O plenário da Câmara dos Deputados viveu um dos momentos de maior tensão de sua história recente nesta terça,feira (9). O deputado federal Glauber Braga (PSOL,RJ) foi retirado à força do recinto pela Polícia Legislativa Federal. A ação drástica ocorreu após o parlamentar ocupar fisicamente a cadeira da presidência da Casa. Consequentemente, a sessão que debatia o futuro do seu mandato foi imediatamente suspensa sob gritos e empurrões. O clima de hostilidade dominou o ambiente, refletindo a polarização extrema que paralisa o Congresso Nacional atualmente.
O incidente começou quando Glauber, visivelmente alterado, subiu a rampa da Mesa Diretora correndo. Imediatamente, ele se sentou na cadeira reservada ao presidente da sessão, o deputado Hugo Motta (Republicanos,PB). O ato foi uma tentativa desesperada de impedir a leitura do relatório que pedia sua cassação. Portanto, o gesto simbólico de tomar o controle da mesa visava paralisar os trabalhos legislativos à força. Aos gritos, ele acusava a presidência da Câmara de articular um “golpe político” contra seu mandato.
Hugo Motta, que presidia os trabalhos no momento da invasão, tentou argumentar verbalmente com o colega do PSOL. No entanto, Glauber recusou,se terminantemente a deixar o local, agarrando,se aos braços da cadeira presidencial. Diante da recusa obstinada, a segurança institucional foi acionada para intervir e restabelecer a ordem no plenário. Dessa forma, o que era um debate político transformou,se rapidamente em um confronto físico direto.
Vários deputados da oposição, incluindo membros do PT e do PCdoB, correram para tentar proteger Glauber da abordagem policial. Contudo, o número de agentes de segurança era superior, formando um cordão de isolamento ao redor da Mesa. A confusão generalizada impediu qualquer diálogo racional, transformando o centro do poder legislativo em um cenário de batalha campal. Assim, as câmeras da TV Câmara transmitiram ao vivo as cenas de pugilato e gritaria para todo o país.
Invasão da Mesa Diretora
A ação da Polícia Legislativa foi rápida, mas encontrou forte resistência física por parte do deputado psolista. Os agentes precisaram usar força proporcional para desvencilhar as mãos de Glauber da estrutura da mesa. Além disso, a retirada envolveu arrastar o parlamentar pelos degraus da plataforma principal, gerando imagens impactantes. Durante o trajeto até a saída, Glauber continuava gritando palavras de ordem contra o presidente da Câmara, Arthur Lira.
Paralelamente, aliados de Glauber tentavam bloquear a passagem dos policiais, criando tumulto nos corredores do plenário. Houve troca de empurrões entre seguranças e parlamentares, algo raramente visto com tamanha intensidade no parlamento brasileiro. Por outro lado, deputados do “Centrão” e da oposição de direita aplaudiam a ação da polícia, pedindo a prisão imediata do colega. O ambiente tornou,se insustentável para a continuidade de qualquer votação democrática naquele instante.
A decisão de remover um deputado eleito à força é extrema e rara, reservada apenas para situações de grave quebra da ordem. A direção da Casa justificou a medida afirmando que a obstrução física impedia o funcionamento de um poder da República. Portanto, a integridade dos trabalhos legislativos foi colocada acima da imunidade parlamentar momentânea de Glauber. Entretanto, a defesa do deputado alega que houve excesso de força e abuso de autoridade na abordagem.
Após ser retirado do plenário, Glauber foi conduzido para uma sala reservada da Polícia Legislativa para prestar esclarecimentos. Advogados do PSOL acompanharam todo o procedimento, temendo uma prisão em flagrante por desobediência civil. Todavia, a repercussão política do caso já havia se espalhado pelas redes sociais, dominando a pauta nacional. A imagem do deputado sendo carregado tornou,se o símbolo instantâneo da crise institucional que atravessa Brasília.
Protesto no comando legislativo
A motivação para o ato extremo de Glauber reside no processo de cassação que tramita contra ele no Conselho de Ética. O deputado é acusado de quebra de decoro parlamentar após ter expulsado fisicamente um integrante do MBL da Câmara meses atrás. Segundo o relatório, a conduta foi incompatível com a dignidade do cargo, justificando a perda do mandato. Glauber, por sua vez, afirma que reagiu a provocações e assédio moral sistemático de grupos de extrema,direita.
Ele argumenta que o processo de cassação foi acelerado artificialmente por Arthur Lira para silenciar uma voz crítica. Glauber é conhecido por seus embates diretos e acusações de corrupção contra a liderança do “Centrão”. Dessa maneira, ele vê a votação de hoje não como um julgamento técnico, mas como uma vingança política pessoal. O ato de ocupar a cadeira seria, na sua visão, a única forma de denunciar essa suposta farsa processual.
Além disso, a defesa de Glauber aponta irregularidades nos prazos e no cerceamento de testemunhas durante a instrução do processo. Eles alegam que o Conselho de Ética agiu com parcialidade, ignorando provas que beneficiavam o deputado fluminense. Portanto, a “desobediência civil” no plenário seria um recurso final diante do esgotamento das vias institucionais de defesa. Essa narrativa é sustentada pela bancada do PSOL, que convocou militância para a frente do Congresso.
Entretanto, a maioria dos parlamentares rejeita essa tese de perseguição, afirmando que as regras valem para todos. Para eles, a agressão física cometida por Glauber contra o militante do MBL foi gravada e é inegável. Assim, a tentativa de impedir a votação à força apenas confirmaria o temperamento explosivo e inadequado do deputado. A ocupação da mesa serviu, paradoxalmente, como mais um argumento para aqueles que desejam sua expulsão definitiva.
Resistência na cadeira principal
As consequências deste episódio para o futuro político de Glauber Braga são devastadoras e praticamente irreversíveis. Ao desafiar fisicamente a autoridade da presidência da Câmara, ele forneceu munição extra para seus algozes. O Conselho de Ética poderá abrir, inclusive, um novo processo disciplinar baseado especificamente na invasão desta terça,feira. Logo, a situação jurídica do parlamentar, que já era delicada, tornou,se crítica nas últimas horas.
O presidente da Câmara, Arthur Lira, deve se pronunciar ainda hoje sobre as medidas punitivas adicionais que serão tomadas. Especula,se nos bastidores que a Mesa Diretora pode determinar a suspensão cautelar imediata de suas prerrogativas. Além disso, o Ministério Público Federal pode ser acionado para investigar crimes de dano ao patrimônio público e obstrução de justiça. Dessa forma, a batalha de Glauber deixa de ser apenas política e passa a ter contornos criminais.
Por outro lado, a esquerda promete obstruir todas as votações da semana em solidariedade ao deputado retirado. A líder da bancada do PSOL afirmou que não haverá normalidade institucional enquanto a “perseguição” continuar. Contudo, com a minoria numérica no plenário, é improvável que consigam barrar o processo de cassação por muito tempo. A tendência é que a votação seja retomada amanhã, com segurança reforçada e clima ainda mais bélico.
Finalmente, este episódio marca um ponto de ruptura na convivência entre as diferentes correntes ideológicas dentro do Congresso. A civilidade, que já era escassa, parece ter desaparecido completamente do convívio parlamentar diário. O eleitor assiste, perplexo, à transformação da casa das leis em um ringue de luta livre televisionado. Portanto, independentemente do destino de Glauber, a imagem institucional da Câmara dos Deputados sai profundamente arranhada deste triste episódio.
A repercussão internacional do caso também preocupa diplomatas e analistas políticos baseados em Brasília. Jornais estrangeiros já noticiam a “briga física” no parlamento brasileiro como sinal de instabilidade democrática. Isso pode afetar a percepção de risco país e afastar investidores que buscam segurança jurídica. Assim, os efeitos da atitude de Glauber transcendem sua própria carreira, impactando a reputação do país lá fora.
Agora, resta aguardar os desdobramentos jurídicos e regimentais que ocorrerão nas próximas 48 horas decisivas. A defesa de Glauber deve impetrar mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal (STF) ainda hoje. O objetivo é anular a sessão sob o argumento de truculência policial e cerceamento de defesa. Todavia, o histórico de intervenções do STF em questões interna corporis do Legislativo é cauteloso, não garantindo vitória automática.
