A administração Trump discute o lançamento de panfletos militares sobre a capital venezuelana como forma de intensificar a pressão sobre Nicolás Maduro. A operação, ainda não autorizada, poderia ocorrer neste domingo, data em que o presidente venezuelano completa 63 anos de idade.
Os folhetos conteriam informações sobre a recompensa de 50 milhões de dólares oferecida pelos Estados Unidos por dados que levem à prisão de Maduro. Dessa forma, a Casa Branca pretende utilizar uma tática clássica de guerra psicológica para desestabilizar o governo venezuelano e encorajar a oposição interna.
Além disso, a proposta surge em um momento de escalada militar significativa na região do Caribe. Consequentemente, analistas internacionais acompanham com atenção os desdobramentos dessa estratégia americana, que combina pressão econômica, diplomática e agora psicológica contra o regime de Caracas.
Propaganda aérea americana marca escalada de tensões
O Washington Post foi o primeiro veículo a reportar a proposta da Casa Branca. De acordo com fontes familiarizadas com as discussões, autoridades americanas consideram que a distribuição aérea de material propagandístico representa uma forma eficaz de pressão sem confronto militar direto.
Entretanto, a operação ainda aguarda autorização definitiva do presidente Trump. Por outro lado, o Pentágono e a Casa Branca se recusaram a comentar oficialmente sobre os planos. Assim, permanece incerta a data exata em que a ação poderia ser executada.
Historicamente, o lançamento de panfletos antecede operações militares de maior envergadura. Por exemplo, as forças americanas utilizaram essa tática antes da invasão do Iraque em 2003 e durante a operação no Panamá em 1989. Portanto, observadores questionam se essa seria uma preparação para ações mais agressivas.
Simultaneamente, o secretário de Estado Marco Rubio anunciou a intenção de designar o chamado Cartel de los Soles como organização terrorista estrangeira. Essa classificação, que entraria em vigor em 24 de novembro, permitiria aos Estados Unidos atacar bens e infraestrutura ligados a Maduro dentro do território venezuelano.
Folhetos de guerra psicológica e presença naval no Caribe
O porta-aviões USS Gerald R. Ford, o mais avançado da Marinha americana, chegou ao Mar do Caribe em 16 de novembro. Adicionalmente, a embarcação lidera um grupo de ataque que inclui pelo menos sete outros navios de guerra, um submarino nuclear e aeronaves F-35. Trata-se da maior concentração de força militar americana na região em décadas.
Atualmente, cerca de 15 mil militares americanos estão posicionados na região. Desde setembro, as forças americanas realizaram pelo menos 21 ataques contra embarcações suspeitas de transportar drogas, resultando na morte de mais de 80 pessoas. Contudo, críticos apontam que o poderio militar mobilizado excede significativamente o necessário para operações antinarcóticos.
Em resposta às movimentações americanas, a Venezuela ativou o Plano Independência 200 e mobilizou cerca de 200 mil militares em exercícios defensivos. Maduro, por sua vez, acusa Washington de fabricar uma guerra e de buscar controlar as reservas de petróleo venezuelanas, estimadas em 300 bilhões de barris.
Material impresso dos Estados Unidos gera reações diplomáticas
O secretário-geral da ONU, António Guterres, expressou preocupação com a escalada de tensões na região. Igualmente, diversos países latino-americanos observam com apreensão a crescente presença militar americana no Caribe. A possibilidade de uma intervenção direta gera debates sobre soberania e sobre o ressurgimento da chamada Doutrina Monroe.
Enquanto isso, a líder da oposição venezuelana e prêmio Nobel da Paz, María Corina Machado, pediu apoio internacional para pressionar Maduro. Segundo ela, o momento atual representa um ponto de virada não apenas para a Venezuela, mas para toda a América Latina.
Apesar da retórica agressiva, fontes indicam que conversas entre Caracas e Washington continuam ocorrendo nos bastidores. Trump declarou recentemente que tomou uma decisão sobre como proceder em relação à Venezuela, embora não tenha revelado detalhes. Paralelamente, reportagens sugerem que Maduro teria oferecido direitos sobre parte do petróleo venezuelano em troca de evitar ações militares.
Operação de volantes aéreos divide opiniões nos Estados Unidos
Dentro dos próprios Estados Unidos, a estratégia gera controvérsias. Alguns advogados do governo questionaram internamente a legalidade de atacar supostos criminosos que não são combatentes inimigos formais. Todavia, a administração Trump ignorou essas preocupações e prosseguiu com as operações no Caribe.
Recentemente, senadores republicanos votaram contra uma lei que limitaria a capacidade de Trump lançar ataques contra a Venezuela sem autorização do Congresso. Dessa maneira, o presidente mantém ampla margem de manobra para decidir os próximos passos da campanha de pressão contra Maduro.
A Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos emitiu na última sexta-feira um alerta às companhias aéreas sobre uma situação potencialmente perigosa no espaço aéreo venezuelano. Esse aviso reforça a percepção de que ações militares podem ocorrer a qualquer momento.
Impressos norte-americanos podem antecipar confronto maior
Especialistas em segurança internacional avaliam que o lançamento de panfletos seria apenas o primeiro passo de uma estratégia mais ampla. Elizabeth Dickinson, analista do International Crisis Group, afirmou que a presença do porta-aviões Ford representa o retorno do poderio militar americano à América Latina. Consequentemente, toda a região acompanha os acontecimentos com grande expectativa.
Por fim, o cenário atual coloca a relação entre Estados Unidos e Venezuela em um dos pontos mais tensos das últimas décadas. A combinação de operações militares, movimentos táticos e possíveis ações de guerra psicológica indica que Washington busca forçar uma mudança de regime sem necessariamente recorrer a uma invasão terrestre direta. No entanto, a resposta de Maduro e o apoio de aliados como Rússia e China podem complicar significativamente os planos americanos.
Maduro convocou estudantes da Venezuela e dos Estados Unidos a se unirem em brigadas pela paz, pedindo que proclamem o direito à paz em ruas, comunidades e universidades. A iniciativa busca contrapor a narrativa americana e mobilizar apoio internacional contra o que Caracas classifica como ameaça imperialista. O desfecho dessa crise dependerá das decisões tomadas nos próximos dias em Washington e das reações de Caracas e da comunidade internacional.