O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, ordenou nesta quarta-feira uma nova série de ataques aéreos contra a Faixa de Gaza, em resposta a lançamentos de foguetes atribuídos ao grupo Hamas. A ofensiva intensifica o ciclo de violência que se arrasta há meses e aumenta o temor de um novo conflito prolongado na região.
De acordo com as Forças de Defesa de Israel (FDI), os bombardeios atingiram dezenas de alvos considerados estratégicos, incluindo centros de comando e depósitos de armamentos. Autoridades palestinas relataram vítimas civis e danos em áreas densamente povoadas, embora o número exato ainda não tenha sido confirmado.
Motivos e contexto da nova ofensiva
Netanyahu justificou a operação dizendo que Israel “não pode aceitar ataques terroristas contra seus cidadãos”. O governo israelense alega que o Hamas intensificou o lançamento de foguetes após a destruição de túneis subterrâneos usados para contrabando de armas.
Fontes militares afirmam que a ofensiva busca “restabelecer a dissuasão” e enfraquecer as capacidades do grupo. Entretanto, críticos dentro e fora de Israel consideram que a resposta é desproporcional e pode agravar a crise humanitária em Gaza, que já enfrenta bloqueios e falta de energia.
Reações internas e internacionais
A decisão gerou divisões políticas dentro de Israel. Enquanto partidos conservadores apoiam a linha dura de Netanyahu, setores da oposição pedem contenção e negociações mediadas pela ONU.
Internacionalmente, a Casa Branca pediu “moderação” e reafirmou o direito de Israel à autodefesa, mas expressou preocupação com as mortes de civis. O Egito e o Qatar tentam retomar conversas de cessar-fogo, enquanto a União Europeia solicitou “proporcionalidade” nas respostas militares.
Organizações humanitárias alertam que a escalada ameaça agravar a crise em hospitais de Gaza, que já operam acima da capacidade.
Análise: estratégia e impacto político
Analistas afirmam que Netanyahu tenta reforçar sua imagem de liderança em meio à pressão política interna. O governo israelense enfrenta críticas por corrupção e protestos contra reformas judiciais, e a ofensiva pode mobilizar apoio entre setores conservadores.
Para o cientista político israelense Yossi Alon, “as operações militares de Netanyahu sempre ocorrem em momentos de desgaste político interno”. Ele acrescenta que o atual cenário repete estratégias anteriores, em que ataques a Gaza serviram para reafirmar o discurso de segurança nacional.
Crítica e consequências humanitárias
Especialistas em direitos humanos apontam que os bombardeios em áreas urbanas violam princípios básicos do direito internacional. A Anistia Internacional pediu investigação independente e afirmou que “nenhum ataque justifica o sofrimento de civis”.
Enquanto isso, milhares de palestinos buscam abrigo em escolas e instalações da ONU. A energia elétrica e o fornecimento de água continuam interrompidos em várias regiões. Relatórios preliminares indicam que as sanções e bloqueios têm dificultado a entrada de ajuda humanitária.
Cenário regional e riscos futuros
A escalada ocorre em um momento de crescente instabilidade no Oriente Médio. Confrontos simultâneos foram registrados na fronteira norte de Israel, envolvendo milícias ligadas ao Hezbollah, e em áreas da Cisjordânia ocupada.
Diplomatas temem que o conflito possa se expandir, atraindo novos atores regionais e comprometendo negociações com a Arábia Saudita. Apesar das críticas, Netanyahu declarou que “as operações continuarão enquanto o Hamas representar uma ameaça à segurança de Israel”.
Conclusão
A decisão de Netanyahu ordenar ataques a Gaza reforça o padrão de respostas militares que marcaram sua trajetória política. Embora Israel sustente que age em legítima defesa, o impacto humanitário e o isolamento diplomático crescem a cada ofensiva.
Se novos confrontos se confirmarem, o conflito poderá atingir uma escala inédita desde 2021, colocando em xeque os esforços internacionais de estabilização e diálogo.