Urgente: CCJ da Alerj aprova revogação da prisão de Rodrigo Bacellar

Colegiado decide pela liberação do deputado detido na Operação Unha e Carne, decisão definitiva ocorrerá em plenário às 15h desta segunda-feira.

Foto de Rodrigo Bacellar, presidente da Alerj, discursando ao microfone em sessão plenária.
O presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Rodrigo Bacellar (União Brasil), durante sessão na Alerj. Ele foi preso pela Polícia Federal por suspeita de vazar informações de operação contra o ex-deputado TH Joias, acusado de ligação com o Comando Vermelho. (Foto: Thiago Lontra/ALERJ)

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) aprovou, nesta segunda-feira (8), o relatório que recomenda a revogação da prisão do presidente da Casa, Rodrigo Bacellar (União Brasil). A decisão do colegiado é o primeiro passo legislativo para tentar reverter a ordem de detenção preventiva expedida pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Agora, o texto segue para o plenário, onde todos os deputados votarão a partir das 15h.

O parecer favorável à soltura foi elaborado após a reunião iniciada às 11h, que havia sido adiada da última sexta-feira. A base aliada na comissão argumentou que a Constituição permite às casas legislativas reverem prisões de parlamentares no exercício do mandato. Bacellar está preso desde a última quarta-feira (3), alvo de uma operação da Polícia Federal que investiga vazamento de informações sigilosas.

Parecer pela liberdade

O relator do caso na CCJ sustentou que as medidas cautelares seriam suficientes para garantir a ordem pública, sem a necessidade do encarceramento. Nesse sentido, o voto condutor defendeu que a imunidade parlamentar deve ser preservada, exceto em casos flagrantes de crime inafiançável, o que, segundo a defesa, não se aplica. A aprovação na comissão já era esperada nos bastidores, visto que o presidente do colegiado, Rodrigo Amorim, é aliado próximo de Bacellar.

A reunião ocorreu em clima de tensão, com a presença de advogados e forte articulação política para garantir o quórum necessário. Os membros da comissão analisaram os autos enviados pelo STF, que detalham as acusações de obstrução de justiça. Contudo, o foco da discussão política foi a prerrogativa do Legislativo de decidir sobre a liberdade de seus pares, independentemente do mérito criminal.

Além disso, a decisão da CCJ serve como uma “bússola” para a votação em plenário, sinalizando o humor da Casa. Embora o parecer da comissão não seja vinculante, ele oferece respaldo jurídico e político para que os demais deputados votem pela soltura. A expectativa é que o plenário confirme a decisão da comissão, atingindo os 36 votos necessários para expedir o alvará de soltura.

Investigação da Polícia Federal

Rodrigo Bacellar é acusado pela Polícia Federal de vazar informações da Operação Zargun para o ex-deputado TH Joias. Segundo o inquérito, Bacellar teria alertado o aliado sobre a iminência de uma ação policial, permitindo que provas fossem destruídas ou ocultadas. O ministro Alexandre de Moraes, do STF, considerou o fato gravíssimo, motivando a ordem de prisão preventiva para proteger as investigações.

Interceptações telefônicas e mensagens apresentadas pela PF indicam que o presidente da Alerj monitorava passos da investigação em tempo real. Em um dos diálogos interceptados, Bacellar teria orientado TH Joias a “se preocupar com a filha pequena”, o que foi interpretado como um código ou ameaça velada. A defesa nega qualquer irregularidade e afirma que os diálogos foram tirados de contexto.

Por conseguinte, a operação revelou supostos vínculos políticos com áreas dominadas pelo Comando Vermelho, visando benefícios eleitorais. A PF encontrou R$ 90 mil em espécie no carro de Bacellar no momento da prisão, dinheiro cuja origem ainda está sendo apurada. Esses elementos foram cruciais para fundamentar a decisão inicial de Moraes, que também determinou o afastamento de Bacellar da presidência da Alerj.

Tensão entre poderes

A decisão da CCJ intensifica o atrito institucional entre o Legislativo fluminense e o Supremo Tribunal Federal. Caso o plenário confirme a soltura, a Alerj estará confrontando diretamente uma ordem de prisão fundamentada pelo relator Alexandre de Moraes. Especialistas apontam que o STF poderá reagir, impondo novas medidas cautelares, como o uso de tornozeleira eletrônica ou proibição de acesso à Assembleia.

O governador Cláudio Castro tem mantido distância pública do caso, evitando contaminar sua gestão com o escândalo. Interlocutores do Palácio Guanabara afirmam que a orientação é deixar a Alerj resolver a questão internamente, sem interferência do Executivo. No entanto, o silêncio do governador é visto como uma estratégia de sobrevivência política, já que ele também é citado em investigações correlatas.

Finalmente, a votação desta tarde será decisiva não apenas para a liberdade de Bacellar, mas para o futuro político do estado. Se libertado, o deputado ainda enfrentará o processo no STF e o desgaste de ter sido o segundo presidente da Alerj preso no exercício do cargo. A sociedade civil acompanha o desfecho com atenção, cobrando transparência e rigor na apuração dos fatos.

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