desafio é gigantesco: ela precisa conquistar o eleitor de centro que rejeita o radicalismo de direita, mas teme a continuidade da atual gestão.
A abstenção também será um fator chave, já que o voto é obrigatório, mas a desilusão política pode levar a um alto número de votos nulos.
O mercado financeiro observa com atenção, preferindo a agenda pró-mercado de Kast, mas temendo a instabilidade social que seu governo poderia gerar.
Já os movimentos sociais veem em Jara a única barreira contra o retrocesso em direitos civis conquistados na última década.
Portanto, o resultado de amanhã não apenas escolhe um nome, mas define se o Chile seguirá o ciclo de alternância pendular da América Latina.
Confronto Kast x Jara
A batalha de propostas revela o abismo ideológico entre os dois finalistas.
José Antonio Kast aposta todas as suas fichas na restauração da ordem, prometendo uma “política nacional de fechamento de fronteiras”.
Sua proposta mais polêmica inclui a construção de valas e barreiras físicas para impedir a entrada de imigrantes ilegais no norte do país.
Além disso, ele promete deportar imediatamente estrangeiros que cometam crimes e reduzir impostos para empresas visando reativar a economia.
Por outro lado, Jeannette Jara tenta equilibrar a pauta social com a exigência por segurança.
Ela propõe o fim do sigilo bancário como arma para asfixiar financeiramente o crime organizado e as gangues que operam no país.
Surpreendendo sua base, Jara também defendeu o uso das Forças Armadas para proteção de infraestrutura crítica nas fronteiras, numa tentativa de não perder o debate de segurança.
Na economia, sua principal bandeira é o aumento do salário mínimo e a criação de um “Salário Vital” para garantir dignidade às famílias mais pobres.
Propostas Governo Chile
Avaliar imparcialmente o cenário exige reconhecer os pontos fortes e os riscos de cada candidatura para o futuro do Chile.
Uma eventual vitória de Kast traria uma resposta imediata e contundente à crise de segurança, algo que a classe média clama desesperadamente.
Sua agenda econômica liberal poderia destravar investimentos paralisados, agradando o setor empresarial e impulsionando o PIB a curto prazo.
Contudo, seu perfil conservador e a associação com o legado de Pinochet poderiam reacender protestos violentos nas ruas, desestabilizando a governabilidade.
Já uma vitória de Jara garantiria a continuidade de políticas de inclusão e a proteção de minorias, mantendo a paz social com os movimentos de esquerda.
Seu foco em serviços públicos fortaleceria a rede de proteção social, vital em um país com altos custos de vida.
No entanto, ela enfrenta a desconfiança do mercado e a dificuldade de governar com um congresso que guinou para a direita nas últimas eleições legislativas.
Além disso, a sombra da gestão atual, que tem baixa aprovação, é um fardo pesado que ela precisa carregar até a urna.
Cenário Político Andino
Independentemente de quem vença amanhã, o próximo presidente herdará um país dividido e ansioso por respostas rápidas.
A governabilidade dependerá da capacidade do vencedor de dialogar com o centro e isolar os extremos de sua própria base.
Se der Kast, o Chile se soma à onda conservadora global; se der Jara, a esquerda ganha uma sobrevida rara na região atual.
A contagem dos votos começa logo após o fechamento das urnas no domingo à tarde, e o resultado deve ser conhecido na noite de amanhã.
O mundo olha para Santiago, pois o que acontece no Chile muitas vezes antecipa tendências para todo o continente sul-americano.
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