Painel do CDC vota pelo fim da vacina universal de hepatite B ao nascer

Comitê indica decisão compartilhada para mães negativas, medida reverte diretriz de 1991 e gera alerta de médicos sobre risco de câncer e infecções no fígado.

Frascos de vacina contra Hepatite B e uma seringa descartável sobre uma superfície cinza.
Vacinas contra Hepatite B em destaque; painel do CDC revisa recomendação de dose ao nascer para bebês. (Foto: Imagem Ilustrativa)

Uma decisão histórica e controversa marcou a saúde pública americana nesta sexta,feira, 5 de dezembro de 2025. O Comitê Consultivo sobre Práticas de Imunização (ACIP) do CDC votou, por 8 a 3, para retirar a recomendação de longa data de aplicar a vacina contra hepatite B em todos os bebês logo após o nascimento. A medida reverte uma política de saúde estabelecida em 1991, que foi fundamental para reduzir drasticamente os casos da doença em crianças nas últimas décadas. O painel, composto por novos membros nomeados pela atual administração de saúde, sugeriu que a vacinação universal seja substituída por uma abordagem de “decisão clínica compartilhada” entre pais e médicos.

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Nesse sentido, a nova diretriz especifica que a mudança se aplica apenas a bebês nascidos de mães que testaram negativo para hepatite B. Para esses casos, o comitê recomenda que a primeira dose seja adiada até que a criança complete pelo menos dois meses de idade, caso não seja administrada no hospital. No entanto, a recomendação de vacinação imediata permanece inalterada para recém-nascidos cujas mães testaram positivo para o vírus, mantendo a proteção para o grupo considerado de maior risco direto. A decisão agora segue para a aprovação final do diretor interino do CDC, Jim O’Neill.

Além disso, a justificativa apresentada por alguns membros do painel baseia-se na percepção de que o risco de infecção é baixo para bebês de mães negativas e que a flexibilidade deve ser priorizada. Argumentou,se que os Estados Unidos eram um dos poucos países desenvolvidos a manter a dose universal nas primeiras 24 horas de vida, independentemente do status materno. Contudo, especialistas em doenças infecciosas alertam que o sistema de triagem pré,natal não é infalível e que a dose ao nascer servia como uma rede de segurança crucial para evitar erros médicos ou falsos negativos nos exames maternos.

Imunização infantil neonatal

A mudança proposta gerou uma reação imediata e contundente de organizações médicas respeitadas. A Academia Americana de Pediatria (AAP) e a Associação Americana de Enfermeiros se posicionaram firmemente contra a decisão, enfatizando que a vacina é segura e eficaz. Segundo dados apresentados, o atraso na imunização pode resultar em um aumento de infecções preveníveis, que frequentemente evoluem para doenças crônicas graves, como cirrose e câncer de fígado na vida adulta. A estratégia anterior de vacinação universal foi responsável por uma queda de 99% nas infecções infantis desde sua implementação.

Por conseguinte, a introdução do conceito de “decisão clínica compartilhada” para uma vacina de rotina preocupa os profissionais de saúde. Críticos apontam que esse termo, geralmente reservado para vacinas não rotineiras, pode criar confusão entre os pais e barreiras de acesso. Há o receio de que hospitais deixem de estocar o imunizante em quantidades suficientes ou que seguradoras de saúde criem obstáculos para a cobertura da dose ao nascer, caso ela deixe de ser o padrão oficial. A complexidade logística de discutir a vacinação momento após o parto pode levar muitas famílias a optarem, por falta de informação clara, por não vacinar seus filhos.

Entretanto, o contexto político da decisão não pode ser ignorado. O painel do ACIP foi recomposto recentemente pelo Secretário de Saúde Robert F. Kennedy Jr., conhecido por suas posições céticas em relação a vacinas. Essa reestruturação do comitê sinaliza uma mudança filosófica na gestão da saúde pública americana, priorizando a escolha individual em detrimento de mandatos de saúde coletiva, mesmo diante de evidências científicas consolidadas sobre a segurança dos imunizantes.

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Proteção viral recém-nascidos

A hepatite B é uma doença viral que ataca o fígado e pode ser fatal. Para recém-nascidos, o vírus é particularmente perigoso: se uma criança contrai a doença no primeiro ano de vida, ela tem 90% de chance de desenvolver uma infecção crônica. Diferente dos adultos, que frequentemente combatem o vírus sem sequelas, os bebês têm sistemas imunológicos imaturos que não conseguem eliminar a infecção, tornando a proteção precoce vital. A dose ao nascer é considerada pelos epidemiologistas como a primeira linha de defesa contra a transmissão horizontal, que pode ocorrer pelo contato com fluidos corporais de familiares ou cuidadores infectados que desconhecem sua condição.

Ademais, durante a reunião do comitê, foi levantada a questão da testagem de anticorpos após a vacinação. O painel recomendou, em uma votação separada, que os pais consultem seus médicos sobre a realização de exames de sangue para verificar a imunidade da criança após a série inicial de vacinas. Especialistas criticaram essa medida como desnecessária e sem embasamento científico robusto, visto que a eficácia da vacina já é amplamente comprovada e a testagem em massa não é prática padrão nem recomendada por órgãos internacionais.

Consequentemente, a decisão coloca os Estados Unidos em uma rota de colisão com as diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS), que preconiza a vacinação nas primeiras 24 horas de vida como meta global para a erradicação da hepatite viral. A medida americana pode influenciar negativamente programas de imunização em outros países, alimentando movimentos antivacina e reduzindo a confiança nas instituições de saúde pública.

Dose inicial pediátrica

A repercussão no mercado de saúde e entre os pais promete ser intensa nos próximos dias. Embora a decisão do painel precise ser ratificada pelo diretor do CDC, a simples votação já envia uma mensagem poderosa. Médicos temem que a “opcionalidade” da vacina leve a surtos localizados da doença, revertendo décadas de progresso sanitário. A discussão sobre “fazer o mal” ao retirar uma proteção estabelecida foi um dos pontos altos do debate entre os membros do comitê, com votos dissidentes alertando para as consequências éticas da medida.

Outrossim, a segurança das vacinas foi reafirmada por diversos estudos citados durante a reunião, que não encontraram evidências de danos causados pela dose ao nascer. Os argumentos contrários focaram,se principalmente na percepção de baixo risco e na autonomia parental, e não em dados novos sobre efeitos adversos. Isso sugere que a mudança é motivada mais por ideologia política e social do que por novas descobertas científicas sobre o vírus ou a vacina.

Dessa forma, a orientação para os pais continua sendo a busca por informação qualificada. A maioria das sociedades médicas mantém a recomendação de vacinar ao nascer, independentemente da nova postura do painel consultivo federal. A divergência entre o conselho federal e a prática médica estabelecida cria um ambiente de incerteza, onde o pediatra de confiança se torna a figura central para orientar as famílias sobre os riscos reais de adiar a imunização.

Protocolo vacinal nascimento

Por fim, a implementação prática dessa nova diretriz trará desafios logísticos para as maternidades. Protocolos hospitalares que automatizavam a oferta da vacina precisarão ser revistos para incluir etapas de consulta e consentimento detalhado, o que pode sobrecarregar as equipes de enfermagem e neonatologia. A garantia de que a criança retornará aos dois meses para iniciar o esquema vacinal também é uma preocupação, já que a perda de seguimento (follow,up) é comum em sistemas de saúde fragmentados.

Em suma, a votação do painel do CDC representa uma quebra de paradigma na vacinação infantil. Ao retirar a recomendação universal, os Estados Unidos assumem um risco calculado que coloca a responsabilidade da proteção individual sobre as famílias, em vez de manter uma barreira coletiva estatal. Resta saber se os números de casos de hepatite B confirmarão os temores dos especialistas ou se a vigilância baseada em risco será suficiente para manter a doença sob controle.

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