Sobrado Desaba no Catete: 16 Feridos e Resgate Dramático na Zona Sul

Imóvel na Rua Tavares Bastos colapsou na madrugada, deixando moradores soterrados, bombeiros usam drones térmicos e cães para localizar última vítima presa nos escombros.

Vista aérea dos escombros de um sobrado que desabou no Catete, com bombeiros trabalhando no resgate.
Bombeiros do Rio de Janeiro trabalham nos escombros de um sobrado que desabou na Rua Tavares Bastos, no Catete, deixando 16 feridos na madrugada desta segunda-feira. (Foto: Divulgação/CBMERJ)

Um sobrado desabou na Rua Tavares Bastos, no bairro do Catete, Zona Sul do Rio de Janeiro, ferindo pelo menos 16 pessoas na madrugada desta segunda feira, 8 de dezembro de 2025. O incidente ocorreu por volta das 4h36, quando a estrutura de um imóvel antigo cedeu e caiu sobre outra residência, prendendo moradores sob toneladas de concreto e madeira. O cenário é de destruição, e equipes do Corpo de Bombeiros atuam intensamente no local desde as primeiras horas do dia para garantir a segurança da área e socorrer as vítimas.

A situação gerou pânico entre os vizinhos, que relataram um estrondo semelhante a uma explosão no momento do colapso. A poeira tomou conta da esquina com a Rua Bento Lisboa, dificultando a visibilidade e a respiração de quem tentava fugir. Segundo o Corpo de Bombeiros, a maioria das vítimas foi retirada com escoriações leves, graças à formação de “bolsões de ar” criados pelos móveis e colunas que sustentaram parte dos escombros, protegendo os moradores do impacto direto.

Colapso residencial no Catete

A complexidade do resgate exigiu uma operação cirúrgica por parte dos militares. O major Fábio Contreiras, porta voz da corporação, explicou que o imóvel era composto por apartamentos muito pequenos e diversas divisórias, o que paradoxalmente ajudou a salvar vidas ao criar espaços vazios nos destroços. Contudo, a instabilidade da estrutura remanescente obrigou os bombeiros a utilizarem escoras metálicas e ferramentas de corte de precisão para acessar os feridos sem provocar novos desmoronamentos.

Dentre os resgatados, um jovem de 21 anos, que trabalha como feirante, permaneceu preso por quase cinco horas, comunicando se verbalmente com as equipes de socorro durante todo o processo. A operação para retirá lo foi delicada e envolveu o uso de drones com câmeras térmicas para mapear o calor corporal sob as ruínas, além de cães farejadores do Grupamento de Busca e Salvamento Especializado (GOESP). Ele foi encaminhado lúcido para o Hospital Municipal Miguel Couto, no Leblon, onde passa por exames detalhados.

Tragédia estrutural na Zona Sul

Este acidente reacende o debate sobre a conservação de imóveis antigos na região histórica do Rio de Janeiro. A Defesa Civil Municipal interditou imediatamente o perímetro e iniciou uma vistoria técnica para determinar as causas exatas da queda. Especialistas apontam que a falta de manutenção, somada a obras irregulares ou infiltrações não tratadas, são fatores recorrentes em tragédias dessa natureza na cidade. A Rua Tavares Bastos permanece fechada para o trânsito, com agentes da CET Rio coordenando o fluxo de veículos nas imediações para facilitar a passagem das ambulâncias.

Além disso, moradores de prédios vizinhos foram evacuados preventivamente e orientados a não retornarem às suas casas até que o laudo de estabilidade seja concluído. A Assistência Social da prefeitura está no local cadastrando as famílias afetadas para oferecer abrigo temporário e suporte material, visto que muitos perderam todos os seus pertences sob a montanha de entulho. O clima é de consternação e incerteza para aqueles que viram suas moradias desaparecerem em questão de segundos.

Ruína de edificação antiga

O impacto do desastre sobrecarregou o sistema de emergência local nas primeiras horas da manhã. Pelo menos quatro das vítimas resgatadas precisaram de transporte imediato para unidades de saúde de média e alta complexidade, apresentando fraturas e contusões significativas. As demais vítimas, classificadas com ferimentos “verdes” (leves) e “amarelos” (média gravidade), receberam atendimento preliminar nas próprias ambulâncias do SAMU e dos Bombeiros estacionadas na rua.

Portanto, a agilidade na resposta das autoridades foi crucial para evitar óbitos. O governador do estado emitiu uma nota solidarizando se com as vítimas e garantindo que todos os recursos estaduais, incluindo maquinário pesado para a remoção final dos escombros, estão à disposição da operação. A investigação policial deverá ouvir os proprietários do imóvel e inquilinos nos próximos dias para apurar eventuais responsabilidades criminais ou civis sobre a falta de conservação do prédio.

Acidente imobiliário urbano

A recorrência de desabamentos no Rio de Janeiro aponta para um problema estrutural de fiscalização urbana. O crescimento desordenado e a ocupação de casarões históricos sem as devidas reformas transformam bairros tradicionais como o Catete em áreas de risco latente. Organizações da sociedade civil cobram da prefeitura um mapeamento mais rigoroso dessas edificações, sugerindo subsídios para que proprietários de baixa renda consigam realizar as manutenções necessárias antes que novas tragédias ocorram.

Por fim, a comunidade local se mobiliza para ajudar os desabrigados com doações de roupas, alimentos e água. A solidariedade dos vizinhos tem sido um ponto de luz em meio ao caos, com muitos oferecendo suas próprias casas para acolher quem ficou na rua. O episódio serve como um alerta severo para a necessidade de políticas públicas de habitação mais eficazes e preventivas, visando proteger a vida de quem mora em construções vulneráveis na capital fluminense.

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