Reino Unido sanciona Alexander Dugin: Londres congela bens do “cérebro de Putin”

Governo britânico amplia lista negra, mira ideólogo do Kremlin e canais de desinformação em nova ofensiva contra guerra híbrida russa; medidas incluem congelamento de ativos.

Homem de meia-idade com barba cheia e cabelo castanho, vestindo um paletó azul marinho e camisa branca, olha para fora da câmera em um cenário de escritório com uma estante cheia de livros ao fundo. O logotipo da CNN está no canto superior direito.
Filósofo e cientista político russo Alexander Dugin durante uma entrevista. (Foto: Reprodução/CNN)

O governo do Reino Unido anunciou, nesta terça-feira (9), uma nova rodada de restrições diplomáticas e econômicas contra figuras centrais da influência russa. O principal alvo da ação é Alexander Dugin, filósofo ultranacionalista frequentemente descrito como o “cérebro” por trás da ideologia expansionista de Vladimir Putin. A medida, confirmada pelo Foreign Office, visa desmantelar redes de desinformação e enfraquecer o suporte ideológico à invasão da Ucrânia.

O anúncio ocorre em um momento crítico, onde as nações ocidentais buscam fechar o cerco contra o que chamam de “guerra híbrida”. Além de Dugin, a lista inclui o canal de Telegram Rybar, conhecido por divulgar propaganda militar pró-Kremlin, e seu diretor, Mikhail Zvinchuk. As sanções envolvem o congelamento imediato de ativos em território britânico e a proibição de serviços fiduciários, isolando ainda mais esses atores do sistema financeiro europeu.

Medidas punitivas de Londres

A decisão de incluir Dugin na lista de sancionados reflete uma mudança de postura de Londres, focando não apenas em militares, mas nos arquitetos intelectuais do conflito. Yvette Cooper, secretária de Relações Exteriores do Reino Unido, destacou que a segurança europeia enfrenta ameaças que vão além do campo de batalha tradicional. Segundo Cooper, é necessário combater as narrativas que tentam justificar a violação da soberania ucraniana.

As autoridades britânicas justificaram a ação citando o papel de Dugin na promoção do “neo-eurasianismo”. Essa doutrina política defende a expansão russa sobre territórios da antiga União Soviética e tem sido utilizada como base teórica para legitimar a agressão contra Kiev. Ao atacar a fonte dessas ideias, o Reino Unido sinaliza que a incitação ao conflito terá custos pessoais severos para seus propagadores.

Cerco financeiro ao ideólogo

Com a aplicação destas novas regras, quaisquer bens que Alexander Dugin ou os outros sancionados possuam no Reino Unido estão agora inacessíveis. A medida também proíbe cidadãos e empresas britânicas de realizarem qualquer transação financeira com os indivíduos listados. Isso cria um efeito cascata, dificultando a movimentação de recursos e o financiamento de atividades de influência no exterior.

Além do filósofo, a fundação “Pravfond” também foi atingida. Acusada de ser uma fachada para operações de inteligência russa, a entidade supostamente financiava a defesa legal de espiões e disseminava narrativas do Kremlin na Europa. O congelamento de seus recursos visa interromper esse fluxo de capital oculto que sustenta operações de interferência política em democracias ocidentais.

Combate à guerra híbrida

A inclusão de empresas chinesas na mesma leva de sanções demonstra a preocupação com a dimensão cibernética do conflito. Duas companhias, a i-Soon e a Integrity Technology Group, foram acusadas de fornecer suporte tecnológico para atividades de ciberespionagem. Essa abordagem multifacetada do governo britânico reconhece que a guerra moderna é travada simultaneamente em trincheiras, servidores de internet e plataformas de mídia.

Especialistas em segurança internacional apontam que essas ações coordenadas são essenciais para proteger a infraestrutura crítica do Ocidente. A guerra híbrida, que mistura ataques cibernéticos com propaganda massiva, exige respostas rápidas e abrangentes. Ao sancionar os operadores dessas táticas, Londres tenta elevar o custo político e econômico para qualquer estado que utilize métodos não convencionais de desestabilização.

Bloqueio de ativos russos

A eficácia destas sanções dependerá da cooperação internacional e da capacidade de rastrear ativos ocultos. No entanto, o impacto simbólico e prático é imediato. Alexander Dugin, que já perdeu sua filha Darya Dugina em um atentado em 2022, vê agora seu espaço de manobra internacional reduzir-se drasticamente. A mensagem enviada por Londres é clara: não haverá impunidade para quem fomenta a violência, seja com armas ou com palavras.

Portanto, a atualização da lista de sanções reafirma o compromisso do Reino Unido com a Ucrânia. Além disso, serve como um alerta para outros atores globais que considerem apoiar a máquina de guerra russa. Contudo, resta saber como Moscou reagirá a mais essa ofensiva diplomática, que aprofunda ainda mais o abismo nas relações entre a Rússia e o Ocidente.

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