O Sistema Único de Saúde iniciará em dezembro a aplicação da vacina contra o vírus sincicial respiratório em gestantes a partir da 28ª semana de gravidez. O Ministério da Saúde confirmou a compra de 1,8 milhão de doses do imunizante na terça-feira (25). A distribuição do primeiro lote, contendo 673 mil doses, já começou a ser enviada aos estados brasileiros nesta semana.
A vacinação acontecerá nas unidades básicas de saúde assim que as doses chegarem aos municípios. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, destacou que o investimento total alcança R$ 1,17 bilhão. A meta estabelecida pelo governo federal é vacinar 80% do público-alvo até o fim do período de distribuição inicial.
Imunizante contra bronquiolite disponível pelo SUS
O vírus sincicial respiratório representa a principal causa de complicações respiratórias graves em bebês durante os primeiros meses de vida. Dados oficiais indicam que o VSR responde por 75% dos casos de bronquiolite registrados anualmente no país. Além disso, o vírus causa 40% das pneumonias diagnosticadas em crianças menores de dois anos.
Entre janeiro e 15 de novembro de 2025, o Brasil contabilizou 43,1 mil casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave causados pelo VSR. Deste total, mais de 35,5 mil hospitalizações ocorreram em crianças com menos de dois anos. Esse número representa 82,5% de todas as internações relacionadas ao vírus no período analisado.
A imunização materna durante a gestação permite que os anticorpos sejam transferidos para o bebê através da placenta. Esse mecanismo garante proteção imediata ao recém-nascido nos primeiros 90 dias após o nascimento. Estudos clínicos demonstram que a vacinação das gestantes apresenta eficácia de 81,8% na prevenção de doenças respiratórias graves causadas pelo VSR.
Dose gratuita protege mães e bebês
A vacina incorporada ao Calendário Nacional de Vacinação da Gestante será oferecida gratuitamente pelo SUS. Na rede particular, o mesmo imunizante pode custar até R$ 1,5 mil por dose. A recomendação técnica estabelece aplicação única a partir da 28ª semana de gestação, sem restrição de idade materna.
O Ministério da Saúde orienta que a vacina seja administrada a cada nova gestação. Não há limite de idade para as mulheres que receberão o imunizante. A pasta também reforça que a vacina contra o VSR pode ser aplicada simultaneamente com outros imunizantes, incluindo as vacinas contra covid-19 e influenza.
Os efeitos colaterais mais comuns incluem dor e vermelhidão no local da aplicação, sintomas semelhantes aos de outras vacinas. Por se tratar de uma vacina inativada, o imunizante não oferece riscos à gestante, ao feto ou ao bebê após o nascimento.
SUS oferece proteção respiratória infantil
Entre 2018 e 2024, o sistema de saúde brasileiro registrou 83.740 internações de bebês prematuros causadas por complicações relacionadas ao vírus sincicial respiratório. As principais ocorrências envolveram bronquite, bronquiolite e pneumonia. Os prematuros apresentam taxa de mortalidade sete vezes maior em comparação com crianças nascidas no tempo adequado.
A expectativa do Ministério da Saúde é prevenir aproximadamente 28 mil internações anuais com a implementação da vacinação em gestantes. O programa beneficiará cerca de 2 milhões de bebês nascidos vivos por ano no território nacional. A proteção imediata aos recém-nascidos reduzirá significativamente as hospitalizações durante o período de maior vulnerabilidade.
O tratamento da bronquiolite limita-se ao manejo dos sintomas, pois não existe terapia específica contra infecções virais. As medidas incluem suplementação de oxigênio conforme necessário, hidratação adequada e uso de broncodilatadores quando há chiados evidentes. A prevenção através da vacinação materna representa a estratégia mais eficaz disponível atualmente.
Distribuição do imunizante começa esta semana
A disponibilização da vacina no SUS tornou-se possível através de um acordo envolvendo o Instituto Butantan e a farmacêutica Pfizer. O contrato estabelece transferência de tecnologia para produção nacional do imunizante. Até 2027, o governo brasileiro adquirirá mais 4,2 milhões de doses, garantindo autonomia na oferta da proteção.
A parceria firmada em setembro de 2025 assegura que o Brasil passará a fabricar o produto integralmente em território nacional. Essa nacionalização elimina a dependência de importações e garante acesso contínuo da população à imunização. O Instituto Butantan será responsável pela produção em escala das doses necessárias para atender a demanda nacional.
No período de março a julho, ocorre a maior concentração de infecções por VSR na maioria das regiões brasileiras. A região Norte registra circulação mais intensa do vírus entre fevereiro e junho. A vacinação programada para dezembro permite que as gestantes estejam protegidas antes do pico sazonal da doença.
Os principais sintomas da bronquiolite incluem tosse persistente e dificuldade para respirar. A doença apresenta alta capacidade de contágio entre crianças pequenas. Embora a maioria dos casos seja leve, complicações podem exigir internação hospitalar e suporte respiratório em situações mais graves.
As equipes das unidades básicas de saúde receberão orientação para atualizar a situação vacinal completa das gestantes durante o atendimento. Além da vacina contra o VSR, os profissionais verificarão a necessidade de imunização contra covid-19 e influenza. A estratégia integrada busca maximizar a proteção das gestantes e dos recém-nascidos.
A incorporação do imunizante representa avanço significativo na política nacional de imunizações. O Ministério da Saúde registrou em 2025 aumento na cobertura de 15 das 16 vacinas do Calendário Nacional. Esse resultado reflete a retomada do Programa Nacional de Imunizações e as mobilizações realizadas em escolas e comunidades.
Anteriormente, o SUS disponibilizava apenas o palivizumabe para proteção contra o VSR. Esse medicamento destinava-se exclusivamente a bebês prematuros extremos, com até 28 semanas de gestação, e crianças com até 2 anos apresentando doença pulmonar crônica ou cardiopatia congênita grave. A nova vacina amplia substancialmente o alcance da proteção oferecida.
A expectativa é que a incorporação do nirsevimabe, anticorpo monoclonal também aprovado recentemente, amplie a proteção para 300 mil crianças adicionais. Enquanto a vacina para gestantes beneficia os nascidos vivos, o anticorpo protege bebês prematuros e crianças com comorbidades. As duas tecnologias atuam de forma complementar no combate ao vírus.
O Brasil recebeu em 2024 a certificação de país livre do sarampo, reconhecimento mantido pela Organização Mundial da Saúde. Os esforços do Ministério da Saúde incluíram grandes mobilizações nacionais, como o Dia D de vacinação. Mais de 1,2 milhão de doses foram aplicadas em estudantes e outras 7 milhões durante a campanha de multivacinação.