Tensão Máxima, Caças Chineses Travam Mira de Radar em F-15 do Japão

Japão acusa China de manobra perigosa com caças J-15, Pequim nega e alega interferência, crise militar atinge nível crítico em Okinawa e Miyako.

Caça F-15 da Força Aérea de Autodefesa do Japão em voo, visto de cima contra um céu azul.
Um caça F-15 da Força Aérea de Autodefesa do Japão, modelo similar aos envolvidos no recente incidente de travamento de radar por jatos chineses J-15. (Foto: Divulgação/JASDF)

O Ministério da Defesa do Japão confirmou, nesta segunda-feira (8), um incidente de gravidade extrema ocorrido no final de semana, elevando o alerta militar em toda a região do Indo-Pacífico para o nível mais alto. Pela primeira vez na história recente, caças chineses J-15 realizaram um “travamento de radar” contra aeronaves da Força Aérea de Autodefesa do Japão. O ato, tecnicamente conhecido como lock-on, não é apenas uma observação, mas a etapa final antes do disparo de um míssil, o que gerou protestos diplomáticos imediatos e convocações de emergência em Tóquio.

Os eventos ocorreram no sábado, dia 6 de dezembro de 2025, em dois momentos distintos, sobre águas internacionais próximas a Okinawa. De acordo com o relatório oficial japonês, caças J-15, que decolaram do porta-aviões chinês Liaoning, ativaram seus radares de controle de tiro contra caças F-15 japoneses. O ministro da Defesa do Japão, Shinjiro Koizumi, classificou a ação como “extremamente lamentável” e “perigosa”, ressaltando que tal conduta viola todos os protocolos de segurança aérea estabelecidos entre as nações, colocando pilotos em risco de morte real por erro de cálculo.

Bloqueio eletrônico ofensivo

A gravidade deste incidente reside na diferença técnica entre um radar de busca e um radar de controle de tiro. Enquanto o primeiro apenas varre o céu para localizar objetos, o segundo concentra um feixe de energia contínuo em um alvo específico, alimentando os computadores de mísseis com dados precisos de velocidade e direção. Para um piloto de caça, receber um aviso de lock-on no cockpit equivale a ter uma arma engatilhada apontada para sua cabeça, exigindo reações defensivas imediatas.

Especialistas militares ouvidos nas últimas 24 horas apontam que o uso dessa tecnologia contra uma aeronave tripulada, em tempos de paz, é uma agressão sem precedentes por parte de caças chineses. Até então, incidentes semelhantes haviam ocorrido apenas entre navios ou helicópteros, mas nunca envolvendo caças de superioridade aérea em alta velocidade. A ação sugere uma mudança na doutrina de engajamento da China, testando os limites da reação das forças japonesas e dos Estados Unidos na região.

O governo chinês, através do porta-voz da Marinha, Coronel Sênior Wang Xuemeng, rejeitou veementemente as acusações japonesas neste domingo (7). Segundo Pequim, foram as aeronaves japonesas que “se aproximaram perigosamente” e interferiram nos exercícios navais legítimos do porta-aviões Liaoning. A China alega que seus pilotos agiram de forma profissional e legal, acusando o Japão de fabricar uma narrativa de vitimização para justificar sua própria expansão militar e o aumento de gastos com defesa previstos para 2026.

Ameaça de disparo iminente

A tensão diplomática escalou rapidamente nas últimas 48 horas, com trocas de notas oficiais e convocações de embaixadores. A Primeira-Ministra do Japão, Sanae Takaichi, que recentemente fez comentários sobre a defesa de Taiwan, declarou que o Japão responderá de forma “calma, mas resoluta”. A ligação entre os comentários políticos de Takaichi e a resposta militar agressiva da China é vista por analistas como direta, transformando o espaço aéreo de Okinawa em um tabuleiro de xadrez volátil onde um movimento errado pode iniciar um conflito.

Os caças envolvidos no incidente possuem capacidades letais que tornam a situação ainda mais delicada. O J-15 chinês, apelidado de “Tubarão Voador”, é uma aeronave embarcada robusta, capaz de carregar mísseis ar-ar de longo alcance. Já o F-15J japonês é uma versão licenciada do lendário caça americano, conhecido por sua invencibilidade em combates aéreos passados. O encontro dessas duas máquinas de guerra, com sistemas de armas ativados, cria um cenário onde a margem para erro humano ou falha técnica é virtualmente inexistente.

Autoridades de defesa em Tóquio revelaram que os incidentes ocorreram especificamente às 16h32 e novamente às 18h37 do sábado. A repetição do ato, com horas de diferença, desmonta a tese de um erro acidental por parte de um piloto inexperiente. Indica, ao contrário, uma ordem deliberada da cadeia de comando chinesa para pressionar as patrulhas japonesas. O uso intermitente do radar de tiro sugere uma tática de intimidação psicológica, forçando os pilotos japoneses a manterem estado de alerta máximo constante durante suas missões de patrulha.

Manobra de ataque simulado

O contexto geográfico é fundamental para entender a periculosidade deste evento recente. A região ao sul de Okinawa e próxima ao Estreito de Miyako é uma artéria vital para a Marinha Chinesa acessar o Oceano Pacífico. O Japão monitora essa passagem rigorosamente, o que frequentemente irrita Pequim. No entanto, transformar missões de monitoramento padrão em simulações de combate real com travamento de radar rompe uma barreira de segurança tácita que existia há décadas entre as duas potências asiáticas.

Dados de rastreamento naval confirmam que o porta-aviões Liaoning estava realizando uma série intensa de decolagens e pousos no fim de semana. O Japão enviou seus caças F-15 para coletar inteligência visual e eletrônica sobre essas manobras, uma prática comum e recíproca em águas internacionais. O que mudou foi a resposta chinesa: em vez de apenas escoltar ou monitorar os intrusos, os pilotos do J-15 optaram por iluminar os alvos japoneses com seus radares de controle de fogo, um ato considerado hostil pelas normas da Otan e aliados.

A reação internacional começa a se formar, com os Estados Unidos reafirmando seu compromisso de defesa mútua com o Japão. O Artigo 5º do Tratado de Segurança EUA-Japão cobre ataques às forças japonesas, o que significa que um disparo acidental resultante desse lock-on poderia, teoricamente, arrastar Washington para uma guerra direta com Pequim. Essa possibilidade aterrorizante está movendo os bastidores diplomáticos nesta segunda-feira, com tentativas urgentes de estabelecer canais de comunicação de crise para evitar novos encontros do tipo.

Hostilidade aérea direta

Além do risco militar imediato, o impacto político interno no Japão é significativo. A ala conservadora do governo, liderada pelo Partido Liberal Democrata (LDP), utiliza o incidente para justificar a aceleração do programa de rearmamento japonês, incluindo a aquisição de mísseis de contra-ataque. A população japonesa, geralmente avessa a conflitos militares, demonstra crescente preocupação com a segurança nacional, especialmente com as notícias chegando de Okinawa, onde a presença militar é visível e constante no cotidiano dos moradores.

A economia também sente os tremores dessa instabilidade, com os mercados asiáticos abrindo a semana com cautela. Rotas comerciais que passam pelo Mar da China Oriental são essenciais para o fluxo global de mercadorias. Qualquer indício de que o espaço aéreo ou marítimo da região está se tornando uma zona de exclusão militar afeta o seguro de fretes e a logística de grandes empresas. O incidente do radar não é apenas um problema militar, mas um aviso econômico de que a estabilidade da Ásia Oriental está sob pressão severa.

O histórico de confrontos não letais entre China e Japão inclui o uso de canhões de água e manobras de navios, mas a escalada para a aviação de caça muda o paradigma. A velocidade dos eventos no ar não permite as mesmas deliberações que ocorrem no mar. Em segundos, um piloto precisa decidir se está sob ataque e se deve responder. O fato de os pilotos japoneses terem mantido a disciplina e não revidado, apesar do alarme de travamento de radar soando em seus ouvidos, é um testamento de seu treinamento profissional e rigoroso.

Para o futuro imediato, espera-se que o Japão aumente a frequência de suas patrulhas com aeronaves de alerta antecipado (AWACS) e guerra eletrônica, para documentar melhor essas agressões. A China, por sua vez, provavelmente continuará a testar as linhas vermelhas, usando o Liaoning como uma plataforma de projeção de poder. O incidente do dia 6 de dezembro de 2025 ficará marcado como o momento em que a rivalidade sino-japonesa deixou o campo das disputas territoriais diplomáticas e entrou perigosamente na mira dos sistemas de armas reais.

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