China cerca Ásia com 90 navios de guerra: Maior frota já vista gera alerta total

Pequim realiza maior demonstração de força marítima sem aviso prévio, Taiwan eleva alerta máximo e Japão monitora movimentação recorde perto de ilhas sensíveis,

Montagem comparativa com os rostos do presidente chinês Xi Jinping e da primeira-ministra japonesa Sanae Takaichi, ilustrando tensão diplomática.
A mobilização de 90 navios pela China é vista como uma resposta direta de Xi Jinping às declarações da líder japonesa, Sanae Takaichi, sobre a defesa de Taiwan.

A tensão no Leste Asiático atingiu um nível crítico na manhã desta quinta-feira, 4 de dezembro de 2025, com a confirmação de que a China está concentrando um número sem precedentes de navios de guerra na região. Relatórios de inteligência e fontes de segurança de Taiwan e do Japão identificaram a presença de mais de 90 embarcações militares chinesas operando simultaneamente em águas estratégicas. A frota, que chegou a ultrapassar 100 navios no pico da atividade no início da semana, mantém uma formação agressiva que vai do Mar Amarelo ao Mar do Sul da China, estendendo-se até o Pacífico Ocidental. O movimento é classificado por analistas militares como a maior demonstração de força marítima já realizada por Pequim em tempos de “paz”.

Desdobramento naval massivo

Este “desdobramento naval massivo” surpreendeu as autoridades de defesa regionais não apenas pela quantidade, mas pela sofisticação da coordenação. Diferente de exercícios anteriores, que geralmente são anunciados com antecedência e delimitados a zonas específicas, a atual mobilização ocorre sem aviso formal de exercícios (drills), configurando uma tática de “zona cinzenta” que testa o tempo de resposta dos adversários. Fontes ligadas ao Ministério da Defesa de Taiwan relatam que a armada chinesa inclui destróieres, fragatas, navios de desembarque anfíbio e uma vasta frota da Guarda Costeira, que agora opera sob comando militar direto em cenários de contingência.

A geografia da operação sugere um cerco completo. As embarcações estão posicionadas para controlar pontos de estrangulamento vitais, simulando um bloqueio efetivo da chamada “Primeira Cadeia de Ilhas”. O objetivo tático parece ser a negação de acesso (A2/AD), impedindo que forças externas — leia-se Estados Unidos e seus aliados — possam enviar reforços em caso de um conflito real. O volume de navios é tão grande que radares comerciais e militares da região estão saturados, dificultando a distinção entre tráfego mercante e militar. Para Taiwan, que monitora a situação com “alerta elevado”, isso representa uma ameaça existencial imediata, muito superior às manobras “Joint Sword” realizadas anteriormente neste ano.

Movimentação bélica recorde

O contexto político por trás desta “movimentação bélica recorde” é explosivo. A ação chinesa é interpretada como uma resposta direta e furiosa a dois eventos recentes: a viagem do presidente taiwanês Lai Ching-te ao Pacífico, que incluiu paradas estratégicas no Havaí e em Guam (territórios americanos), e as declarações da Primeira-Ministra do Japão, Sanae Takaichi. Takaichi, conhecida por sua postura linha-dura, sugeriu recentemente que Tóquio poderia intervir militarmente em uma contingência em Taiwan, o que enfureceu a liderança do Partido Comunista Chinês. Pequim, ao colocar 90 navios na água, envia um recado claro: possui capacidade material para sobrecarregar as defesas combinadas de seus vizinhos.

Além disso, a ausência de um anúncio oficial de “jogos de guerra” torna a situação imprevisível. Em exercícios convencionais, existem protocolos de comunicação para evitar acidentes. No cenário atual, com navios armados operando próximos a rotas comerciais e fronteiras marítimas disputadas, o risco de um erro de cálculo ou disparo acidental é altíssimo. A Marinha do Exército de Libertação Popular (PLAN) está executando simulações de ataque a navios estrangeiros e manobras de interceptação, transformando o mar em um tabuleiro de xadrez onde qualquer movimento em falso pode desencadear um conflito armado.

Cerco marítimo estratégico

Do ponto de vista operacional, o “cerco marítimo estratégico” revela a nova doutrina de combate da China. A integração entre a Marinha e a Guarda Costeira permite que Pequim utilize navios de casco branco (civis/policiais) para assediar e intimidar embarcações menores de países vizinhos, enquanto os navios de casco cinza (militares) permanecem na retaguarda prontos para o combate pesado. Essa tática de “fatiamento de salame” desgasta as defesas de Taiwan e do Japão sem necessariamente disparar um único tiro. Nesta quinta-feira, observadores notaram que a frota chinesa não está apenas “passando”, mas estabelecendo posições de domínio persistente em áreas ricas em recursos e rotas de navegação.

A resposta internacional tem sido cautelosa, mas firme. Os Estados Unidos e o Japão intensificaram seus voos de reconhecimento e patrulhas navais na região para acompanhar cada movimento da armada chinesa. O Pentágono vê essa projeção de poder como um teste para a capacidade logística da China de sustentar operações longe de sua costa por longos períodos. Se a China conseguir manter 90 navios de guerra operacionais em alto mar por semanas, provará ao mundo que sua modernização naval atingiu a maturidade necessária para desafiar a hegemonia americana no Pacífico Ocidental.

Operação de larga escala

O impacto econômico dessa “operação de larga escala” começa a ser sentido. Seguradoras marítimas já avaliam elevar os prêmios de risco para navios mercantes que transitam pelo Estreito de Taiwan e pelo Mar do Sul da China. A incerteza sobre até quando os navios chineses permanecerão na área gera nervosismo nas bolsas de valores asiáticas, que temem uma ruptura nas cadeias de suprimentos globais. A demonstração de força ocorre justamente no final do ano, um período tradicionalmente movimentado para o comércio, adicionando uma camada extra de pressão econômica sobre os rivais de Pequim.

Portanto, o dia 4 de dezembro de 2025 entra para a história como o momento em que a China decidiu mostrar todas as suas cartas navais de uma só vez. O mundo observa com apreensão se essa frota retornará aos portos após “transmitir a mensagem” ou se estamos presenciando o novo normal da militarização asiática. A linha entre intimidação e preparação para guerra nunca foi tão tênue, e a responsabilidade de evitar o pior recai agora sobre a diplomacia de crise entre Washington e Pequim.

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