No dia 7 de agosto de 2022, durante evento em São Paulo, o atleta Leandro Lo, multicampeão mundial na modalidade de jiu-jítsu, foi atingido por disparo de arma de fogo na cabeça. O autor do tiro foi o então tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo Henrique Velozo, que estava de folga e sem uniforme. O crime gerou repercussão nacional.
Após investigações e prisão preventiva, o processo seguiu para júri popular que teve início em 12 de novembro de 2025 e se estendeu até 14 de novembro. Durante o julgamento, a defesa sustentou que Velozo agiu em legítima defesa, argumento que foi aceito pelos jurados.
Estrutura do julgamento e principais argumentos
O Tribunal do Júri analisou provas como depoimentos de testemunhas, reconstituição do ocorrido, laudos periciais e gravações da noite do crime. A defesa argumentou que Velozo estava cercado por múltiplos lutadores de jiu-jítsu no momento em que sofreu imobilização e, temendo por sua integridade física, efetuou o disparo. As testemunhas contaram que ele havia sido imobilizado segundos antes do disparo e que o cenário apresentava tensão elevada.
A acusação sustentava que o tiro foi desproporcional, atingindo Leandro Lo na cabeça e ocorrendo após a imobilização, e que não havia justa causa para o crime. Os jurados, porém, consideraram predominante a versão da legítima defesa.
Decisão e soltura do policial militar
Na noite de 14 de novembro de 2025, o júri popular absolveu Henrique Velozo, acolhendo a tese da defesa. Com a decisão, foi expedido alvará de soltura, e o tenente deixou o Presídio Militar Romão Gomes no sábado seguinte. A absolvição marca o fim da fase de julgamento com participação dos jurados, embora possam haver recursos em instâncias superiores.
A corporação e o sistema disciplinar militar ainda têm processos internos para verificar a manutenção do vínculo funcional, independentemente da decisão criminal.
Repercussão institucional e impacto sobre a PM
A absolvição do tenente Velozo gera debate sobre o uso da força por agentes de segurança, especialmente quando ocorrida fora de horário de serviço ou sem farda. O comando da Polícia Militar aguarda as decisões disciplinares, que podem levar à demissão, reforma ou outras sanções administrativas em paralelo.
Para a sociedade civil e o mundo das artes marciais, a decisão acende questionamentos sobre proteção de atletas, responsabilidades em eventos com segurança privada e condutas de autoridades em ambientes de lazer.
Perspectivas futuras do caso
Mesmo com a absolvição no júri popular, o caso mantém outras frentes: o processo disciplinar militar, possíveis recursos da acusação e demandas civis ou indenizatórias por parte dos familiares de Leandro Lo.
Além disso, o sistema de segurança pública acompanha com atenção os desdobramentos, dado o precedente que a decisão pode estabelecer em casos similares envolvendo policiais em folga.
A absolvição de Henrique Velozo representa um desfecho importante para o processo judicial dessa morte que abalou o jiu-jítsu nacional. A versão de legítima defesa foi aceita pelo júri, mas o caso segue com repercussão institucional e social — e com várias implicações além da esfera criminal.