A deputada federal norte,americana Maria Elvira Salazar (Republicana, Flórida) causou um terremoto político em Washington e Caracas ao confirmar, em entrevista recente a veículos de imprensa ligados à rede FOX, que o presidente Donald Trump colocou uma proposta definitiva sobre a mesa para Nicolás Maduro. Segundo a congressista, que atua como uma das principais vozes da política externa dos Estados Unidos para a América Latina, a Casa Branca ofereceu uma “saída honrosa” ao ditador venezuelano. A revelação lança luz sobre os bastidores da nova estratégia diplomática adotada desde o retorno de Trump ao Salão Oval em janeiro de 2025, uma abordagem que mistura a pressão econômica máxima com a possibilidade pragmática de exílio para a cúpula chavista.
A declaração de Salazar não é apenas um rumor de corredor, mas reflete a mudança de postura da administração republicana em relação à crise venezuelana, que se arrasta há mais de uma década. Diferente da gestão anterior, que apostou em sanções progressivas sem um canal direto de negociação para a rendição, Trump parece disposto a utilizar seu capital político para fechar um “deal” (acordo) rápido. A “saída” mencionada por Salazar envolveria garantias de segurança física para Maduro e seus familiares, possivelmente em um país terceiro que não possua acordo de extradição imediata com os Estados Unidos, evitando assim que o líder venezuelano termine seus dias em uma prisão federal americana sob acusações de narcotráfico.
Bastidores da diplomacia republicana secreta
A entrevista de Salazar expõe que os canais de comunicação entre Washington e Caracas, embora oficialmente cortados ou hostis, operam intensamente nos subterrâneos da diplomacia. A deputada enfatizou que a oferta de Trump Maduro saída Salazar não é um sinal de fraqueza, mas sim um ultimato. A lógica aplicada é a da “cenoura e o porrete”: ou Maduro aceita sair pelo aeroporto internacional de Maiquetía com garantias de vida, ou enfrentará um estrangulamento financeiro e operacional sem precedentes, capaz de implodir a base de sustentação militar que ainda o mantém no Palácio de Miraflores. Essa estratégia de “tudo ou nada” é uma marca registrada do estilo de negociação de Trump, que busca resultados visíveis e rápidos para apresentar ao eleitorado americano, preocupado com a imigração na fronteira sul.
Para os analistas de geopolítica, a confirmação de Salazar indica que o tempo para o chavismo está se esgotando na visão da Casa Branca. A proposta de saída incluiria, segundo fontes de bastidores citadas indiretamente na cobertura da mídia conservadora, a suspensão de certas perseguições judiciais imediatas em troca da restauração democrática plena na Venezuela. Isso colocaria Maduro diante de um dilema existencial: confiar na palavra de Trump e viver no exílio, possivelmente na Turquia ou em algum país do Oriente Médio, ou resistir e arriscar um desfecho violento semelhante ao de outros ditadores que recusaram ofertas de asilo no passado. A congressista Salazar, conhecida por sua linha dura contra o socialismo, ao validar essa informação, sinaliza que a ala mais radical do Partido Republicano está disposta a engolir a impunidade de Maduro se isso significar a libertação imediata da Venezuela.
O dilema do exílio venezuelano
A repercussão da fala de Salazar foi imediata entre a oposição venezuelana e a comunidade internacional. Líderes como María Corina Machado, que mantêm diálogos constantes com a administração Trump, observam com cautela a movimentação. A ideia de permitir que Maduro deixe o poder sem responder pelos crimes contra a humanidade cometidos durante seu regime é amarga para muitos ativistas de direitos humanos, mas é vista como um mal necessário por pragmáticos que desejam estancar a sangria migratória e econômica do país. O termo “saída” utilizado por Salazar carrega o peso de décadas de sofrimento de um povo que viu sua economia encolher 80% e milhões de seus cidadãos fugirem da fome e da repressão política.
Além disso, a proposta toca em um ponto nevrálgico da estrutura de poder chavista: o medo da traição interna. Ao oferecer uma saída apenas para a cabeça da cobra, os Estados Unidos podem estar incentivando a fragmentação das Forças Armadas Bolivarianas. Generais e altos oficiais, percebendo que o líder máximo pode negociar sua própria pele e deixá,los para trás, poderiam antecipar o movimento e facilitar um golpe ou uma transição forçada. Salazar, ao trazer essa informação a público na FOX, pode estar jogando com essa guerra psicológica, plantando a semente da desconfiança no alto comando militar venezuelano, que agora se pergunta se deve continuar leal a um líder que já discute os termos de sua aposentadoria no exterior.
Repercussão política no hemisfério
A confirmação de que Trump ofereceu uma saída a Maduro também reconfigura as alianças na América Latina. Governos de esquerda na região, que mantinham uma postura de solidariedade ou neutralidade benevolente com Caracas, agora se veem pressionados a se posicionar diante de uma possível transição negociada. Se o próprio Maduro está considerando os termos de sua rendição, como sugere a fala de Salazar, a justificativa ideológica para apoiá,lo desmorona. Para o Brasil e a Colômbia, vizinhos que sofrem diretamente com o fluxo de refugiados, uma resolução rápida, mesmo que controversa, seria um alívio geopolítico imenso. A diplomacia brasileira acompanha atentamente se essa “saída” incluiria também a normalização do fluxo de petróleo venezuelano para o mercado global, algo que Trump vê com bons olhos para baixar o preço da gasolina nos EUA.
O papel de Maria Elvira Salazar neste episódio não pode ser subestimado. Como representante de um distrito na Flórida com grande população de exilados cubanos e venezuelanos, ela atua como uma espécie de termômetro da aceitação pública dessas medidas. Se ela, uma crítica feroz do comunismo, está verbalizando a oferta de exílio, isso serve para preparar a base eleitoral republicana para a possibilidade de ver Maduro bebendo coquetéis em uma praia estrangeira em vez de estar atrás das grades. É uma operação de comunicação calculada para alinhar expectativas: a prioridade é o fim do regime e a contenção da influência da China e da Rússia no hemisfério ocidental, mesmo que a justiça plena tenha que ser sacrificada no altar da realpolitik.
Ultimato de Washington ao chavismo
Por fim, a entrevista de Salazar reforça que a paciência de Washington acabou. O ano de 2025 marca um ponto de inflexão onde as meias medidas foram abandonadas. A oferta de saída é, paradoxalmente, a última oferta pacífica antes de uma escalada que poderia envolver bloqueios navais mais severos ou operações cirúrgicas, cenários que Trump, apesar de sua retórica, preferiria evitar para não se envolver em novos conflitos longos. A bola agora está no campo do Palácio de Miraflores. A recusa dessa oferta poderia desencadear uma resposta americana muito mais agressiva, validada pela narrativa de que “tentamos de tudo, inclusive oferecer uma saída honrosa”.
A história recente mostra que janelas de oportunidade para ditadores negociarem sua saída são curtas e raras. Salazar, ao expor a oferta, coloca um relógio na mesa de Maduro. A comunidade internacional aguarda os próximos capítulos dessa novela diplomática que envolve petróleo, ideologia e o destino de milhões de pessoas. Se a “saída” se concretizar, será uma das maiores vitórias de política externa de Trump em seu segundo mandato; se falhar, poderá ser o prelúdio de um conflito ainda mais dramático na América do Sul. O que fica claro é que o status quo na Venezuela tornou,se insustentável para os interesses de segurança nacional dos Estados Unidos, e a administração republicana decidiu que 2025 será o ano da resolução, por bem ou por mal.
