Larry Fink na mesa, BlackRock se une a Kushner e Witkoff para “negociar” a Ucrânia

Presença inesperada do gestor de trilhões ao lado de Steve Witkoff e Jared Kushner indica que o acordo de paz pode passar pela venda de estatais e criação de fundos de investimento ocidentais.

Larry Fink, um homem branco de pele clara, calvo com cabelos grisalhos nas laterais e usando óculos de grau, veste um terno azul-escuro e gravata azul royal; ele está sentado com as mãos entrelaçadas e olha atentamente para a esquerda, com um fundo desfocado em tons quentes.
O CEO da BlackRock, Larry Fink, integra a mesa de negociações ao lado de enviados de Donald Trump, sinalizando o foco na arquitetura financeira do pós-guerra. (Foto: Reprodução)

A dinâmica das negociações para o fim do conflito no leste europeu sofreu uma mudança drástica e simbólica nesta quinta-feira (11). O CEO da BlackRock, Larry Fink, que comanda a maior gestora de ativos do mundo, foi visto participando ativamente das reuniões de alto nível sobre o futuro da Ucrânia, sentado lado a lado com Steve Witkoff, enviado especial de Donald Trump para a região, e Jared Kushner, genro e conselheiro informal do presidente americano. A imagem desse trio — um magnata imobiliário, um estrategista político e o “rei de Wall Street” — sinaliza que a Casa Branca está tratando a paz não apenas como uma questão diplomática, mas como a maior transação imobiliária e corporativa do século.

A entrada de Fink no círculo íntimo das negociações sugere uma aceleração nos planos para o Fundo de Desenvolvimento da Ucrânia (UDF), um veículo de investimento desenhado pela BlackRock para canalizar capital privado para a reconstrução do país. Fontes ligadas à reunião indicam que a pauta mudou de “cessar-fogo e fronteiras” para “ativos e garantias”. A presença de Larry Fink “de repente” na mesa reforça a tese de que o suporte contínuo dos EUA pode estar condicionado a uma abertura sem precedentes da economia ucraniana ao capital ocidental, transformando o país em um vasto canteiro de obras gerido por Nova York.

Para analistas, a composição da mesa é uma mensagem clara a Vladimir Putin e a Volodymyr Zelensky: a guerra está se tornando um negócio. Enquanto Witkoff negocia os termos políticos com o Kremlin, Kushner desenha a arquitetura regional, e Fink apresenta a conta — e a oportunidade de lucro — que viabilizará a sobrevivência econômica de uma Ucrânia pós-guerra, possivelmente menor territorialmente, mas integrada financeiramente ao Ocidente.

Diplomacia Financeira substitui a militar

A ascensão da Diplomacia Financeira marca o fim da era da “ajuda a fundo perdido”. Sob a ótica da administração Trump, apoiada agora pela expertise da BlackRock, cada dólar enviado a Kiev deve ter um retorno sobre o investimento (ROI). Larry Fink, que já vinha aconselhando o governo ucraniano pro bono desde 2022, agora assume um papel de executor. Sua presença garante aos investidores globais que o dinheiro colocado na reconstrução terá a proteção de mecanismos de mercado rigorosos, afastando o fantasma da corrupção endêmica que preocupa o Ocidente.

Nesta nova Diplomacia Financeira, a soberania econômica da Ucrânia pode ser o preço da sua segurança física. Especula-se que Fink esteja estruturando garantias que envolvem ativos estatais estratégicos — de terras agrícolas (as famosas “terras negras”) a redes de energia — como colateral para os investimentos trilionários necessários. O modelo assemelha-se a uma recuperação judicial corporativa, onde o país devedor cede o controle de gestão para salvar-se da falência total.

Tríade de Poder: Imóveis, Política e Capital

A formação desta Tríade de Poder (Witkoff, Kushner, Fink) é inédita na história diplomática recente. Steve Witkoff, amigo pessoal de Trump e gigante do setor imobiliário, traz a visão pragmática de quem negocia metros quadrados; Jared Kushner traz a experiência dos Acordos de Abraham e a conexão com o capital do Golfo; e Larry Fink traz a credibilidade de Wall Street. Juntos, eles formam um “conselho de administração” informal para a Crise Ucraniana.

Essa Tríade de Poder sugere que o acordo final poderá ter características de um deal empresarial. Em vez de tratados de paz tradicionais baseados apenas em leis internacionais, a solução pode envolver a criação de zonas econômicas especiais, privatizações aceleradas e contratos de longo prazo que beneficiem empresas americanas e europeias. A crítica internacional aponta que isso pode transformar a Ucrânia em um protetorado corporativo, mas os defensores argumentam que é a única maneira de reconstruir um país devastado sem onerar os contribuintes americanos.

Reconstrução Lucrativa como incentivo

A promessa de uma Reconstrução Lucrativa é a cenoura que a BlackRock balança para o mercado. Estima-se que a reconstrução da Ucrânia custará entre US$ 500 bilhões e US$ 1 trilhão. Para Larry Fink, isso não é um custo, mas uma oportunidade de alocação de capital em infraestrutura, tecnologia e agricultura verde. Ao sentar-se à mesa, ele valida a tese de que a Ucrânia pode ser o próximo “tigre econômico” da Europa, desde que siga a cartilha liberal imposta pelos financiadores.

Contudo, a busca por uma Reconstrução Lucrativa gera temores sobre o destino social da população ucraniana. Sindicatos e grupos civis temem que os direitos trabalhistas e a propriedade pública sejam sacrificados para garantir as margens de lucro exigidas pelos fundos de pensão e investidores soberanos que a BlackRock representa. A “paz” pode trazer consigo um choque de capitalismo brutal para uma sociedade acostumada com a proteção estatal soviética e pós-soviética.

Arquitetura de Investimento e o papel da Rússia

A Arquitetura de Investimento desenhada por Fink pode, surpreendentemente, ser um fator de apaziguamento com a Rússia. Se o acordo envolver a suspensão gradual de sanções em troca de não-agressão, o capital global poderá fluir novamente para a região, estabilizando os mercados. Há rumores de que a visão de Trump envolve permitir que a Rússia mantenha territórios ocupados em troca do fim da guerra, enquanto o restante da Ucrânia é “blindado” pelo dinheiro ocidental, criando um muro de dinheiro em vez de um muro de ferro.

Nesta Arquitetura de Investimento, a BlackRock atua como o fiador. Sua capacidade de mobilizar trilhões dá credibilidade a qualquer plano de paz que, de outra forma, seria visto com ceticismo. Se Larry Fink está na mesa, significa que o “smart money” (dinheiro inteligente) acredita que a fase militar do conflito está chegando ao fim e a fase dos negócios está apenas começando.

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