Mortes por calor custam 27 milhões ao Brasil por ano

Estudo revela que as mortes por calor custam 27 milhões por ano ao Brasil, com impactos diretos na saúde pública e na economia nacional

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Termômetro de rua marca 39°C em dia de calor extremo no centro de São Paulo
Termômetro marca 39°C no centro de São Paulo; altas temperaturas agravam riscos à saúde e afetam a economia

Um levantamento recente revelou que as mortes por calor custam 27 milhões por ano ao Brasil, considerando gastos diretos com saúde, perda de produtividade e impacto econômico decorrente de doenças agravadas por temperaturas extremas.

Uma parceria entre universidades brasileiras e centros internacionais de pesquisa climática revelou o dado, destacando que as ondas de calor já representam uma das principais ameaças à saúde pública nas grandes cidades. As temperaturas extremas causam o aumento de internações por desidratação, infartos e falências múltiplas de órgãos nas últimas duas décadas.

Cidades concentram os casos e ampliam o custo econômico

As regiões metropolitanas concentram a maior parte das ocorrências de mortes relacionadas ao calor. Capitais como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília registraram aumento significativo de mortalidade em dias com sensação térmica acima dos 40 °C. Os especialistas afirmam que o efeito “ilha de calor urbano” — provocado pela concentração de concreto e pela falta de áreas verdes — agrava o impacto sobre a população.

Essas mortes não geram apenas dor e perda humana: elas também custam caro. Os pesquisadores calcularam os custos anuais em cerca de 27 milhões de reais, levando em conta despesas hospitalares, afastamentos trabalhistas e queda de produtividade associada a doenças relacionadas ao estresse térmico. Segundo as projeções, esse valor pode dobrar até 2040 se o país não investir em adaptação climática.

Desigualdade social aumenta vulnerabilidade ao calor extremo

A exposição ao calor afeta de forma desproporcional os brasileiros mais pobres. Em bairros periféricos, onde a infraestrutura urbana é precária e há pouca arborização, o risco de adoecer é maior. Além disso, grande parte das residências não possui isolamento térmico nem acesso a sistemas de refrigeração.

Especialistas ressaltam que idosos, crianças e pessoas com doenças cardíacas ou respiratórias formam o grupo mais vulnerável. O impacto socioeconômico dessas mortes recai especialmente sobre famílias de baixa renda, que dependem de empregos informais e têm acesso limitado a serviços de saúde. O estudo reforça que as mortes por calor custam 27 milhões por ano ao Brasil, mas o valor tende a crescer diante da desigualdade e da falta de planejamento urbano.

Pesquisadores alertam para falhas na prevenção

Entre os principais desafios está a ausência de um sistema nacional de alerta para ondas de calor, semelhante ao que já existe para chuvas intensas. Climatologistas defendem a criação de protocolos integrados que envolvam prefeituras, Defesa Civil e redes de saúde.

Os especialistas também pedem investimentos em arborização, ampliação de parques urbanos e maior incentivo a projetos de infraestrutura verde. Além disso, recomendam a inclusão de planos de mitigação térmica em políticas habitacionais e de transporte público.

Cenário global reforça urgência de adaptação climática

Relatórios da Organização Mundial da Saúde e da ONU indicam que o calor extremo foi responsável por cerca de 500 mil mortes no mundo em 2024, número que tende a aumentar. O Brasil aparece entre os países mais expostos, sobretudo nas regiões Sudeste e Nordeste.

O aumento da frequência de ondas de calor prolongadas ameaça não apenas a saúde, mas também a economia. O agronegócio sofre com quedas na produtividade agrícola, enquanto o setor energético enfrenta picos de demanda por eletricidade devido ao uso intensivo de ar-condicionado.

Governo discute planos, mas ações ainda são limitadas

O governo federal anunciou a elaboração de um plano nacional de adaptação climática, mas especialistas criticam a lentidão na implementação. Muitos municípios ainda não possuem metas específicas para reduzir a exposição populacional ao calor extremo, e os investimentos em pesquisa climática continuam restritos.

Médicos recomendam campanhas de conscientização para alertar a população sobre cuidados básicos em dias de calor intenso, como hidratação constante e redução da exposição solar. Segundo profissionais de saúde, simples medidas podem salvar vidas e reduzir a pressão sobre hospitais públicos.

Conclusão: o custo humano e financeiro do calor

As mortes por calor custam 27 milhões por ano ao Brasil, mas o impacto real vai muito além dos números. Trata-se de uma crise silenciosa que combina desigualdade, negligência e falta de planejamento urbano.

Enquanto países desenvolvidos investem em políticas de adaptação climática, o Brasil ainda engatinha nesse debate. Sem ações coordenadas, o custo econômico e humano tende a aumentar nas próximas décadas — e o preço, mais uma vez, será pago pelas populações mais vulneráveis.

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