A cúpula nacional do União Brasil se reúne nesta segunda-feira (8) para selar, de forma definitiva, a expulsão do ministro do Turismo, Celso Sabino. A decisão da Executiva Nacional é o capítulo final de uma crise que se arrasta há meses, motivada pela recusa do parlamentar licenciado em entregar o cargo no governo Lula. Segundo lideranças da sigla, a permanência de Sabino na Esplanada dos Ministérios, à revelia da orientação partidária, configurou um quadro irreversível de insubordinação política.
O processo disciplinar já havia recebido parecer favorável do Conselho de Ética do partido no final de novembro, pavimentando o caminho para a votação de hoje. Para que a exclusão dos quadros da legenda seja oficializada, é necessário o apoio de três quintos dos membros da Executiva, número que os dirigentes garantem já ter sido alcançado. O ministro, que também perdeu o comando do diretório estadual no Pará, não deve comparecer ao encontro, sinalizando resignação com o desfecho.
Rompimento com o governo
A tensão entre Sabino e a direção do União Brasil escalou após o partido declarar “independência” e sinalizar oposição ao Palácio do Planalto visando as eleições de 2026. O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, pré-candidato à presidência e um dos principais algozes do ministro, defendeu publicamente que não faria sentido a legenda manter um pé no governo petista enquanto constrói um projeto antagônico. Sabino, por sua vez, dobrou a aposta na aliança com Lula, chegando a declarar apoio à reeleição do presidente, o que foi considerado a gota d’água.
Nesse cenário, a “infidelidade” atribuída a Sabino não se refere apenas a votos no Congresso, mas à postura política de alinhamento total ao Executivo federal. O ministro argumenta que sua permanência é estratégica para o sucesso da COP30, que ocorrerá em Belém, sua base eleitoral. No entanto, para a cúpula partidária, presidida por Antonio Rueda, a disciplina interna e a coerência ideológica pesaram mais do que o pragmatismo administrativo.
Destino político incerto
Com a expulsão, Celso Sabino já articula seu futuro político para garantir a sobrevivência nas urnas em 2026. Nos bastidores, a informação é de que o ministro deve migrar para uma legenda da base governista, com o MDB despontando como o destino mais provável. Essa mudança permitiria a ele disputar uma vaga ao Senado pelo Pará com o apoio da máquina federal e do governador Helder Barbalho, mantendo-se fiel ao grupo político que hoje prioriza.
Além disso, a saída forçada do União Brasil livra Sabino do risco de perder o mandato de deputado federal por infidelidade partidária, uma vez que a expulsão é considerada uma “justa causa” para a desfiliação. Dessa forma, ele preserva seus direitos políticos e ganha liberdade para negociar sua nova casa sem as amarras de um partido que se move cada vez mais para a direita. A estratégia é sair como “vítima” de uma perseguição interna para capitalizar apoio em seu estado.
Impacto na Esplanada
A saída de Sabino do União Brasil não deve abalar sua posição no Ministério do Turismo a curto prazo. O presidente Lula já indicou que a escolha de seus ministros é uma prerrogativa pessoal e que Sabino, agora na “cota pessoal” do presidente, tem entregado resultados satisfatórios. Contudo, politicamente, o governo perde um elo formal com a terceira maior bancada da Câmara, o que pode exigir novas negociações no varejo para garantir votos em pautas econômicas.
Por conseguinte, o episódio marca o fim da tentativa do governo de manter o União Brasil em sua base de apoio oficial. A partir de agora, a relação será estritamente pragmática, tratando o partido como um adversário em potencial para 2026. O “divórcio” litigioso entre a sigla e seu ministro expõe a dificuldade do Planalto em manter uma coalizão ampla com partidos de centro-direita que abrigam alas bolsonaristas.
Bastidores da decisão
A reunião desta tarde em Brasília foi rápida, serviu apenas para ratificar o que já foi costurado nos últimos dias. O clima entre os membros da Executiva é de “página virada”, com foco total na estruturação dos palanques estaduais para o próximo ciclo eleitoral. A expulsão de Sabino serve como um recado claro para outros parlamentares da legenda: a dualidade de servir a dois senhores não será mais tolerada.
Finalmente, resta saber como o mercado e o setor de turismo reagirão à turbulência política envolvendo o titular da pasta. Embora a gestão técnica de Sabino seja elogiada por parte do trade turístico, a instabilidade partidária gera ruídos desnecessários. A expectativa é que, resolvido o impasse partidário, o ministro possa focar integralmente
