EUA libera envio de chips Nvidia H200 à China com taxa de 25%

Decisão do Departamento de Comércio permite venda controlada de processadores de IA, mas mantém veto à linha Blackwell, gerando alta nas ações da empresa e cautela no mercado asiático.

Processador central cercado por módulos de memória em placa de circuito com trilhas iluminadas em azul neon, ilustrando hardware de alta performance.
A escassez global de chips de memória de alta largura de banda (HBM) tornou-se o novo gargalo para o desenvolvimento de IA e eletrônicos em 2025.

O Departamento de Comércio dos Estados Unidos, sob a diretriz da administração Trump, anunciou oficialmente nesta segunda-feira (8) a autorização para a retomada da exportação de chips Nvidia China. A medida permite que a gigante de tecnologia envie seus processadores H200 para clientes comerciais aprovados no país asiático. No entanto, essa liberação não é irrestrita, pois impõe uma tarifa de 25% sobre as vendas, valor que será revertido diretamente aos cofres americanos. A decisão marca uma mudança significativa na guerra tecnológica entre as duas superpotências, revertendo bloqueios anteriores que visavam sufocar o desenvolvimento de inteligência artificial por parte de Pequim.

Imediatamente após o anúncio, o mercado financeiro reagiu com otimismo. As ações da Nvidia registraram alta nas negociações, refletindo a expectativa de recuperação de uma fatia multibilionária de receita que havia sido comprometida pelas sanções da administração anterior. Para os investidores, a notícia sinaliza um pragmatismo comercial que prioriza a manutenção da liderança americana no setor de hardware, ao mesmo tempo em que tenta monetizar a demanda inevitável da China por poder computacional de ponta.

Impacto na comercialização de processadores

A comercialização de processadores H200 representa um meio-termo estratégico calculado por Washington. Embora o H200 seja um componente extremamente poderoso — oferecendo até quase o dobro de capacidade de memória e largura de banda em comparação com seu antecessor H100 —, ele não é o topo de linha absoluto da empresa. A linha Blackwell, considerada a joia da coroa da Nvidia e que oferece saltos de desempenho ainda maiores, permanece sob estrito embargo. Dessa forma, os EUA tentam equilibrar a balança: vendem tecnologia de ponta, mas retêm a tecnologia de “próxima geração” para garantir a superioridade militar e industrial doméstica.

Analistas de mercado apontam que essa estratégia visa evitar que a China desenvolva alternativas domésticas viáveis a curto prazo. Ao inundar o mercado chinês com o H200, os Estados Unidos podem desincentivar o investimento maciço em chips locais da Huawei e outras fabricantes, mantendo a dependência tecnológica chinesa em relação ao Vale do Silício. Contudo, essa manobra possui riscos, já que o acesso ao H200 ainda permite avanços significativos em treinamento de modelos de linguagem (LLMs) e aplicações militares.

Condições para o envio de hardware de IA

O novo protocolo para o envio de hardware de IA estabelece um rigoroso processo de verificação. Não basta pagar a tarifa de 25%; cada cliente chinês precisará passar por um crivo de segurança nacional conduzido pelo Departamento de Comércio. O objetivo é garantir que esses componentes não sejam desviados diretamente para uso militar ou para entidades que constem na lista negra de exportações. A Nvidia, em comunicado oficial, celebrou a decisão, afirmando que a medida permite à indústria de chips americana competir globalmente enquanto apoia empregos de alta remuneração nos EUA.

Além disso, a taxa de 25% funciona como um mecanismo de proteção econômica. O governo americano argumenta que, se a China deseja utilizar a infraestrutura intelectual desenvolvida nos Estados Unidos, deve pagar um prêmio por isso. Esse capital adicional pode ser reinvestido em pesquisa e desenvolvimento (P&D) dentro do próprio território americano, fortalecendo o ciclo de inovação. A complexidade logística também aumenta, pois os chips, fabricados majoritariamente em Taiwan, deverão passar por inspeções físicas ou digitais rigorosas antes de chegarem ao destino final na Ásia.

Reação de Pequim à distribuição de componentes

Do outro lado do Pacífico, a distribuição de componentes americanos é vista com desconfiança e pragmatismo. Embora o acesso ao H200 seja tecnicamente benéfico para as empresas de tecnologia chinesas como ByteDance, Tencent e Alibaba, o governo de Xi Jinping já estuda contrapartidas. Relatórios indicam que Pequim pode impor limites internos à compra desses chips, continuando sua política de “autossuficiência tecnológica”. A China teme que uma nova dependência da Nvidia possa ser usada como arma de barganha em futuras negociações comerciais ou crises diplomáticas.

Portanto, a situação cria um paradoxo: as empresas chinesas desejam o desempenho superior do hardware americano para não ficarem para trás na corrida da IA generativa, mas o Estado chinês prefere fomentar um ecossistema local, mesmo que tecnologicamente inferior no momento. Especialistas sugerem que a China pode aceitar os lotes de H200 no curto prazo para manter a competitividade de suas indústrias, enquanto acelera secretamente o desenvolvimento de seus próprios chips Ascend e Kunpeng para romper definitivamente os laços com o hardware ocidental na próxima década.

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