Robôs domésticos chineses alcançam mercado global

Empresas chinesas iniciam entregas em larga escala de robôs humanoides com capacidade para trabalhar 24 horas. Tecnologia promete revolucionar tarefas industriais e domésticas nos próximos anos.

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Robôs humanoides Walker S2 da UBTECH Robotics enfileirados em formação durante produção em massa na China
Robôs humanoides Walker S2 da UBTECH durante primeira entrega em massa para indústrias chinesas. Modelo opera 24 horas e realiza troca autônoma de baterias em ambientes industriais.

A indústria chinesa de robótica alcançou um marco significativo em novembro de 2025. A fabricante UBTECH Robotics iniciou entregas em massa do modelo Walker S2, seu robô humanoide industrial. Além disso, gigantes automotivas como BYD, FAW-Volkswagen e Foxconn receberam as primeiras unidades. Consequentemente, esse movimento marca uma transição da fase experimental para a comercialização real.

Segundo dados divulgados pela empresa, os pedidos acumulados ultrapassaram 800 milhões de yuans, equivalente a 112 milhões de dólares. Ademais, o segundo maior pedido individual atingiu 159 milhões de yuans de uma empresa em Zigong. Portanto, esses números demonstram a confiança do mercado na tecnologia. Entretanto, especialistas apontam que desafios técnicos ainda persistem para aplicações domésticas.

Tecnologia permite operação ininterrupta

O Walker S2 apresenta características técnicas avançadas para ambientes industriais. Primeiramente, o robô opera durante 24 horas consecutivas sem intervenção humana. Ainda mais impressionante, realiza troca autônoma de baterias quando necessário. Portanto, essa autonomia representa vantagem competitiva significativa sobre modelos anteriores.

A UBTECH integrou inteligência artificial embarcada no modelo, permitindo movimentos precisos. Similarmente, o sistema reconhece objetos e ajusta a força aplicada conforme necessário. Além disso, sensores táteis garantem manipulação segura de componentes delicados. Contudo, críticos questionam se a tecnologia atual suporta ambientes domésticos complexos.

O vice-presidente da empresa, Jiao Jichao, traçou um cronograma para diferentes aplicações. Inicialmente, robôs ganharão força em setores industriais nos próximos meses. Posteriormente, tarefas operacionais complexas surgirão em dois ou três anos. Enquanto isso, funções envolvendo interação humana aparecerão entre três e cinco anos. Finalmente, entrada em residências está prevista para oito a dez anos.

Mercado chinês domina produção mundial

Dados da Leaderobot e outras instituições indicam tendência de domínio chinês. A China produzirá mais de 10 mil unidades de robôs humanoides em 2025. Assim, o país controlará metade da produção global dessa categoria. Ademais, receitas devem atingir 8,24 bilhões de yuans neste ano.

A indústria robótica chinesa gerou quase 240 bilhões de yuans em receita durante 2024. Além disso, a produção de robôs industriais alcançou 370 mil unidades no primeiro semestre de 2025. Portanto, esse crescimento acelerado reflete investimentos governamentais massivos. Entretanto, dependência de chips estrangeiros representa vulnerabilidade estratégica.

O Instituto Chinês de Eletrônica revelou os dez cenários mais promissores na Conferência Mundial. Entre eles, fabricação automotiva lidera as aplicações industriais. Igualmente, serviços domésticos aparecem como prioridade para desenvolvimento futuro. Ainda assim, inspeção petroquímica e resposta a emergências também receberam destaque.

Centro de treinamento desenvolve habilidades práticas

Pequim inaugurou o maior centro de treinamento para robôs humanoides do mundo. Localizado no distrito de Shijingshan, o espaço coleta mais de 10 mil pontos de dados diariamente. Consequentemente, essas informações treinam modelos de inteligência artificial para aplicações reais.

Instrutores humanos utilizam controladores e equipamentos de realidade virtual para ensinar tarefas. Por exemplo, dobrar toalhas exige registro preciso de cada movimento articular. Similarmente, pegar caixas de remédios demanda controle fino de força. Portanto, esse processo gera dados fundamentais para autonomia dos robôs.

A metodologia permite que máquinas aprendam por imitação em poucas horas. Contudo, supervisão inicial permanece necessária para casos complexos. Além disso, tarefas envolvendo objetos macios ou frágeis ainda desafiam a tecnologia atual. Entretanto, progressos recentes sugerem melhorias rápidas nessa área.

Aplicações se expandem para saúde e educação

Robôs especializados começam a atuar em setores específicos além da indústria. O modelo Dabai, desenvolvido pela Agile Robots, oferece serviços de massagem profissional. Equipado com sensores táteis e algoritmos avançados, identifica meridianos e pontos de acupuntura individuais. Portanto, padroniza tratamentos fisioterapêuticos com precisão superior.

Na Exposição Mundial da Indústria Inteligente em Chongqing, visitantes testaram o braço robótico. Muitos compararam a técnica à de massagistas experientes. Ademais, o sistema ajusta automaticamente pressão e movimentos conforme necessidade. Entretanto, custos ainda impedem popularização em consultórios menores.

Robôs de companhia também ganham espaço entre famílias chinesas. Modelos semelhantes a gatinhos funcionam como assistentes de aprendizagem para crianças. Além disso, conversam e exibem variedade de expressões faciais. Portanto, esses produtos representam primeiros passos rumo ao mercado consumidor residencial.

Desafios tecnológicos persistem em software

Pesquisadores apontam lacunas significativas no desenvolvimento de softwares de controle. Jiayi Wang, do Instituto de Inteligência Artificial Geral de Pequim, observa foco excessivo em hardware. Comparativamente, competidores internacionais investem mais em confiabilidade de sistemas operacionais. Portanto, essa disparidade pode limitar expansão futura.

O CEO da Unitree, Wang Xingxing, reconhece que hardware atual mostra-se suficiente. Contudo, recursos de inteligência artificial permanecem muito aquém das necessidades industriais. Assim, desenvolvimento de modelos de inteligência incorporada representa tarefa crítica. Entretanto, avanços recentes em sistemas de “cérebro-olho-ação” mostram-se promissores.

Ni Guangnan, acadêmico da Academia Chinesa de Engenharia, enfatiza importância da coordenação. Robôs precisam ver, entender e agir no mundo real simultaneamente. Portanto, integração perfeita entre percepção e execução define sucesso das aplicações. Além disso, aprendizado contínuo a partir de experiências reais acelera melhorias.

Investimentos governamentais impulsionam setor

Políticas públicas chinesas destinam recursos substanciais à robótica. Subsídios governamentais ultrapassaram 20 bilhões de dólares no último ano. Ademais, planos preveem fundo de 1 trilhão de yuans para startups de inteligência artificial. Portanto, esse apoio institucional explica crescimento acelerado do setor.

O plano Robotics+ estabelece meta de dobrar densidade de robôs industriais até 2025. Governos provinciais oferecem subsídios que cobrem até 30% dos custos de projetos. Igualmente, centros de inovação recebem financiamento para desenvolver tecnologias-chave. Contudo, dependência de componentes importados preocupa planejadores estratégicos.

Beijing lançou o Plano de Ação para Inovação Científica em fevereiro de 2025. A capital pretende superar cem tecnologias-chave de inteligência incorporada. Além disso, espera lançar dez produtos com liderança internacional até 2027. Portanto, ambição chinesa de domínio tecnológico mostra-se evidente nessas metas.

Projeções indicam crescimento exponencial

Analistas do Morgan Stanley projetam expansão acelerada do mercado chinês de robótica. O valor deve saltar de 47 bilhões de dólares em 2024 para 108 bilhões até 2028. Ademais, robôs de serviço apresentarão taxa de crescimento anual de 25%. Portanto, oportunidades comerciais atraem investidores globais.

O mercado de inteligência incorporada alcançará 5,3 bilhões de yuans em 2025. Posteriormente, projeções apontam para 103,8 bilhões de yuans em 2030. Consequentemente, esse segmento capturará quase metade do mercado global. Entretanto, especialistas alertam para riscos de bolhas especulativas.

Aproximadamente 60 fabricantes de robôs humanoides operam na China atualmente. Comparativamente, Estados Unidos concentram cerca de 30 empresas do setor. Portanto, superioridade numérica chinesa reflete estratégia industrial coordenada. Além disso, integração com setor de veículos elétricos acelera desenvolvimento tecnológico.

Disputa geopolítica intensifica competição

Estados Unidos e China aceleram corrida por liderança em robótica humanoide. A Figure AI captou 1 bilhão de dólares em setembro de 2025, atingindo avaliação de 39 bilhões. Investidores como Nvidia, OpenAI e Jeff Bezos apoiam projetos americanos. Portanto, rivalidade tecnológica reflete tensões geopolíticas mais amplas.

A Tesla apresentou protótipos do Optimus capazes de dobrar roupas e carregar cargas. Elon Musk prevê 5 mil unidades prontas até dezembro de 2025. Além disso, empresa integra inteligência artificial compartilhada com veículos autônomos. Contudo, China mantém vantagem em volume de produção e custos.

A Unitree lançou versões mais acessíveis como o modelo G1 por 16 mil dólares. Igualmente, empresas chinesas lideram exportações globais desse segmento. Portanto, estratégia de preços competitivos favorece penetração em mercados emergentes. Entretanto, barreiras regulatórias nos países ocidentais podem limitar expansão.

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