O Secretário-Geral da OTAN, Mark Rutte, emitiu um aviso contundente nesta quinta,feira (11) aos aliados europeus, declarando que o aumento dos gastos com defesa para 5% do Produto Interno Bruto (PIB) não é apenas uma sugestão, mas uma necessidade existencial para “alcançar nossas metas de capacidade e garantir que possamos lutar contra os russos”. A declaração marca uma mudança sísmica na postura da aliança atlântica, que até recentemente lutava para fazer com que seus membros atingissem o piso de 2%. Rutte enfatizou que a realidade do campo de batalha na Ucrânia e a militarização total da economia russa exigem uma resposta proporcional que os orçamentos atuais simplesmente não conseguem sustentar.
Durante conferência com líderes europeus, Rutte argumentou que “a guerra voltou à Europa” e que a ideia de uma convivência pacífica com a Rússia de Vladimir Putin “desapareceu”. Segundo o chefe da aliança, para derrotar a Rússia — cuja economia de US$ 2 trilhões está produzindo quatro vezes mais munição do que todo o bloco da OTAN combinado —, é necessário um rearmamento massivo que inclui um aumento de 400% nas defesas aéreas e de mísseis. A nova meta de 5% visa cobrir lacunas críticas em estoques de munição, veículos blindados e prontidão de combate, preparando o continente para um cenário de confronto direto de alta intensidade.
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A pressão por esse salto nos investimentos também reflete o alinhamento com a nova estratégia de segurança dos Estados Unidos sob a administração Trump, que tem cobrado uma partilha de custos mais agressiva por parte dos parceiros transatlânticos. Rutte foi claro ao dizer que, se os países não elevarem seus gastos para 5%, incluindo 3,5% apenas para requisitos básicos de defesa, eles poderão manter seus sistemas de saúde intactos, mas enfrentarão uma ameaça existencial sem os meios para se defender.
Compromisso Militar em nível de Guerra Fria
Este novo Compromisso, exigido por Rutte, remete aos níveis de mobilização vistos apenas durante os picos da Guerra Fria. A meta de 5% representa mais do que o dobro do objetivo anterior, sinalizando que a OTAN está transitando de uma postura de dissuasão passiva para uma de preparação ativa para guerra. O Secretário,Geral destacou que a aliança precisa de “cinco vezes mais sistemas” para se defender adequadamente contra a nova geração de mísseis russos, que viajam a velocidades hipersônicas e reduzem o tempo de reação das capitais europeias a minutos.
Além disso, envolve não apenas dinheiro, mas uma reestruturação industrial profunda. Rutte apontou que a Rússia, China, Coreia do Norte e Irã estão colaborando em níveis sem precedentes, formando um bloco que desafia a hegemonia ocidental. Para contrapor essa aliança autocrática, a Europa precisa revitalizar suas linhas de produção de defesa, algo que o novo teto de gastos visa financiar obrigatoriamente até 2035.
Contudo, esse Compromisso Militar enfrenta resistência política interna em diversos países membros. Aumentar a defesa para 5% implica cortes severos em outras áreas, como bem,estar social e infraestrutura civil, um dilema que Rutte reconheceu friamente ao colocar a segurança como pré,requisito para a existência de qualquer outro serviço estatal.
Escalada Orçamentária e impacto social
A Escalada Orçamentária proposta é descrita por analistas como um “salto quântico” que redefinirá as economias europeias. Países como Alemanha, França e Itália, que já lidam com déficits fiscais, terão que encontrar bilhões de euros adicionais anualmente. Rutte foi direto ao afirmar que “gastar mais em defesa significa gastar menos em outras prioridades”, preparando o terreno para debates orçamentários ferozes nos parlamentos nacionais.
Nesta lógica de Escalada Orçamentária, o argumento central é que o custo da inação seria infinitamente maior. A destruição econômica causada por uma guerra em solo da OTAN superaria qualquer economia feita em tempos de paz. Portanto, o investimento de 5% é vendido como um “seguro” indispensável contra a agressão russa, que Rutte prevê que pode se materializar militarmente contra a aliança dentro de cinco anos se a dissuasão falhar.
Por outro lado, críticos alertam que essa Escalada Orçamentária pode alimentar uma corrida armamentista global insustentável. O desvio de recursos maciços para a indústria bélica pode gerar inflação e descontentamento social, testando a coesão das democracias liberais justamente quando elas precisam de unidade interna para enfrentar ameaças externas.
Ameaça Russa como motor da mudança
A percepção da Ameaça Russa é o único fator capaz de justificar tal mudança de paradigma. Rutte descreveu Vladimir Putin como estando em “pé de guerra total”, operando uma economia que ignora o bem,estar de seu povo em favor da produção de tanques e artilharia. A inteligência da OTAN sugere que a Rússia não irá parar na Ucrânia e que suas ambições imperiais representam um perigo claro e presente para o flanco leste da aliança.
Diante dessa Ameaça Russa, a estratégia de “lutar contra os russos” deixa de ser uma hipótese remota para se tornar o cenário base de planejamento. A OTAN busca garantir que, em caso de conflito, tenha superioridade não apenas tecnológica, mas também volumétrica — algo que atualmente não possui em termos de munição e blindados. A declaração de Rutte serve para acordar os governos europeus para a brutalidade aritmética da guerra de atrito.
Além disso, a Ameaça Russa é amplificada pela incerteza geopolítica. Com os Estados Unidos focados também na contenção da China, a Europa é pressionada a assumir o fardo principal de sua própria defesa convencional. O aumento para 5% é, portanto, também uma medida de autonomia estratégica forçada pelas circunstâncias globais.
Nova Diretriz para a década
A implementação desta Nova Diretriz de 5% será o tema central das cúpulas da OTAN nos próximos anos. O acordo prevê um caminho crível para atingir esse patamar até 2035, mas com marcos intermediários rígidos. Rutte enfatizou que o apoio à Ucrânia conta para essa meta, incentivando os aliados a continuarem enviando armas para Kiev como parte de sua própria estratégia de defesa nacional.
Essa Nova Diretriz também altera a relação com a indústria de defesa. Governos terão que assinar contratos de longo prazo para dar segurança às fabricantes de armas, garantindo que a capacidade instalada não seja desmobilizada após o fim de eventuais hostilidades na Ucrânia. A OTAN está, efetivamente, se transformando em um bloco econômico de guerra permanente.
Por fim, a Nova Diretriz de Mark Rutte deixa claro que a era dos “dividendos da paz” pós,Guerra Fria acabou definitivamente. O futuro da Europa será armado, caro e vigilante. A escolha apresentada aos eleitores é dura: pagar o preço da dissuasão agora ou o preço da guerra depois.
