A imunização global sob risco tornou-se realidade alarmante segundo alerta divulgado pela Organização Mundial da Saúde em abril de 2025. O comunicado conjunto com Unicef e Gavi aponta que cortes de financiamento comprometem programas de vacinação mundialmente. Além disso, desinformação, crescimento populacional e crises humanitárias agravam o cenário preocupante nas campanhas de imunização internacional.
Surtos de doenças evitáveis por vacinas estão aumentando globalmente, incluindo sarampo, meningite e febre amarela. Doenças praticamente erradicadas, como difteria, ameaçam retornar em diversos países onde estavam controladas há décadas. As organizações internacionais pedem atenção política urgente e sustentada para fortalecer sistemas de vacinação. Consequentemente, o progresso alcançado na redução da mortalidade infantil nos últimos 50 anos encontra-se seriamente ameaçado.
Sarampo ressurge com força preocupante mundialmente
O sarampo representa a principal preocupação no contexto em que a imunização global sob risco se intensifica. Os casos vêm aumentando consecutivamente desde 2021, acompanhando reduções na cobertura vacinal registradas durante a pandemia. Em 2023, aproximadamente 10,3 milhões de casos foram confirmados, representando crescimento de 20% comparado ao ano anterior. As agências alertam que essa tendência ascendente provavelmente continuou durante 2024 e persiste em 2025.
Nos últimos 12 meses, 138 países relataram casos de sarampo, sendo que 61 enfrentam surtos significativos atualmente. A doença altamente contagiosa afeta principalmente crianças não vacinadas, podendo causar complicações graves e até morte. Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, destacou que surtos de doenças evitáveis estão aumentando mundialmente. Portanto, os cortes no financiamento para saúde global colocam décadas de progresso em grave perigo.
A situação piora devido à interrupção de campanhas de vacinação em diversos países. Levantamento recente da OMS com 108 escritórios, principalmente em nações de baixa e média renda, revela dados alarmantes. Quase metade dessas localidades enfrenta interrupções moderadas ou graves nas campanhas, na imunização de rotina e no acesso. Ademais, a vigilância de doenças também sofre prejuízos em mais da metade dos países pesquisados pela organização.
Meningite e febre amarela avançam em múltiplos continentes
Os casos de meningite na África aumentaram drasticamente em 2024, e a tendência ascendente prosseguiu em 2025. Somente nos primeiros três meses deste ano, mais de 5,5 mil casos suspeitos foram relatados em 22 países. Esses números representam aumento expressivo comparado aos aproximadamente 26 mil casos registrados em 24 países durante 2024. Além disso, quase 300 mortes foram confirmadas apenas no primeiro trimestre de 2025, evidenciando gravidade da situação.
A febre amarela também preocupa autoridades sanitárias, com 124 casos confirmados em 12 países africanos durante 2024. Esse aumento ocorre após declínio significativo na última década, conquistado graças aos estoques globais de vacinas. A imunização global sob risco fica ainda mais evidente quando se observa que programas de rotina foram interrompidos. Na região das Américas, surtos de febre amarela foram confirmados desde janeiro de 2025, totalizando 131 casos em quatro países.
O Brasil figura entre as nações afetadas pelos surtos de febre amarela registrados neste ano. A Organização Pan-Americana da Saúde emitiu alertas epidemiológicos para diversos países da região recentemente. Esses surtos ocorrem justamente em meio aos cortes de financiamento global para saúde pública. Catherine Russell, diretora-executiva do Unicef, alertou sobre desafios enfrentados na vacinação de crianças vulneráveis em zonas de conflito.
Cortes orçamentários afetam operações de saúde internacional
Os Estados Unidos cortaram 83% dos programas da agência de desenvolvimento USAID neste ano. Essa agência era responsável por 42% da ajuda humanitária distribuída em todo o mundo anteriormente. Em 10 de abril, a OMS alertou para perturbações nos serviços de saúde em 70% das delegações nacionais. Essas interrupções resultam das suspensões e reduções súbitas da ajuda pública ao desenvolvimento para saúde global.
O diretor-geral da organização declarou que os cortes orçamentais deixam as contas da OMS deficitárias. A situação financeira obriga a entidade a reduzir operações e despedir pessoal em diversos escritórios regionais. Dessa forma, a imunização global sob risco não representa apenas alerta teórico, mas realidade concreta afetando milhões. Consequentemente, países com recursos limitados enfrentam dificuldades crescentes para manter programas essenciais de vacinação funcionando adequadamente.
A Gavi, Aliança Global para Vacinas, realizará cúpula de doadores em 25 de junho de 2025. A organização busca arrecadar pelo menos 9 bilhões de dólares para financiar estratégia ambiciosa até 2030. Os recursos visam proteger 500 milhões de crianças e salvar aproximadamente 8 milhões de vidas entre 2026. Entretanto, sem financiamento adequado, essas atividades vitais estarão comprometidas, segundo Sania Nishtar, CEO da Gavi.
Crianças não vacinadas aumentam em proporção alarmante
O número de crianças que não receberam vacinas de rotina vem aumentando nos últimos anos consecutivos. Em 2023, cerca de 14,5 milhões de crianças ficaram sem receber todas as doses necessárias. Esse número supera os 13,9 milhões registrados em 2022 e os 12,9 milhões de 2019. Portanto, a imunização global sob risco manifesta-se concretamente na crescente quantidade de menores desprotegidos contra doenças evitáveis.
Mais da metade dessas crianças reside em países enfrentando conflitos armados ou instabilidade política grave. Essas circunstâncias dificultam enormemente o acesso a serviços básicos de saúde e vacinação nas comunidades. A crise no financiamento limita ainda mais a capacidade de imunizar contra sarampo em áreas afetadas. Ademais, a desinformação sobre vacinas contribui para redução das taxas de cobertura vacinal em diversas regiões.
Os países enfrentam desafios para alcançar menores que não foram imunizados durante a pandemia de COVID-19. A iniciativa “The Big Catch-Up”, lançada em 2023, busca justamente recuperar essas crianças não vacinadas. Esforços conjuntos da OMS, Unicef, Gavi e parceiros têm ajudado nações a expandir acesso às vacinas. Contudo, os desafios crescentes tornam essa missão cada vez mais complexa e desafiadora para autoridades sanitárias.
Retorno econômico da vacinação justifica investimentos urgentes
A imunização representa um dos melhores investimentos em saúde pública disponíveis atualmente para governos. Cada dólar investido em vacinas gera retorno de 54 dólares para a sociedade e economia. Esse retorno manifesta-se através da redução de gastos com tratamentos médicos e hospitalizações desnecessárias. Além disso, populações saudáveis contribuem mais produtivamente para o desenvolvimento econômico e social das nações.
Vacinas salvam aproximadamente 4,2 milhões de vidas anualmente contra 14 doenças diferentes mundialmente. Quase metade dessas vidas salvas concentra-se na região africana, onde doenças infecciosas permanecem endêmicas. A imunização global sob risco significa, portanto, colocar em perigo essas conquistas fundamentais da saúde pública. Campanhas de vacinação levaram à eliminação da meningite A no “cinturão da meningite” africano anteriormente.
Como parte de sistemas integrados de atenção primária à saúde, a vacinação protege contra doenças específicas. Simultaneamente, conecta famílias a outros cuidados essenciais como pré-natal, nutrição e triagem de malária. Portanto, investir em imunização fortalece todo o sistema de saúde de maneira abrangente e sustentável. As organizações internacionais enfatizam necessidade de investimento contínuo em vacinas e programas de imunização estruturados.
Agenda 2030 exige comprometimento renovado dos países
Os países precisam honrar seus compromissos com a Agenda de Imunização 2030 estabelecida internacionalmente. Esse documento define metas ambiciosas para garantir que ninguém fique sem proteção contra doenças evitáveis. Contudo, alcançar esses objetivos exige recursos financeiros adequados, vontade política e engajamento comunitário consistente. Infelizmente, a imunização global sob risco indica que muitas nações estão se afastando dessas metas acordadas.
Unicef, OMS e Gavi fazem apelo urgente a pais, público e políticos para fortalecer apoio à imunização. As agências destacam que a vacinação proporciona base para prosperidade futura e segurança em saúde pública. Catherine Russell ressaltou que milhões de crianças, adolescentes e adultos encontram-se em risco atualmente. Consequentemente, a mobilização social torna-se fundamental para reverter a tendência negativa atual nos programas de vacinação.
Avanços pontuais oferecem esperança para futuro
Apesar dos desafios, alguns avanços foram registrados em áreas específicas da imunização recentemente. Na África, que possui maior carga de câncer cervical mundialmente, a cobertura da vacina contra HPV cresceu. A taxa quase dobrou entre 2020 e 2023, passando de 21% para 40% de cobertura regional. Além disso, introdução de vacinas pneumocócicas conjugadas aumentou, especialmente em países de baixa renda africanos.
Uma nova vacina que protege contra cinco cepas de meningite oferece esperança para proteção mais ampla. Essas conquistas demonstram que, quando há recursos e comprometimento, o progresso continua possível na saúde pública. Todavia, a imunização global sob risco pode reverter rapidamente esses ganhos se medidas urgentes não forem tomadas. Portanto, a comunidade internacional precisa agir decisivamente para garantir sustentabilidade dos programas de vacinação em escala global.
A Semana Mundial de Imunização, realizada entre 24 e 30 de abril, destaca importância da vacinação. O evento promovido pela OMS busca conscientizar populações e governos sobre valor das vacinas para sociedade. Reverter a situação atual exige esforço coordenado entre governos, organizações internacionais e sociedade civil. Assim, é possível proteger as conquistas das últimas décadas e garantir futuro mais saudável para próximas gerações.