Um grave acidente envolvendo um robotáxi autônomo com tecnologia da Baidu gerou caos e comoção na cidade de Zhuzhou, na China, neste fim de semana. O veículo, que operava sem motorista humano, colidiu violentamente com dois pedestres em um cruzamento movimentado, deixando um deles preso sob o chassi. A cena dramática mobilizou dezenas de pessoas que passavam pelo local e, num ato de desespero e solidariedade, uniram forças para levantar o carro manualmente e resgatar as vítimas.
O incidente ocorreu na Yanjiang Road, por volta das 9h da manhã, quando o carro avançou sobre a faixa de pedestres. Vídeos que circulam nas redes sociais chinesas mostram o momento exato em que a população corre em direção ao veículo, identificado com a marca “Hello Autonomous Driving”, para tentar salvar o homem e a mulher atingidos. Autoridades locais confirmaram que o serviço de testes na cidade foi suspenso imediatamente para investigações.
Colisão autônoma grave
Relatos de testemunhas oculares indicam que o veículo, um modelo Apollo RT6 desenvolvido em parceria pela Baidu e JMC, não parou a tempo diante dos pedestres. A força do impacto lançou uma das vítimas ao chão, enquanto a outra foi arrastada e ficou presa embaixo das rodas traseiras. O homem, que usava um capacete no momento da colisão, sofreu ferimentos visíveis e sangramento intenso, gerando pânico entre os observadores.
Imediatamente após a batida, a inteligência artificial do carro pareceu não reagir adequadamente à situação de emergência, permanecendo estática sobre a vítima. Foi nesse momento que os transeuntes perceberam que a única maneira de evitar a morte do pedestre seria agir por conta própria. Esse atraso na resposta do sistema autônomo levanta questões críticas sobre a segurança desses veículos em ambientes urbanos imprevisíveis.
Além disso, a ausência de um motorista de segurança a bordo impediu qualquer intervenção manual imediata que pudesse ter mitigado o acidente. O protocolo de emergência da empresa operadora, a Hello, foi acionado remotamente, mas apenas após o incidente já ter ocorrido. A dependência total de sensores e algoritmos falhou em proteger a vida humana neste cenário específico.
Resgate manual dramático
A cena de solidariedade foi registrada por diversos ângulos e viralizou rapidamente nas plataformas digitais. Aproximadamente quinze pessoas cercaram o veículo pesado, contando até três para erguer a estrutura e puxar a vítima para fora. O esforço coletivo foi crucial para liberar o homem antes da chegada das ambulâncias, demonstrando a rapidez da resposta humana frente à falha da máquina.
Posteriormente, equipes de emergência chegaram ao local e transportaram os dois feridos para o Hospital Provincial de Medicina Tradicional Chinesa de Hunan. Informações médicas preliminares apontam que ambos foram admitidos na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), dada a gravidade das lesões. O hospital não divulgou um boletim detalhado, mas a situação é considerada delicada.
A polícia de Zhuzhou isolou a área para realizar a perícia técnica no veículo e entender por que os sensores não detectaram os pedestres ou por que os freios não foram acionados. O carro, identificado pelo número “3009”, foi rebocado para um pátio oficial, onde passará por uma análise minuciosa de seus registros de dados (logs).
Falha tecnológica debatida
Este acidente reacende o debate global sobre a maturidade da tecnologia de direção autônoma nível 4 (L4) em vias públicas. Especialistas argumentam que, embora a IA possa reduzir erros humanos, falhas de software podem ter consequências catastróficas e imprevisíveis. A Baidu, gigante tecnológica por trás do sistema Apollo, enfrenta agora pressão para explicar a falha em seus algoritmos de detecção de obstáculos.
A empresa Hello, que opera a frota na cidade, emitiu um comunicado reconhecendo o acidente e afirmando que está “cooperando ativamente com os departamentos competentes”. Contudo, a suspensão dos testes em Zhuzhou sugere que as autoridades não estão dispostas a correr novos riscos até que as causas sejam totalmente esclarecidas. A confiança do público na tecnologia, que vinha crescendo, sofreu um duro golpe com a divulgação das imagens.
Por conseguinte, o incidente pode atrasar os planos de expansão dos robotáxis para outras cidades chinesas e até internacionais. A promessa de um trânsito mais seguro e eficiente esbarra na realidade dura de que, em momentos críticos, a tecnologia ainda pode falhar. A responsabilidade civil e criminal em casos onde não há motorista humano continua sendo uma zona cinzenta na legislação.
Tragédia em Zhuzhou
Zhuzhou, uma cidade que vinha se posicionando como um polo de inovação tecnológica, agora lida com as repercussões deste atropelamento. A população local expressou medo e indignação nas redes sociais, questionando por que veículos de teste operam em áreas tão movimentadas. A segurança dos pedestres, argumentam, não pode ser sacrificada em nome do progresso tecnológico.
Investigações anteriores de acidentes similares mostraram que, muitas vezes, o software tem dificuldade em prever o comportamento humano “errático”, como pedestres correndo ou mudando de direção bruscamente. No entanto, a expectativa é que sistemas autônomos sejam programados com margens de segurança extremas, algo que claramente não ocorreu neste caso. A comunidade técnica aguarda o relatório final para entender a lógica da IA no momento do impacto.
Finalmente, o episódio serve como um alerta severo para reguladores em todo o mundo, incluindo o Brasil, que começa a discutir a legislação para veículos autônomos. A integração entre máquinas e humanos no trânsito exige não apenas tecnologia de ponta, mas garantias absolutas de que a vida será preservada em caso de falha. Até lá, a imagem da multidão levantando o carro permanecerá como um símbolo da fragilidade desse sistema.
