Macron alerta para risco de traição dos EUA à Ucrânia sem garantias

Presidente francês questiona lealdade de Washington em negociações de paz, exige garantias de segurança para Kiev e critica concessões territoriais forçadas em chamada vazada.

Presidente da França, Emmanuel Macron, em close-up com expressão séria, vestindo terno azul-escuro e gravata.
O presidente francês Emmanuel Macron alerta sobre riscos geopolíticos na Europa. (Foto: Imagem de Arquivo/Divulgação)

Um vazamento explosivo de uma conversa confidencial entre os líderes mais poderosos da Europa expôs, nesta quinta,feira (4), o nível crítico de desconfiança que paira sobre o futuro da aliança transatlântica. O presidente francês Emmanuel Macron, em um tom de franqueza alarmante, alertou seus pares e o próprio presidente ucraniano Volodymyr Zelensky sobre a possibilidade real de uma traição americana na Ucrânia. Segundo relatos obtidos pela revista alemã Der Spiegel, o mandatário francês desenhou um cenário sombrio onde os Estados Unidos, movidos por uma nova agenda política, poderiam forçar Kiev a ceder territórios à Rússia sem oferecer, em troca, qualquer blindagem de segurança concreta, deixando o país vulnerável a uma nova invasão futura.

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Abandono de Washington

A advertência de Macron ocorreu durante uma teleconferência de alto nível realizada no início desta semana, que contou com a presença do novo chanceler alemão Friedrich Merz, do presidente finlandês Alexander Stubb e do secretário,geral da OTAN, Mark Rutte. Na ocasião, Macron foi taxativo ao afirmar que “há uma chance de os EUA traírem a Ucrânia na questão territorial sem clareza nas garantias de segurança”. Essa declaração reflete o temor crescente em Paris e Berlim de que a administração americana esteja disposta a sacrificar a integridade ucraniana para fechar um acordo rápido com Moscou, priorizando interesses domésticos ou o foco na China em detrimento da estabilidade europeia.

O conceito de abandono de Washington não é novo na retórica de Macron, que há anos defende uma “autonomia estratégica” para a Europa, mas nunca antes foi colocado de forma tão crua diante do líder ucraniano. O presidente francês argumentou que qualquer cessar,fogo que congele as linhas de frente atuais — entregando de fato o controle do Donbass e da Crimeia aos russos — seria um erro fatal se não vier acompanhado de uma presença militar robusta e dissuasória. Sem isso, a Ucrânia estaria apenas assinando uma capitulação disfarçada de paz, permitindo que Vladimir Putin reabasteça suas forças para um ataque definitivo em alguns anos.

Nesse cenário, Friedrich Merz, que assumiu a chancelaria alemã com uma postura mais assertiva que seu antecessor, concordou com a gravidade da situação. Relatos indicam que Merz aconselhou Zelensky a ser “extremamente cauteloso” nos próximos dias, sugerindo que as propostas que chegam de Washington podem conter armadilhas diplomáticas. A sintonia entre França e Alemanha neste ponto demonstra que o eixo europeu está se preparando para um possível divórcio estratégico com os Estados Unidos no que tange à gestão do conflito no leste, buscando alternativas para manter a Ucrânia viva mesmo sem o guarda,chuva americano pleno.

Deslealdade diplomática

A reportagem do Der Spiegel detalha que a deslealdade diplomática temida por Macron se materializaria através da imposição de um “plano de paz” que ignora as linhas vermelhas de Kiev. Informações de bastidores apontam que propostas circulando em Washington incluem cláusulas que impediriam a entrada da Ucrânia na OTAN por tempo indeterminado e exigiriam a desmilitarização de zonas críticas, algo que Zelensky sempre rejeitou veementemente. Para Macron, aceitar tais termos seria validar a agressão russa e destruir a credibilidade do direito internacional, transformando a soberania das nações em moeda de troca para potências nucleares.

Além disso, o vazamento sugere que Macron está tentando antecipar esse movimento americano propondo uma solução europeia própria. Ele mencionou a criação de “forças de tranquilização” (reassurance forces) compostas por tropas de países europeus dispostos, que seriam estacionadas em solo ucraniano para garantir o cumprimento de qualquer trégua. Essa medida, que esbarra na relutância de muitos membros da OTAN em colocar coturnos no terreno, seria a única forma, na visão de Paris, de compensar a falta de garantias americanas e impedir que a Rússia veja o cessar,fogo como um convite à reincidência.

Contudo, a viabilidade desse plano depende da unidade europeia, que historicamente fragiliza em momentos de pressão econômica. A Rússia, ciente dessas divisões, mantém sua ofensiva militar e diplomática, apostando que o cansaço do Ocidente levará eventualmente a essa “traição” por inércia. A fala de Macron, portanto, serve como um choque de realidade para forçar os europeus a assumirem a responsabilidade pela própria segurança, em vez de terceirizarem seu destino a uma Casa Branca que se mostra cada vez mais imprevisível e voltada para o isolacionismo.

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Entrega de soberania

A questão central do alerta é a entrega de soberania. Para Macron, se a Ucrânia for coagida a ceder 20% de seu território em troca de promessas vazias, isso significará o fim da ordem de segurança europeia construída após 1945. O precedente aberto seria desastroso: qualquer nação com armas nucleares poderia redesenhar fronteiras à força, sabendo que o Ocidente eventualmente pressionaria a vítima a aceitar a mutilação em nome da “estabilidade”. O líder francês enfatizou que apenas os ucranianos têm o direito moral e político de decidir o que é negociável, e que qualquer pressão externa nesse sentido configura uma violação da autodeterminação dos povos.

Dessa forma, a conversa revelada mostra um Zelensky encurralado. Por um lado, ele depende das armas americanas para segurar a linha de frente; por outro, ele ouve de seus aliados europeus que o fornecedor dessas armas pode estar prestes a vendê,lo na mesa de negociações. A tensão é palpável, pois a Ucrânia sabe que, sem o apoio logístico e de inteligência dos EUA, sua capacidade de resistência convencional é severamente comprometida. A “traição” alertada por Macron não seria apenas política, mas existencial, colocando em risco a sobrevivência do estado ucraniano tal como o conhecemos.

Todavia, a postura combativa de Macron também visa enviar um recado a Moscou. Ao dizer que a Europa pode enviar suas próprias forças de garantia, ele tenta restabelecer a dissuasão que foi erodida pelas hesitações de Washington. A mensagem é clara: mesmo se os EUA recuarem, a Europa não necessariamente seguirá o mesmo caminho. Isso introduz uma nova variável no cálculo de Putin, que até então contava com a desintegração automática da frente ocidental caso os americanos retirassem o suporte financeiro e militar.

Ruptura de aliança

Por fim, o espectro de uma ruptura de aliança transatlântica paira sobre Bruxelas. Se a profecia de Macron se concretizar e os EUA de fato fecharem um acordo bilateral com a Rússia sobre a cabeça dos ucranianos e europeus, a OTAN enfrentará sua maior crise existencial. A confiança mútua, pilar do Artigo 5º, seria irreparavelmente danificada. O documento do ECDC sobre pandemias e agora esse vazamento geopolítico mostram uma Europa em estado de alerta máximo, percebendo que os desafios de 2025 exigem uma postura de defesa civil e militar muito mais autônoma do que a das últimas décadas.

A reação do Palácio do Eliseu ao vazamento foi de contenção, sem negar explicitamente o teor da conversa, mas contestando as citações exatas, uma tática comum para não implodir as pontes diplomáticas restantes com Washington. No entanto, o dano está feito. O mundo agora sabe que, a portas fechadas, a liderança europeia já trabalha com a hipótese concreta de que os Estados Unidos não são mais o garantidor inabalável da liberdade no continente. A “traição” deixou de ser um tabu e virou pauta de planejamento estratégico.

Em conclusão, o inverno de 2025 promete ser decisivo. Entre a pressão russa no campo de batalha e a incerteza política em Washington, a Ucrânia e a Europa caminham sobre uma linha tênue. O alerta de Macron é um chamado desesperado para evitar que a história se repita, lembrando os erros de Munique em 1938. Resta saber se a Europa terá a força política e militar para preencher o vácuo deixado por uma América em retirada, ou se assistiremos ao desmembramento forçado de uma nação soberana sob o olhar complacente de seus supostos aliados.

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